domingo, 20 de agosto de 2023

A LANCHA PARA O MOSQUEIRO


Era o sonho de muitos daqueles que viajaram de navio para o Mosqueiro até os anos 60 do século passado, voltar a fazê-lo. AFINAL, ESSE RIO É NOSSA RUA... pensavamos todos como os Barata autores dessa música.

Quem sabe qual a ilusão que nos levou a fazer fila , esperando passar de carro para a ilha, enquanto construíam a ponte que uniria o continente a nossa ilha querida. As balsas atravessavam uma meia dúzia de carros e nós lá na fila, ao sol, batendo papo e bebendo Guarasuco...  Era esse o momento principal daquela espera...os amigos que encontravas na fila.

Atravessar  em julho naquele navio cheio, ninguem aguentava mais. A “politica desenvolvimentista” dos militares, incentivando a indústria automobilística, parecia que ia resolver os nossos problemas de vários ângulos... Com essa idéia tiraram até a estrada de ferro de Bragança...

Inauguraram a ponte e os ônibus começaram a levar gente para a ilha... Começamos a ver as invasões de terra nos  lados das estradas... antes e depois da entrada na ilha. Construções de todo tipo, na ilha, e farofeiros a beça nos fins de semana. As praias sujas precisavam ser cuidadas, e as ruas também precisavam de aterramento ou de asfalto.

Novos problemas começaram a aparecer. Os moradores da ilha  aumentaram ...e o navio afundou, ficando só o transporte rodoviário. Quem tinha carro começou a frequentar mais a ilha, e novas praias começaram e ser mais conhecidas:  S.Francisco e Marau vieram a tona. Nem todos precisavam mais de casa na ilha, pois começam a aparecer as pousadas, os hotéis eram poucos e caros, mas nasceram alguns outros, também.

Os anos passaram e tudo aumentou no Mosqueiro, inclusive o transito e a poluição sonora e, este ano, decidiram recolocar um meio de transporte que usasse nossos rios. Com vários problemas teve inicio o serviço, caríssimo e irregular, saindo do terminal hidroviário. Aos poucos foram diminuindo o preço da passagem, e melhorado os horários, mas os “clientes” não aumentaram.

Ninguém se perguntou “para quem foi feito esse serviço”... Os técnicos responsáveis disso,  não fizeram um estudo para ver qual a melhor localização do porto, ou, relativamente ao melhor  acesso dos passageiros ao lugar de onde sairia  a lancha... Criar mais uma linha de ônibus para servir os que estavam longe das linhas que passavam na Marechal Hermes, não passou na cabeça de ninguém, visto os problemas mais graves a serem resolvidos com nossos ônibus na cidade.

Na internet nos informavamos dos preços: “...As passagens de ônibus dentro do Terminal Rodoviário de Belém, administradas pela linha COOPETPAN, custam, em julho de 2023, R$ 13. Os ônibus urbanos que fazem o trajeto cobram R$ 6,40, com direito a meia-passagem por R$ 3,20, e todas as gratuidades previstas em lei são asseguradas, Já as passagens de lancha no Terminal Rodoviário de Belém custam R$ 26. A saída é às 8h30, com chegada prevista na Ilha para 9h20, todos os dias.”

 Os moradores de bairros como, por exemplo a Cidade Velha e Jurunas, teriam que pegar dois ônibus para chegarem até o porto da Marechal Hermes. Se não tem direito a gratuidade seriam 3 passagens de ônibus entre ida e volta, mais o preço do bilhete da barca. Esses possíveis clientes decidem, então, de ir até S. Bráz e pegar o ônibus para Mosqueiro lá, que inclusive  facilita até a escolha de qual praia descer...

Desse ponto de vista, é o caso de pensar que o pessoal  que resolveu colocar essa lancha la onde está hoje, conhece tanto de sociologia urbana quanto o Tiririca de física quântica... Ninguem  pode reclamar agora que o barco anda vazio... fizeram algo para “ricos" ou seja, não pensaram em quanta gente que ganha salário mínimo ia deixar de usa-lo vista a dificuldade de acesso (monetário). Era mais facil escolher o onibus que sai de S. Braz,  gastando so uma passagem e sem ter que andar tanto a pé... Todos querem comodidade. Esqueceram que,  quem pode pagar um  Uber, não vai para o Mosqueiro diariamente... ou, será necessário identificar como  mudar os hábitos comportamentais dos paraenses.

Eu gosto de saber que tem essa possibilidade de ir para o Mosqueiro como quando eu era criança... apreciando a nossa natureza, mas vou fazer esse passeio ocasionalmente, e não todo dia como seria necessário para quem deve arcar com as despesas desse serviço. Esse é um problema que, para ser resolvido, deve ser estudado levando em consideração... a quem é dirigido. A população quer ver, também, que o dinheiro foi bem utilizado.  Se é um serviço público, ele não vai dar lucro se a clientela que pode encher a lancha, não tem todas as condições necessários para seu uso. 


sexta-feira, 11 de agosto de 2023

MANUAL: fiscalização da poluição sonora

 UMA BOA NOTICIA... LANÇAMENTO DO NOVO MANUAL para auxiliar o poder público e a iniciativa privada na fiscalização da poluição sonora.

https://gerlink.proacustica.org.br/ev/PQMs3/G7/fd4b/N72GJO2sPHh/BOdj/

O Manual ProAcústica e CETESB ABNT NBR 10151 será lançado, no próximo dia 15 de agosto,

 precedido de evento com convidados de entidades do setor.

ABNT NBR 10151 se tornou um importante instrumento para a exigência e adoção de procedimentos técnicos no combate à poluição sonora nos contextos urbanos. Assim, o objetivo do manual é contribuir de forma efetiva para a correta aplicação da norma, auxiliando o poder público e a iniciativa privada em processos de gestão e fiscalização.

SEGUNDO OS AUTORES: “essa ferramenta significa uma conquista de um importante conteúdo de orientação técnica e um avanço para a atividade de avaliações e perícias específicas de engenharia aos quais se situam os profissionais representados pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – IBAPE”.

Com 132 páginas, o conteúdo aborda temas como instrumentos de medição, conceitos gerais de medição e avaliação, medição e avaliação de ambientes internos e externos, monitoramento de longa duração e relatórios de medição e avaliação.

Rico em ilustrações, infográficos, tabelas, boxes explicativos, fotos e mapas, o manual se apresenta com uma linguagem visual bastante didática, intuitiva e facilitadora da compreensão. Principalmente para os profissionais que pretendem utilizá-lo em tarefas de campo. Os textos mesclam abordagem técnica com a clareza e objetividade nas orientações.

ABNT NBR 10151 Acústica – Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas – Aplicação de uso geral estabelece procedimentos técnicos de medição de níveis de pressão sonora em ambientes externos e internos às edificações e serve de subsídio para a elaboração de estudos e projetos acústicos de empreendimentos, instalações ou eventos; orientação ao planejamento urbano de uso e ocupação do solo para efeito de controle da poluição sonora.



ProAcústica e CETESB lançam manual para auxiliar o poder

 público e a iniciativa privada na fiscalização da poluição sonora

Combater a poluição sonora significa, por meio do cumprimento de normas e leis, promover um 

ambiente mais saudável.

Manual ProAcústica e CETESB Norma ABNT NBR 10151
Guia prático para aplicação da norma, desenvolvido para profissionais e órgãos públicos que atuam na área de acústica ambiental para realização de medições e avaliações de níveis sonoros.

 Acesse o link abaixo e assista a transmissão online, via Canal Youtube

Após o lançamento, o manual estará disponível para download gratuito, via cadastro |

 ACESSE AQUI

Programação

08:30 - 09:30 | Welcome coffee
09:30 - 10:00 | Abertura oficial
10:00 - 10:20 | Breve histórico sobre o manual e principais destaques
10:20 - 10:50 | Formação da mesa com convidados para bate-papo/debate
10:50 - 11:00 | Encerramento

Participação confirmada

Thomaz Miazaki de Toledo | Diretor-presidente CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
Mayla Matsuzaki Fukushima | Diretora de Avaliação de Impacto Ambiental CETESB
Ricardo Rodrigues Fragoso | Diretor-geral ABNT
Eduardo Rottmann | Vice-presidente IBAPE Nacional
Krisdany Vinícius S. M. Cavalcante | Presidente SOBRAC e Gestor ABNT/CB 196 Acústica
Luciano Nakad Marcolino | Presidente Executivo ProAcústica
Lilian Sarrouf | Superintendente Gestora ABNT/CB 002
Jozemar Barreto Oliveira | Gerente do Setor de Apoio em Avaliação de Ruídos e Vibrações CETESB
Juan Frías Pierrard | Coordenador Comitê Acústica Ambiental ProAcústica
Pedro do Espírito Santo Netto | Secretário GT NBR 10151 ProAcústica
Marcos Holtz | Vice-presidente Atividades Técnica ProAcústica


domingo, 6 de agosto de 2023

A AMAZÔNIA É NOSSA...


Sim, nossa e de outros sete países... mas os esforços para que seu desenvolvimento seja sustentável, deve ser do mundo inteiro.



Talvez por ter estudado economia na época da criação da SUDAM, sei do tamanho e da importância da Amazônia, para cada um dos países onde ela se encontra e para o mundo. Tivemos que fazer um levantamento do que tinhamos para transformar na industrialização pretendida pelo novo orgão desenvolvimentista. Muitas das nossas materias primas também tinham nos países vizinhos.

No mapeamento acima muitas pessoas vão descobrir, por exemplo, que as antigas tres Guianas – Francesa, Inglesa e Holandesa- são totalmente amazônicas enquanto nós só temos 49%, do nosso território, pouco mais do que os outros países.



O tempo passou, fui viver fora daqui e lá  fora descobri o que pensavam de nós: uma floresta a ser defendida. Não imaginam, em muitos, que aqui existem cidades com milhões de habitantes.. que temos hospitais, e portanto médicos e universidades... Todos me olhavam com pena quando dizia que nasci e cresci na Amazonia. Esse nome para eles significa. MATO. Me imaginavam dormindo num galho de pau...

Aqui, em vez, quando voltei, encontrei tudo como antes so com o dobro de gente. O computer ja abundava e assim as redes.  Daí  descobri que muitos paraenses se ofendiam porque chamavam a Castanha do Pará de:  Brazil nuts. Cansei de “meter o bico” em discussões acaloradas defendendo e explicando o nome ingles da nossa castanha, sem algum êxito.

Pode ser que agora, vendo  a quantidade de  países que "residem" na Amazônia condividindo seu espaço conosco,  entendam que muitas plantas que temos aqui , eles também tem, assim, além da Castanha do Pará, a borracha, a pupunha...

Na hora de exportar, cada país usa o seu nome...e os paraenses querendo ler no saco que sai da Venezuela ou Colômbia: Castanha do Pará... É muito apego, é muito amor.

Visitando o Perú, encontrei perto de Machu Pichu os nossos tajas:  Rio Branco  e Rio Negro, enormes. Não so levei um susto, como realizei que aquilo também era Amazônia. Enquanto andava com o copo de “cha de coca” na mão, admirava os jardins com aqueles tajás enormes e pensei que so podia ser o frio a torna-los tão grandes, assim.

Depois, em outra cidade, mais perto do oceano, num restaurante, fiz outra descoberta. De repente a banda tocou uma musica “paraense” e todos se levantaram e foram dança-la.  Olhei para o casal que ficou comigo na mesa e disse: que engraçado que voces sabem dançar essa música... e eles sorrindo responderam: esse é um dos nossos ritmos tradicionais.

Tavendo, não só a Castanha do Pará se exporta... ritmos latinos também importamos e até incorporamos  nos nossos usos  e costumes, ignorando sua origem. O Caribe que o diga.

Importante então são os encontros que estão acontecendo estes dias, ondes os países amazônicos se  confrontam e assim se conhecem melhor e melhores opções de desenvolvimento, podem ser visualizadas.

 Este momento Geopolitico é importantissimo, inclusive, para enfrentarmos o imperialismo externo. O bioma que defendemos é o mesmo, assim como as necessidades e os interesses, portanto  os esforços devem ser conjuntos para promover um desenvolvimento equo para todos os países.

 Nós, Amazônidas, devemos aproveitar e segurar com toda força essa possibilidade de afirmar nossa soberania dentro e fora das nossas casas, além de lutar por um desenvolvimento sustentável da Amazônia.


quinta-feira, 3 de agosto de 2023

MULHERES AMAZÔNIDAS...


VAMOS DESCOBRI-LAS.

ACABEI DE CONHECER, virtualmente, Patricia Maria Alves de Melo, através da leitura de algo que escreveu sobre o período de Landi lá para as bandas do Perú... na segunda metade do século XVIII. Mas não fala nele, mas de 2 "fujões" que trabalhavam na comissão espanhola nos anos 80 de 1700.

ESTA SENHORA É AMAZÔNIDA e possui mestrado e doutorado em História (UFF/RJ) e Pós-Doutorado (UNICAMP) e resulta ser  Professor Titular do Departamento de História da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Lendo seu curriculo lates, descobri o quanto conhece os problemas de negros e índios, na Amazonia....além dos problemas relativos ao Uti Possidete na época Pombalina.

Me admirei de descobrir tantas coisas sobre a comissão espanhola, que então, devia encontrar aquela portuguesa, e decidir o tamanho das terras brasileiras a serem divididas esses dois países. Eu imaginei que o encontro dessas duas comissões tivesse acabado na época da morte de Landi no finzinho do século XVIII.  Acabei descobrindo esta frase  sobre outra pessoa que "... del Marañón continuou em Mainas até 1804 quando, finalmente, foi dissolvida pela Coroa espanhola".

Ela é também vice-líder do grupo de pesquisa História Indígena e da Escravidão Africana na Amazônia (HINDIA), pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Política, Instituições e Práticas Sociais - POLIS e membro da Rede de HistoriadorXs NegrXs...

Será que todo esse seu conhecimento sobre nossa história e sobre as populações amazônicas está sendo aproveitado, atualmente?  A juventude teria muito a aprender com ela para poder, depois, ocupar lugares nos órgãos públicos que tratam, hoje,  da nossa realidade e do nosso passado.

Temos tanta gente titulada e conhecedora inclusive da nossa história, que está alijada dos lugares onde se tomam decisões. O saber das pessoas parece não interessar ao poder público. A quantidade de teses de mestrado e doutorado, que jazem em armários sem algum uso, é até uma ofensa para quem tanto pesquisou... Ao indicarem pessoas  a postos de comando, notamos que o saber delas bem pouco interessa, mesmo,  ao poder público,  em sua quase totalidade, pois se resumem a indicações políticas, infelizmente. O conhecimento dos cidadãos raramente é levado em consideração.

Tanta despesa nas universidades para formar quadros competentes ... Será que, além de serem professores, não podiam ajudar a governar melhor nosso país,  evitando a repetição de erros, e colocando em prática todo o seu conhecimento? Quantas outras mulheres, como a Dra. Patricia Alves de Melo, existem no Brasil que usufruíram de bolsas de estudo para crescerem intelectualmente, mas cujos conhecimentos nem sempre são utilizados pela nação.

Será que neste periodo de discussões sobre a Amazônia, quantas  "letradas" ajudarão a reescrever a história do Brasil, aliás, da Amazônia? Mesmo aquelas sem titulos de estudo, tem muito a oferecer... e quantos aproveitam de todo esse capital?