segunda-feira, 2 de maio de 2011

HOMENAGEM

Aqui no nosso bairro, muitos são os moradores oriundos de Ponta de Pedras. Por ocasião de seu aniversário de emancipação (133 anos), publicamos essa nota do amigo José Varella.
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Hoje é 30 de Abril de 2011; 133º aniversário de Ponta de Pedras (de ITAGUARI "ita" (pedra) + "guari" (ponta de rio) do nheengatu (língua boa, esperanto inventado pelos padres da Companhia de Jesus misturando a Babel linguística das 1001 linguas dos "índios" ocidentais sobre matriz tupi-guarani do "bon sauvage" Tupinambá).

Pena que 99% dos cabocos marajoaras (metade da população, analfabeta de pai e mãe há gerações) nem "pesque" disto que se está falando aqui... Culpa de quem? Da Criaturada grande é que não é.

133 anos de emancipação municipal, 30/04/1878: a contar da instalação da Câmara de Vereadores da Vila de Ponta de Pedras, separada da Vila de Cachoeira por decreto provincial de 1877, durante o governo de José Coelho da Gama e Abreu, Barão de Marajó e autor do clásssico "As regiões Amazônicas: Estudos chorographicos dos Estados do Gram Pará e Amazonas".

O Barão de Marajó foi quem determinou a escavação do canal de ligação do Marajó-Açu ao Arari, no trecho do Ourém, que hoje se chama "rio do Canal"... Trabalho rude a braços de escravo cujos remanescentes tiveram em pagamento por serviços prestados ao governo as terras da Enseadinha, Ourém nas margens do dito canal: ali o sítio Terras Caidas, segundo lembrança dos mais antigos moradores, guarda memória do acidente de desbarrancamento onde alguns escravos teriam morrido soterrados...

Conforme Alexandre Rodrigues Ferreira, naturalista da Universidade de Coimbra e autor da célebre "Viagem Filosófica" (1783-1792), na separata desta obra monumental, denominada "Notícia Histórica da Ilha Grande de Joanes, ou Marajó" (Lisboa, 1783); PONTA DE PEDRAS foi originada da antiga "Aldeia das Mangabeiras", aldeia missionária fundada pelos padres da Companhia de Jesus com índios levados de Murtigura (Vila do Conde/Barcarena) para desbravar a primeira sesmaria dos Padres (1686) na ilha do Marajó.

Dentre um pacote de mudança de nomes de lugares na quadra do histórico conflito entre a coroa portuguesa e a Companhia de Jesus, destinado a apagar a obra dos jesuítas; a Aldeia das Mangabeiras foi 'elevada' à condição de Lugar de PONTA DE PEDRAS [freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Ponta de Pedras] por ordem do capitão-general, governador do estado do Grão-Pará e Maranhão, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do poderoso primeiro-ministro de D. José I de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal); Primeiro Comissário e Demarcador de fronteiras do Grão-Pará (Amazonia colonial portuguesa).

Tal acontecimento se deu no Diretório do Marquês de Pombal: como se sabe, em pleno conflito com os Jesuítas nos domínios de Portugal, Espanha e França donde preponderou a questão de FRONTEIRAS entre Espanha e Portugal nos termos do Tratado de Limites de Madri (1750), revogando o Tratado de Tordesilhas de 1494.

Os Jesuítas tiveram três fazendas no rio Marajó-Açu Ponta de Pedras: SÃO FRANCISCO (depois, Malato), São Braz e Rosário. Mais tarde, se estenderam para a bacia do Arari chegando a mais de vinte fazendas (entre elas, São José e SANTA CRUZ que veio a se tornar distrito do Lago Arari e, em 1960, município de Santa Cruz do Arari), rivalizando com as sesmarias dos Mercedários e Carmelitas, além de alguns particulares a partir do pioneiro, carpinteiro português FRANCISCO RODRIGUES PEREIRA, que, em 1860, levantou o primeiro curral de gado, no Marajó (rio Mauá, tributário esquerdo do rio Arari, no município de Cachoeira do Arari).

Segundo o historiador jesuíta Serafim Leite, baseado em carta do Padre Antonio Vieira à viuva regente do reino de Portugal, dona Luísa de Gusmão, escrita de Belém a 29 de novembro de 1659; depois de três tentativas militares para submeter a rebeldia dos índios do Marajó (chamados, pejorativamente, NHEENGAÍBAS (falantes da "língua ruim"), uma federação de 7 nações marajoaras, de tronco cultural Aruak, falando línguas diferentes: Mapuás, Aruãs, Anajás, Mamaianás, Pixi-Pixi, GUAIANASES e Cambocas); Marajó foi, finalmente, pacificado em 27 de Agosto de 1659.

O acordo aconteceu com solenidade da primeira missa celebrada no Marajó, na improvisada igreja da floresta do Santo Cristo, no rio dos "Mapuaises" [rio Mapuá / Breves], hoje a Reserva Extrativista do Mapuá, com destaque para o cacique dos Mapuás, chamado Piié; lider nas tratativas de paz entre portugueses, tupinambás e marajoaras tanto em Belém como em Marajó; que NÃO ACEITOU JURAR VASSALAGEM AO REI DE PORTUGAL...

Concluídas as pazes de Mapuá, o Padre Antônio Vieira conseguiu convencer os "nheengaíbas" a atravessar o Parauaú e fundar com eles as aldeias missionárias de Aricará (Melgaço (1757), na reforma Pombalina) e Arucaru (Portel, idem)... Mas, desesperados pelo sucesso da missão pacificadora de Vieira, com base na "liberdade" dos índios conforme a lei de 09/04/1655 que levou à paz de Mapuá; os colonos partiram para a violência contra os padres e os expulsaram do Pará em 1661...

A morte de D. João IV e desgraça de Vieira (acusado de "heresia judaizante" pela inquisição com base na carta de 19 de Abril de 1659, escrita em Camutá-Tapera (Cametá-PA) ao bispo do Japão assumindo a utopia do "Reino de Cristo consumado na Terra" mais conhecida como o "Quinto Império"); o novo rei Afonso VI (depois deposto por incapacidade mental, pelo irmão, D. Pedro I de Portugal) doou ao seu secretário de estado Antônio de Macedo de Sousa a ILHA DOS NHEENGAÍBAS ou dos Aruans, como capitania hereditária e título de "Ilha Grande de Joannes" (1665-1757)...

Com o édito do DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS (1757), sequestro das fazendas das missões e a segunda expulsão do Jesuítas (1759) , novamente aparecem aqueles antigos índios da federação nheengaíba, agora grafado por Alexandre Rodrigues Ferreira como GUAIANAZES... Diz a "Notícia Histórica" que a "Aldeia dos Guaianazes" ficava meia légua (3 km, mais ou menos) da "Aldeia das Mandabeiras", que passou a se chamar LUGAR DE VILAR sob padroado de São Francisco Xavier;

Curioso: com o tempo, os remanescentes dos índios mansos tupis de Barcarena levados para Mangabeira e os descendentes dos tais Guaianazes se tornaram uma só população, que por necessidade de porto para canoas de pesca foram levados para ITAGUARI (dentro do rio Marajó, atual cidade de PONTA DE PEDRAS...

Nos começos do século XX, o intendente Djalma Machado, filho de Cachoeira do Arari, abriu a rodovia da Mangabeira; em seguida o prefeito Fango Fontes da Silva assentou em Mangabeira os primeiros migrantes nordestinos, inaugurando a agricultura familiar do município.

O lugar de Vilar definha, o Igarapé do Vilar (por certo a antiga Aldeia dos Guaianases, que o Padre Vieira contou entre os Nheengaíbas, ficava lá); na mais tris decadência o lugar se chama "Pau Grande", devido a uma árvore enorme de Samuúma, a qual era referência aos navegantes de igarités na travessia da baía do Marajó, como a maior árvore da mata ciliar.

Chegamos a 1967, com a fundação da Pelazia de Ponta de Pedras, o bispo implica com o topônimo dado pelo povo ao velho lugar de Vilar: "Pau Grande" fica revogado pela moral eclesiástica, tal qual o arbítrio dos partidários de Pombal mandaram às favas a memória dos jesuítas e a origem de PONTA DE PEDRAS na aldeia dos "Guaianases" [que modernamente se devia chamar GUAIANÁ]. Foi assim, com a leitura apressada do bispo sobre a história das pazes de Mapuá (Breves), fez patente o dito popular: "atirei no que vi, aceitei no que não vi"... Guaianases/ Vilar/ Pau Grande virou "ANTÕNIO VIEIRA"...

Mas o nome Guaianá o caboco que vos fala, em figura de "secretário municipal de meio ambiente"; apelidou a um projeto de desenvolvimento sustentável local, o famigerado PED (projeto de execução descentralizada, financiamento PPG7)-GUAIANÁ (morto e sepultado por incompetência e processo da Polícia Federal em combate à corrupção dos gestores).No rastro do azar do PED as "tribos" doidas da politicalha ataram fogo à Prefeitura (tombada no patrimônio estadual), prédio histórico do ciclo da Revolução de 1930, construído com esmero pelo mestre português Candido Cerdeira sob a intendência do major Djalma Machado.

Desde 2006, com a demanda popular coordenada pela Diocese de Ponta de Pedras e Prelazia do Marajó (Soure) à Presidência da República, e em resposta o lançamento do PLANO MARAJÓ (2007)/ programa Territórios da Cidadania - Marajó (2008), a fragmentação de outrora começa a ser integrada pelo formação do TERRITÓRIO DO MARAJÓ (consórcio federativo entre os 16 Municípios, Estado do Pará, União e sociedade civil):

Neste processo de integração do Arquipélago do Marajó diversas ações foram anunciadas, e apesar de ir "muito devagar quase parando", como se diz pelos cantos; seria importante destacar algumas ações de impacto territorial em relação à Capital estadual e à fronteira do Oiapoque através de Macapá.

Sem dúvida, a "ilha" do Marajó não tem uma capital mas se houver um dia esta deverá ser a cidade de Breves, que com Portel na margem direita do Rio Pará (chamado Parauaú, simples corruptela do tupi Pará-Uaçu, traduzido ao português como Grão-Pará, o "grande mar" de água doce dos tupinambás conquistadores do famoso "rio das Amazonas").

Entretanto, pela costa norte a ligação de Macapá com a ilha grande do Marajó é Afuá - portão Norte marajoara - e alternativamente Chaves (Gurupá já está no arquipélago na volta para o Xingu e Baixo Amazonas).

Na velha costa-fronteira do Pará (do Itaguari ao Maguari) o trecho mais próximo de Belém é Ponta de Pedras - que deve ser o portão Sul marajoara - , sempre com a travessia Icoaraci-Foz do Camará (Salvaterra) formando anel rodo-hidroviário.

IMPORTANTE refletir sobre isto no aniversário de Ponta de Pedras! Marajó futura reserva da biosfera (MaB/UNESCO) primeiro passo para integração ao corredor da biodiversidade do Amapá e Guianas, "merci" a ponte do Oiapoque.

Adeus contrabando, imigração clandestina e trabalho ilegal. Tomara, "Santa Maria di Guadalupe"!

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