segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

FALANDO DE CONTAMINAÇÃO


               Por acreditar na necessidade da existências de leis numa sociedade, em novembro  de 2006, recolhemos  umas cem assinaturas para fundar uma associação que defendesse os interesses desta área tombada e de seus moradores....no modo previsto nas leis  " com vistas a garantir o exercício de direitos conferidos às pessoas físicas e/ou jurídicas, sociedades de fato, etc."
        
               Este ano a CIVVIVA fez dez anos de lutas, com alguns sucessos e muitas mágoas provocadas pela insensibilidade de pessoas  que  deveriam, ao menos, respeitar o cidadão e defender o  que sobrou  do nosso patrimônio....

               Ultimamente vemos de tudo, menos a defesa da nossa memória histórica, como estabelecem as leis. Sejam os orgãos destinados a isso, que os cidadãos, ou muitos deles, acabaram se contaminando com outras culturas, forçando, desse jeito, o esquecimento da nossa, em vez de defendê-la ou, aproveitando para ganhar dinheiro por aqui.

            Vamos parar para pensar no passado: como eram as nossas casas? quais as cores de seus muros? Tinham janelões de vidro fumê? No nosso carnaval tinha "axé"?    Os  blocos  carnavalescos eram  de mascarados  ou  todos  estavam  fardados  com  abadá, financiados por tantas firmas e até por faculdades? Eram bandinhas ou trios elétricos que acompanhavam esses blocos? estamos na Bahia? A quando o Sertanejo? 

             A Cidade Velha foi tombada por ter ainda muitos vestigios do nosso passado, e para defende-la, é necessário, antes de tudo: CONHECE-LA. Sempre foi um bairro metade comercial, metade habitacional, por isso nos fins de semana o movimento era muito menor. A Siqueira Mendes, primeira rua de Belém, num determinado momento começou a abrigar  oficinas de reparação de barcos e naus, visto que dava para o rio. Suas lojas e oficina se entremeavam com casas de familia, quando elas não  eram em cima das loja. Nunca teve bares, mas portos, sim, até hoje. Enche-la de bares salva a memória de quem? Melhor seria, porque mais util, usar as áreas abandonadas para fazer estacionamentos, assim as calçadas de liós poderiam reaparecer  e o pedestre não ia continuar a ter que andar pelo meio da rua.

              Quem hoje ainda vive no bairro, o faz exatamente por ele ser pacato, mas daí chegaram as carretas para servir os locais noturnos e ajudar a trepidar as paredes daquelas casas antigas do entorno. As vans  também chegaram e o transito ficou mais lento e abusado. Mesmo reclamando para corrigir essa realidade, não se conseguiu nada.

                 A abertura  de locais barulhentos  sem estacionamento para seus clientes, so fizeram aumentar a trepidação e chamar flanelinhas que descobriram a grama da praça do Carmo para estacionar os veiculos dos clientes... e quem se importou? Qual orgão de defesa desse nosso patrimônio chamou atenção de quem permitiu isso, lembrando à necessidade de salvaguardar nossa memória?

                E o barulho? Desde quando 'cultura' é tirar o sossego das pessoas? É se aboletar numa porta e fazer barulho, além de ocupar as calçadas, contrariando o que dizem as leis? (ver art. 63.VII do código de Postura, ou o art. 54 da Lei de Crimes ambientais).

            Hoje, passamos  em frente a casas onde uma fumaça de incenso invade as ruas...  o que significa isso? Qual cultura estamos defendendo? A da India? Desde quando ocultamos maus cheiros desse jeito? Nós, lavamos quando fede...

           Encher os bueiros, é coisa comum em Belém, dai vem gente de fora circular pelas ruinhas da Cidade Velha e as latinhas de cerveja vão parar no chão e, com a chuva, vão direto para os bueiros.... Mas quem limpa? Entupir bueiro é facil, basta ser mal-educado, mas limpar quem ha-de? É desse jeito que querem movimentar o bairro?


                 Ja não basta o lixo abandonado nos cantos das ruas? dai vem um boteco, fecha a rua, põe cadeiras e mesas nas calçadas e na praça, e impede a passagem do carro do lixo... e o lixo fica de quinta a segunda, esperando o lixeiro a causa de quem veio ganhar dinheiro na Cidade Velha....mas respeitar as leis e o patrimônio, nem tchum...


                     Para arrematar tanta distancia da nossa memória, quem casa na igreja da Sé ou do Carmo, solta foguetes que nem na passagem da Nazica, com a permissão dos padres, ajudando assim a piorar a situação dos prédios no entorno... e dos passaros, passarinhos e periquitos que estão nas mangueias.


                  Fomos contaminados com tudo o que não presta, com esta vontade de modificar a Cidade Velha. Mas se gostam tanto dela por que modifica-la? Será que conhecem o art. 216, V, 1 da nossa Constituição  que di\"O Poder Publico. com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimonio cultural brasileiro..." Será que é desse jeito que pensam de aplicar a lei e conservar o que sobrou???

             Na nossa campanha pela SALVAGUARDA DA CIDADE VELHA, feita através de banners colocados nas janelas de casas  e lojas, uma frase  chama atenção: Cidade Velha, mais que um bairro, uma cidade. De fato, salvo raras exceções, resolvemos nossos problemas aqui dentro.  Se não fosse a insegurança, ninguem a trocaria por um apartamento, portanto não estamos falando de gentrificação, porque o que está acontecendo não melhorou em nada a vida dos moradores, mas conseguiu depreciar, e muito, não somente o valor de seus prédios mas as condições de vida de pessoas que optaram por viver aqui.

           Estamos falando de contaminação; de afastamento do que é a "nossa cultura"; de como sempre vivemos;  do que fazem os orgãos que nasceram para defender o que é nosso.  Quem quer que queira fazer "cultura', em boa fé,  tem que, antes de tudo se aculturar, ao menos conhecendo, além da nossa história, as leis, para não vir desrespeita-las, onde se vivia em paz, nem acabar de contaminar nossa memoria.

           A CIVVIVA não nasceu para ser conivente com o que está acontecendo. Cultura e cidadania não se faz ignorando as leis.

                                    2017 vai ser mais um ano de lutas.

domingo, 30 de outubro de 2016

OS OLHÕES DA CELPA


Recebemos dia 21 de setembro, comunicação do MPF a respeito daquelas caixas enormes que a Celpa colocou na área tombada da Cidade Velha., provocando poluição visual que irritou os moradores.

" Inquérito Civil nº 1.23.000.002226/2014-07
Assunto: Informar arquivamento.
PR-PA-00037660/2016

Senhora Presidente,

Informo que o Inquérito Civil nº 1.23.000.002226/2014-07, instaurado a partir de representação subscrita por Vossa Senhoria (correio eletrônico dirigido ao Ministério Público Estadual em 17/09/2014, o qual foi encaminhado ao MPF pelo COAMA), que trata da poluição visual causada pelos "olhões" da empresa Rede Celpa, bem como de poluição sonoro e atmosférica provocada pelos meios de transporte urbano no bairro da cidade velha, foi arquivado no âmbito desta Procuradoria da República, conforme despacho anexo. Em virtude disso, caso haja algum inconformismo, apresente-o no prazo de 10 (dez) dias.

Atenciosamente,
José Augusto Torres Potiguar
Procurador Regional da República "

Respondemos dizendo que ainda tinham muitas daquelas caixas nas paredes das casas da área tombada, e recebemos esta resposta :

"Sou César Souza, do serviço de diligência externa do MPF, informo que fui designado pelo dr. Potiguar, a verificar e registar eventualmente a não retirada, pela rede CELPA, dos "orelhões" instalados nas casas da Cidade Velha.
Ante de ir ao local, gostaria de saber se todas as casas das ruas: Riachelo, Dr. Malcher, Siqueira Mendes e Dr. Assis, são tombadas pelo IPHAN."

Este sábado um dos nossos amigos fotografos nos forneceu alguns dados a respeito, principalmente sobre as ruas Dr. Assis e Dr. Malcher, onde pode se ver o que ainda não foi retirado.
Quanto a poluição sonora, aumentou terrivelmente e a DEMA ainda diz que não existe. Isto, porém, não podemos fotografar, mas os "olhões", sim. 










quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Estacionamentos em area tombada


Ainda estão em exibição nas janelas das casas e lojas, os banners da Civviva, fazendo um chamamento a realidade da área tombada da Cidade Velha. Aqui as motivações principais de tal ação educativa.
http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com.br/2016/10/querendo-colaborar.html

Depois da insegurança e da poluição sonora, os estacionamentos abusivos, mesmo se bem em vista, são causa de grandes problemas para o nosso patrimônio, pois ninguem toma providências sérias e duradouras a respeito, faz anos.

As tres praças com igrejas desta área tombada, são as mais prejudicadas, ha tempos. Primeiro ocuparam as calçadas e o meio fio.  Agora, porém, até a grama está sendo ocupada....e não somente para vender comida.



Durante o dia, mototaxistas concorrem com funcionários e frequentadores do Tribunal, da Alepa, da Prefeitura, do MPE, dos Museus do Estado, na ocupação de todo e qualquer lugar, possivel e impossivel, para estacionar seus meios de transporte. Com uma diferença: os primeiros tem menos instrução do que os outros, mas os erros  são iguais.
Os mototaxis, no entorno da Pça da Sé, fazem o que querem, concorrendo com os taxistas. Os mais cultos desrespeitam as normas no entorno da Pça D;Pedro II e da República do Libano (S.João).



Aqui, em vez,  temos um exemplo do que acontece de noite, nos fins de semana ou véspera de feriado, quando os locais noturnos fazem festa de aparelhagem.

Nesta foto se vê a parte arqueologica da Praça do Carmo, com os carros ao seu redor. Do lado oposto, na calçada da igreja, carros com o bau aberto aproveitam para poluir o ambiente com sonoridades desagradáveis.


Para subir na calçada da praça, são retiradas pedras do calçamento para ajudar a superar a altura  da calçada. Não somente as calçadas são  ocupadas, mas o centro da praça, também, incluindo a grama.


Aqui vemos o resultado da passagem de carretas de 21m. Um buraco foi aberto pela Cosanpa, depois que estourou um cano embaixo do  concreto que resistia ha anos, na Siqueira Mendes. Uma semana ja se passou, mas o buraco está la esperando para ser fechado. No meio tempo todos abusam da contramão e ninguem, da Semob ou GM para tomar providências.

 Durante o dia, a Praça do Carmo recebe a visita dos pais daqueles que a destroem de noite... e a falta de respeito continua.



Esta carreta com quase vinte pneus foi autorizada pelo funcionario da Semob, presente na foto, a descarregar na Siqueira Mendes.

Esta carreta com dezenas de pneus e com certeza pesando mais de 4 ton. (como a de cima, também), emperrou na frente da Igreja do Carmo e deixou a calçada da praça, quebrada... quem paga esse dano?

Reparem esse trio elétrico, que, como os outros no tempo do carnaval, além da poluição sonora que provocam, ainda usam um cabo de vassoura para levantar os fios elétricos enquanto passam.... Quem os autoriza, não sabe disso????

Essa é a situação das praças e ruas da área tombada da Cidade Velha. Por esse e outros motivos decidimos fazer essa campanha dos banners. Pensamos fosse um modo de colaborar com quem não passa por aqui quando acontecem esses fatos.




quinta-feira, 22 de setembro de 2016

PELA SALVAGUARDA DA CIDADE VELHA


Tem inicio dia 23 de setembro de 2016 a nossa campanha pela SALVAGUARDA DA CIDADE VELHA.

Sentimos a necessidade de fazer isso, mais uma vez, a causa do aumento da sensação de abandono do bairro. Sensação essa que chegou a um ponto de desespero: não era mais uma sensação, mas uma certeza que nos deixava cada vez mais abatidos e constrangidos pelo que viamos acontecer... e nada ouviamos falar pelos candidatos a Prefeito.

O inicio do mes de setembro foi a gota que encheu e fez transbordar a angustia de todos, fossem eles, proprietários, moradores ou comerciantes da CIDADE VELHA. Os furtos e assaltos aumentavam. Os clientes das lojas eram afugentados continuamente.  Chegamos a absurdo de passar tres noites seguidos com as ruas e calçadas cheias de veiculos, estacionados, inclusive,  sobre o espaço  gramado  da Praça do Carmo. Dezenas e dezenas de carros subiam e desciam as calçadas da praça. As 8 horas da manhã ainda tinham mais de vinte. Do lado oposto, na calçada do Colégio do Carmo, idem, sempre sobre as calçadas. Os moradores de rua  do canto da Joaquim Tavora, se incumbiam do estacionamento...  O vai-e-vem de carros durante a noite,  inclusive  buzinando, foi enorme, não somente na Siqueira Mendes, mas na Dr. Assis e Felix Rocque, também. Cadê alguem para fiscalizar essa realidade? Cadê proposts dos candidatos?




A poluição sonora começava de fronte da igreja da Sé e atravessava a área tombada. Na pça de S. João, local ode se encontra a obra prima de Landi, os carros de 'gente que conta' continuam a obstruir as calçadas. O restaurante a céu aberto concorre para tirar o espaço dos pedestres....e sua frequentação não é de analfabetos. Quem autorizou isso?

E o telefone do 118 e do 190 a tocar musica....e os candidatos ignorando o bairro mais antigo e abandonado de Belém.

Além do mais, uma festa de mulheres tinha deixado a praça do Carmo, imunda por bem uns tres dias. Na segunda feira a visão da praça era penosa. Os comerciantes, irritadissimos,  pediram providências. Tentamos fazer uma reunião com os orgãos públicos responsaveis por tal situação de abandono, e não conseguimos, até que o Iphan se pronunciou e exigiu que algo fosse feito.

Enquanto aguardavamos essa reunião a ser convocada pela SEMOB, nos veio a ideia de evidenciar os problemas que se repetem ha anos na Cidade Velha,  através de faixas a serem colocadas nas ruas. Os dias passavam e a reunião não saia, e a nossa ideia mudou: fariamos banners usando, possivelmente, palavras contidas nas leis, que seriam colocados nas casas de familia e nas lojas. Em tres dias tinhamos conseguido cerca de trinta adesões.

Familias antigas do bairro se reconheceram na campanha de defesa dessa área tombada. Comerciantes que ha anos trabalham por aqui, também, se disponibilizaram. Nasce assim a nossa campanha  de  Educação Patrimonial para Salvaguardar a Cidade Velha.


Aqui vai o nosso agradecimento, portanto,  as familias que, além de participar, em algum modo nos apoiaram: - Amorim -Anastacio Campos; -Angela Serra Sales; -- Bastos; -Bezerra; -Bestene; - Bittar; - De Bacelar Rocque; - Fadul; -Feio Boulhosa; -Gomes; - Casseb;  -Negrão; - Raul Jorge; - Rubão; - Souto; -Tuma.
Entre as firmas, agradecemos: Colégio D. Mário;  Comagri; Comep; Casa Cirio; Iacitatá; Imbrasil; Palafita; Retiro da Sé.

Um agradecimento especial vai ao autor da arte dos banners. De fato é fruto da capacidade e solidariedade do Designer gráfico  Advaldo Lima, sempre disponivel a suprir nossas necessidades. Sem ele não teriamos banners  tão bonitos .


Com a ajuda dessas pessoas nasceu o Projeto de Educação Patrimonial para Salvaguardar a Cidade Velha.

Os banners estão distribuídos em algumas das principais ruas  e  praças da área tombada do bairro, ou seja: Pça da Sé; de S,João; do Carmo. Encontraremos também em ruas e travessas, tais como: Siqueira Mendes; Joaquim Tavora; Tomazia Perdigão; Felix Rocque; Dr. Assis; Dr. Malcher; Pedro de Albuquerque e Gurupá.


 Ja dizia Otto Lara Rezende
 De tanto ver, a gente banaliza o olhar
– vê... não vendo.

Quem sabe assim conseguimos um pouco de atenção  e algo de sério será  feito, além de conscientizar o cidadão e o candidato distraído que passa por aqui, não certo a procura de resolver nossos problemas.
















sábado, 17 de setembro de 2016

CARTA ABERTA AO SEBRAE



ESTAMOS EM ÁREA TOMBADA, NA  FELIZ LUZITANIA, como rebatizaram a antiga área da Praça da Sé.

De repente, um barulho ensurdecedor começa a fazer trepidar os prédios do entorno. Uma musica altissima saia de um palco para nenhum público... Nos informamos e descobrimos que era um evento apoiado pela Secult, como disse a organizadora da SEBRAE pois " aqui nunca tem nada..."




O que significa isso? As áreas tombadas devem ser, segundo as leis, salvaguardadas; preservadas; defendidas; protegidas e não colocadas em risco com ações sem o menor sentido, além de inconsequentes e inúteis. Quais orgãos autoirizam tais "eventos' danosos ao nosso patrimônio? E pensar que a Prefeitura também tombou a Cidade Velha.

A poluição sonora provoca trepidação. Será que os organizadores desse evento sabem disso? quem paga os danos causados por tanto barulho? Que mania é essa de querer movimentar a Cidade Velha fazendo estragos, somente. Porque não se preocupam em consertar as calçadas? A diminuir ou proibir o transito nesta área tombada? A melhorar, ao menos, a cor da água que sai das torneiras? Por que não providenciam estacionamentos, assim evitariam o uso das calçadas de liós?



Caso a preocupação desse orgão fosse a área tombada e sua necessidade de revitalização, podiam pensar em ações bem mais uteis. Que tal este órgão que se diz comprometido com a formação e aperfeiçoamento de empreendedores passasse a formar cidadãos antes de buscadores de cifrões? Por que não fazem campanhas educativas para evitar que a primeira rua de Belém se transforme num mictório a céu aberto?

É evidente que O SEBRAE não demonstra interesse em dar assistência adequada as populações de rua para acabar com estas situações. Nesta área tombada eles urinam, defecam e fazem sexo na grama e nos bancos das praças, e nem a Guarda Municipal, nem a Policia Militar tomam providências. Não existe nenhum curso para ajuda-los a viver mais dignamente?

Pois é, poderia até ter sido uma bela ação, mas não foi. Foi um evento esvaziado e com som altíssimo que demonstrou a não adesão dos moradores e o desrespeito deste órgão com o patrimônio. Poderia ser tido uma bela ação em parceria com a Civviva, com moradores, com fazedores de comida do bairro, com articulações com a Semob para que juntos fizéssemos uma campanha para a não circulação de veículos pesados e das vans clandestinas; articulação com a Sesan e Institutos de Coleta Seletiva para que juntos chamassemos atenção a falta de limpeza pública no local porém, foi apenas mais um evento que chegou e se foi deixando somente o lixo, entregue a sorte da coleta e à reza pela vassoura dos garis, e sem nem estar selecionado adequadamente.


Reputamos que foi um péssimo exemplo, que esperamos não se repita e caso isso aconteça, queremos ver se aprenderam a respeitar de modo real a nossa cultura, a nossa história e o meio ambiente. Lembramos que a cidadania é valor agregado e uma excelente ferramenta de marketing quando colocada em prática de modo responsável.

Em que se transformou o Sebrae? Será que virou mais um braço de uma política autoritária que se reproduz com veemência no Pará? Caso precise de ajuda para ações coerentes e dignas, Sebrae, pode nos chamar pois isso nós sabemos fazer muito melhor!

  • Cultura e cidadania não se faz com slides.
  • Temos provas e temos convicção!
  • Aguardamos a diretoria do SEBRAE para uma conversa! quem sabe comecem a conhecer, verdadeiramente a Cidade  Velha.... e a Civviva.


quinta-feira, 25 de agosto de 2016

AS MULTAS, O NOSSO PATRIMONIO e a TRANSPARENCIA



Gostariamos de poder entender o problema das 'multas', previstas por não respeito de determinados atos da administração pública. Vamos exemplificar dois casos, somente:  uma Ação civil Pública e um Termo de Ajustamento de Conduta de questões na área tombada do Centro Histórico de Belém.

No dia 23 de fevereiro de 2012 publicamos  neste blog o PROCESSO CASA "FERRO DE ENGOMAR", ou seja a  Ação Civil Pública com pedido de liminar ajuizado por Estado do Pará em face de PONTE PARTICIPAÇÕES LTDA, proprietário do casarão depredado, situado na Travessa Presidente  Pernambuco, nº 204, Bairro Batista  Campos.
Em tal ato estava escrito que “ os proprietários  procedam a reforma e restauração integral da referido imóvel no prazo mínimo de (03) três meses e no máximo de (01) um ano.
A multa por dia de descumprimento é no valor de R$5.000,00 (cinco  mil reais) a ser paga pelo proprietário.”

Se falava então, de tombamento do prédio. Até hoje, porém, não sabemos se o processo de tombamento foi concluído e nem se a multa foi paga,  ou está sendo paga.  Tem os a impressão, porém,  que a casa está do mesmo jeito, e nada parece ter sido feito.

Em março de 2014, dia 14, para sermos exatos, publicamos neste blog algo a respeito de “quem verifica o respeito dessa intimação”, no caso do processo do prédio situado na praça “Ferro de Engomar”.  Tudo, porém, continuava como  antes, ao que parecia.

Nessa ocasião estávamos as voltas com outro problema: o fechamento e redução da travessa Felix Rocque, que a Praticagem da Barra tinha ocupado, para nós, irregularmente.  Nessa luta juntaram-se a nós, Civviva, outros grupos que  defendem nosso patrimônio. 

Entre um embargo e outro,  acordos eram feitos e nem sempre respeitados, até que o MPE com seu TAC, 001/2015, fez um acordo com a firma em causa.  Corria o dia  15 de julho de 2015 quando o assinaram. Tal ato estabelecia um prazo de 90 dias a contar da assinatura, para “deixar de ocupar o espaço integrante da via publica na trav. Felix Rocque....”

Passados  seis meses sem alguma noticia fomos visitar  a obra e vimos que pouco do que dizia o TAC tinha sido feito. Agora já  passou um ano desde que tal TAC foi assinado e não vemos a obra concluída.... e a multa????? Mas apareceu  uma placa  noi frente do prédio, que nomeia os 400 anos....!!!




Pois bem, em ambos os casos citados, gostaríamos de saber se a multa está sendo paga. Não nos consta em nenhum desses casos que o que ficou estabelecido nos respectivos atos tenha sido feito dentro das datas estabelecidas.  As fotos feitas em várias ocasiões, ao menos da trav. Felix Rocque, são claras.

Hoje, a distancia de mais de um ano da assinatura do TAC, fomos verificar a largura do "beco", descobrimos que ele até aumentou de 7cm... mas desde quando?

Multiplicando por 5.000 reais todos os dias desde a assinatura da Ação e do TAC em questão, já daria para consertar nem que fossem algumas calçadas da área tombada...

Quem se preocupa em verificar o respeito desses atos? como será que isso funciona?

A"transparência" das ações dos orgãos públicos deveria ser notória. Um blog, um site,  dando noticias desses atos e ações seria muito oportuno pois evitaria, aos cidadãos,  dúvidas e necessidade de  perguntar... 

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

COITADA DA NOSSA ÁREA TOMBADA...


Presados Senhores Procuradores e Promotores do Ministério Publico do Estado, vimos com a presente pedir socorro.

A defesa do nosso patrimônio histórico é algo que precisa ser reavaliada.  A carnavalização das casas com cores fortes nada tem a ver com a memoria histórica do paraense. Na Cidade Velha está acontecendo um abuso atrás do outro nesse sentido.



Para que servem os orgãos públicos nascidos para defender nosso patrimônio se esquecem de fazer o seu dever? No caso da área tombada é bom lembrar que tal decisão foi tomada em razão do elevado valor histórico, arquitetônico, urbanistico e paisagistico. A ideia era "proteger" essa área antiga



Essas cores que atualmente cobrem muitas casas da Cidade Velha são uma afronta  a tentativa de salvaguardar o que sobrou da nossa memória histórica, pois nada tem a ver com nossas lembranças..




Quem é que permite  o uso de cores fortes em casas/prédios que eram de cores tênues?  Qual  paraense idoso se lembra de casas vermelhas,  roxas, verdes em Belém? No Centro Historico menos ainda, no entanto o permissivismo está ajudando a mudar essa memória do paraense. E os orgãos que deveriam defender essa memória, permitem isso com toda tranquilidade.
 A permissão do grafitismo nessa área, salva a memória de quem? Qual paraense se lembra dessas pinturas nos muros da Cidade Velha nos anos passados?

 Autorizar a grafitagem de muros na área tombada, mesmo se os proprietários das casas permitiram, é uma falta de respeito as leis que falam de "defesa, salvaguarda, preservação, defesa, proteção, conservação" do nosso patrimônio. 




 Nenhuma lei fala de 'embelezamento', como se sabe, mesmo se isso não é proibido. Porém, era próprio necessário expor essa arte em área tombada? Com tantos bairros a serem embelezados, proprio a área tombada tinha que ser escolhida?

O pior é que vemos isso acontecer,  depois do tombamento. Que contradição, né? Com tantas leis falando de defender o "Centro Histórico" , vemos, em vez essa realidade.




 Este grafite abaixo é numa Igreja de Landi, na sua obra  prima: S. João Batista. 


Desde que a Coral doou tintas para pintar o Centro Histórico que a salvaguarda, a defesa, a proteção, a preservação do nosso patrimônio vem sendo  ignorada. Como então???

No entanto, para cuidar do nosso patrimonio, além da Fumbel e do Iphan, temos algumas Promotorias no Ministério Publico Estadual e temos também o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural. Será que estão ao corrente dessa situação? O que fazem após as denuncias que recebem? Ou será que  ninguem diz nada sobre essa realidade?

  Segundo quanto previsto pelo art. 136 do Código de Postura do Municipio  o..." Conselho de Patrimônio Cultural,  é órgão de caráter deliberativo, criado com o objetivo de assegurar a preservação e proteção de bens imóveis tombados e os bens móveis do acervo público municipal ". Lemos também que é de sua competência: III - apreciar, após parecer técnico do Conselho de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Município e do órgão executivo de proteção ao patrimônio cultural, os projetos de construção nas áreas de entorno dos bens imóveis tombados, dos parques botânicos e zoobotânicos;


Será que deram parecer positivo a construção do box da Guarda Municipal defronte do Teatro da Paz?  Não podia ter ficado la onde se encontrava ha  anos?

Os abusos que vemos acontecer nós deixam literalmente estupefatos por tanto desinteresse
É possivel levar a sério essa triste  realidade e fazer algo?


PS: não fizemos fotos do pessoal que dorme na praça do Carmo, por medo de sermos assaltados.

Fotos de Pedro Paulo 

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Obrigada, Leandro Tocantins.


Acabei de ler no livro Santa Maria de Belém do Grão Pará, do Leandro Tocantins, segunda edição 1976, uma sugestão, que apoio totalmente.
Num momento em que as tradições alimentares, a nossa cultura alimentar é ameaçada de, não digo extinção, mas de manuseios não muito ortodoxos, é o caso de ler, no livro acima o artigo "Outros Pitéus" sugeridos pelo autor.
Reproduzo a parte principal do que ali escreveu e sufgeriu Leandro Tocantins, esse "cicerone apaixonado e enternecido" nascido em Belém em 1928.
A primeira edição deste livro é de 1963 e, ao menos para mim, essa sua proposta é ainda validissima. Leiamos: ....
"As vezes eu penso quanto seria de bom brasileirismo fazermos ampla divulgação das tradições paraenses, incluídas, é claro, as tradições culinárias. Habituar gente importante de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, a incluir pratos regionais amazônicos em seus almoços e jantares de recepção. Como se faz com os pratos baianos.
"Não é pedir muito. Somente um pequeno esforço de reabilitação de mais um valor regional brasileiro. Que coisa boa vermos (não só ver, mas sentir, provar, comer) mesa rica de paladares baianos e paraenses! Acarajé e abará junto ao casquinho de caranguejo, ao casquinho de muçuã; vatapá ao lado da maniçoba, chinchin de galinha perto do pato no tucupi; caruru e tacacá, muqueca de peixe e picadinho de tartaruga, mucunza´ e açaí.
"Cardapio um tanto explosivo para pessoas de estomago e vesicula delicados, mas deliciosamente brasileiro! Rica mesa que constituiria, também, ótima promoção (esta palavra está na moda) para as relações culturais inter-regionais do Brasil.
"Ora, por que não? Se muto paulista encantado pela Bahia já tem trazido, por empréstimo, quituteiras de S.ao Salvador para preparar almoços em Piratininga -almoços de que participaram Presidentes da Republica, Ministros, industriais, pintores, artistas de teatro e cinema, escritores.
"Antes, porém, é preciso começar a valorização culinaria pela nossa propria casa. O Governador do Pará e o Prefeito de Belém dariam boa mostra de "paraensismo" se decretassem: recepções oficiais, pratos regionais.
"Na Bahia este decreto está ha muito tempo promulgado e sacramentado em relação à "boa terra". Eu mesmo ja participei de um almoço no Palácio da Aclamação, quando o Governador e Senhora Juracy Magalhães receberam os estagiários da Escola Superior de Guerra, dentre os quais eu me incluia. Nunca vi tanto requinte na decoração "baiana" da mesa, tanta fartura de iguarias rigorosamente baianas.
"Certa vez, em uma das idas do Presidente Juscelino Kubitschek a Belém, o Governo do Estado ofereceu-lhe um jantar no Automovel Clube. Faziam parte da comitiva presidencial vários diplomatas estrangeiros que estavam curiosos por conhecer a estrada Belém Brasilia. Um deles, em palestra comigo, lamentou a falta de picadinho-de-tartaruga, de pato-no-tucupi, de casquiho-de-carnguejo. Perguntei-lhe se já havia provados os quitutes. Certainly, respondeu-me. I'm very fond of them!
"O complexo culinario dos "casquinhos" - de caranguejo, e muçuá - é uma especialidade tipicamente belemense. O caranguejo vem, às pencas, da zona do Salgado (contra-costa paraense) e o muçuã (tartaruguinha de menmos de um palmo) da ilha do Marajó.
Existem casas de familia em Belém que conservam nos armários casquinhos vazios, guardando como se guarda porcelana. Para tê-los a serviço dos pitéus a qualquer momento. Os casquinhos de muçuã, bem limpos à base de água e sabão. Os casquinhos de caranguejo, com douramento externo. Mais paraense é utilizá-los no estado natural, aproveitando-os como explica a receita ..."
"Outro quitute do caranguejo é a salada, ou caranguejo a vinagrete. Seu preparo é o mesmo do 'casquinho', no primeiro tempo. Em lugar de refogado, por somente limão, vinagre, azeite doce, pimenta-de-cheiro e pedacinhos de azeitona, servindo-a em prato comum, sem farofa. As "unhas", cheias de "polpa", enfeitam o prato, circulando o "desfiado". Não só enfeitam como são petisco, e tão bom que formam mais uma variedade culinária...
"Também fina iguaria é o arroz-de-caranguejo com coco: arroz cozido so no leite de coco, que se espalha num prato travessa, recebendo por cima boa camada de caranguejo desfiado, com o mesmo tempero do "casquinho'. alguns o chamam de caranguejo "a society'. Pessoalmente acho a denominação superficial e peante. Ora, numa terra em que tudo rescende a gostos e per fumes locais, adotar-se um prosaico americanismo para a identificação de prato ortodoxamente brasileiro-regional, chega a ser um sacrilégio" Como ficaria bem, chama-lo, por exemplo, de caranguejo à cunhã-mucu, palavra do indigena amazonico que traduz o nosso brasileirissimo brotinho!
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"A respeito do casquinho-de-muçuã conta-se que o rei Leopoldo da Bégica, almoçando no Grande Hotel, em certo dia de outubro de 1962, pediu que lhe servissem o pitéu. À medida que ia tomando paladar o visitante belga dava mostras de aprovação. O casquinho-de-muçuã havia afinado com as suas preferência de gourmet. "Hum", disse ele, "isto me lembra o paladar da grenoville, preparada à maneira tropical".
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O livro em questão foi escrito ha mais de cinquenta anos e nesse meio tempo a tartaruga e o muçuã foram eliminados das nossas mesas. A extinção deles foi a preocupação principal pois enfeitavam os menus de restaurantes e as festas dos paraenses o ano inteiro.
Ficamos ofendidissimos quando isso aconteceu, principalmente quando descobrimos a quantidade de ovos de tartaruga que comiam os membros da Comissão demarcadora das fronteiras entre as terras de Portugal e Espanha na America do sul.
Corria o ano de 1750 quando foi emanado o Tratado de Madri confirmando que as terras da Amazonia eram de Portugal. Tornou-se necessario demarcar essas terras e foi decidido que os dois paises mandariam técnicos e engenheiros a tal fim.
Os técnicos escolhidos na Europa quais representantes de Portugal na comissão eram apenas 16, mas a expedição que saiu de Belem era composta por 1025 pessoas, das quais 511 eram indios. Lembrem que as canoas era a remo...
Mesmo se levaram dois anos se preparando para abastecer as 23 canoas grandes, dez das quais serviam de armazem e abrigavam também a Infantaria, tiveram problemas a respeito. Os patos e galinhas levados não foram suficientes e a pesca de peixes, tartarugas e seus ovos foram o grande suporte da viagem.
Eles sairam de Belém em direção de Mariuá, ponto de encontro com a Comissão espanhola, com bem cinco mil ovos de tartaruga armazenados. Em cada cidade que paravam, na verdade, missoes religiosas, tinham que ser abastecidos com comida e mais ovos de tartaruga, e elas também, iam para a canoa-armazem.
Levaram uns tres meses a bom comer ovo de tartaruga nessa ida ... é logico que ajudaram a beça na extinção desse quelonio, e nós que fomos privados. Vocês acham justo???? (kkkkkk)
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Agora me digam: quantas vezes foi usada a palavra 'gastronomia' no texto do escritor? O autor estava falando de comida regional, portanto de "cultura alimentar" autentica, não aquela para engambelar turistas... Até as receitas ele colocou para que ninguem inventasse nada, mas copiassem o original.
Lembrou dos almoços e jantares paraenses, com "casquinho" de todos os tipos e assim reviveu nossa saudade de comer o que Landi e seus colegas comeram mais de trezentos anos atras.
Depois dessa aula de brasileirismo, vocês ainda acham que é necessário uma escola de gastronomia com gente que nem é daqui??? Que nem sabe como se come tartaruga e menos ainda como se mata...e nem como se come seu ovo.