terça-feira, 30 de agosto de 2022

TURISMO EM BELÉM


Belém, reconhecida como porta de entrada da Amazônia, deveria se perguntar o quê atrai os turistas para nossa cidade.

Sabemos que grande parte dos brasileiros gosta de praia, mas isso não deveria ser generalizado aos turistas do mundo inteiro. Turismo religioso, também, não deveria ser aplicado a festividade de uma santa apenas, que dura poucos dias de um mês. Falar de turismo alimentar é outra vertente equivocada se não fizer parte de um complexo de outras motivações, mesmo se o nosso patrimônio gastronômico sendo muito peculiar, levou a reconhecer Belém pela UNESCO desde 2018 como uma Cidade Criativa da Gastronomia.

O que leva um lugar a chamar a atenção do turista? Os recursos e atrações que a caracterizam e a distinguem no cenário mundial, com certeza. Não uma única, mas um conjunto delas, de modo que o ano inteiro exista motivo para visitá-la. 

Quem sustenta mais turismo atualmente? O turismo que gera mais riqueza é aquele constituído por pessoas da terceira idade e de média e alta renda. Aqueles que podem viajar em qualquer mês do ano, não somente durante as férias escolares dos filhos ou do trabalho. Isso já diferencia o tipo de turismo a ser oferecido e o custo. O dos jovens, é normalmente, menos custoso, principalmente no exterior, onde em vez de viagens de prazer, dão mais atenção a programas de estudo, intercâmbio cultural e trabalho no exterior; e viagens para fazer voluntariado.

Numerosas, porém, são as vertentes do turismo ultimamente.

- O turismo de praia, é considerado por excelência, o TURISMO DE MASSA. A ele, entretanto, além de sol e praia precisa oferecer condições de outras atividades paralelas e  ao ar livre, que possam reter os turistas por mais dias. 

- O turismo cultural cuida de descobrir/mostrar o patrimônio cultural, material e imaterial de um determinado destino. Aqui não se trata somente de monumentos, mas religiosidade, gastronomia, práticas, costumes e muito mais.

- Turismo verde, conhecido também como turismo rural, é uma nova tendência e é correlata com a preservação do meio ambiente.

- Agriturismo: é também conhecido como turismo agrícola e pode ser incluído no âmbito do turismo rural. O empreendedor agricola oferece ao turista, na sua propriedade, hospedagem e refeições, utilizando produtos originários do próprio local, constituindo inclusive uma parte cultural.

- Turismo Religioso é a forma de viajar motivada pela fé, credos e, espiritualidade, devoção ou interesse em conhecer a herança da arte sacra, também.

- Turismo de retorno: ir descobrir as próprias origens. Os netos de japoneses ou italianos, por exemplo, procurando suas origens.

- Turismo solidário é aquele que, além de conhecer o lugar para onde se vai, atende o interesse de ajudar outras pessoas e o ambiente dali.

Belém pode oferecer tudo isso, mas quem para aqui vem, quer conhecer o "pulmão do mundo". Conhecer a Amazonia para o turista é ver nossas florestas, rios, igarapés... Patrimônio material histórico, como as igrejas de Landi, ainda que tenham grande relevância regional e até nacional, não parece ser o foco principal de turistas, principalmente europeus.  Aparentemente, o que mais atrai esse segmento de turistas são os elementos da cultura autóctone, os povos originários como as tribos indígenas que aqui se estabeleceram por milênios, e deixaram alguns raros vestígios materiais, mas estão impregnados em muitos dos hábitos e costumes das populações atuais, inclusive na linguagem.

Ao optar em vir para cá, o quê interessa a muitos, é a nossa cultura original; são os produtos da floresta; é a natureza diferente, com suas especificidades de zona equatorial. Fundamentais, portanto, visitas ao Museu Emílio Goeldi e ao Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, muito mais do que sentar em calçadas para cheirar a poluição produzida por nossos anacrônicos meios de transporte..., e bebendo bebidas estrangeiras.

A maior parte dos turistas, aproveita para visitar a cidade, andando a pé... E nossas calçadas dificultam muito a caminhabilidade, principalmente na área tombada. Nos orgulhamos em mostrar as casas azulejadas e os casarões do ciclo econômico da borracha, mas ainda não há disponível em Belém uma representação de “casa de indio”, ou de uma aldeia típica de povos indígenas. 

Quem busca algo originalmente indígena, não encontra com facilidade. Temos áreas verdes abandonadas onde a nossa cultura indígena poderia ser representada, ou seja, mostrada aos turistas. O Parque Ecológico do Município de Belém (PEMB), Gunnar Vingren, fragmento de floresta nativa no município de Belém, em alguma parte já parcialmente desflorestada, poderia exibir exemplos da  nossa ancestralidade... Esse parque encontra-se abandonado pelo poder público, e sofre enorme pressão de invasões e ocupações irregulares. Alí,  ocas e malocas podiam encontrar endereço...em vez está, como se diz "ao...Deus dará".

Calçadões para vender cerveja, necessariamente, não atraem turistas estrangeiros. O sol, o calor, a chuva e ..., a poluição do ar, estão no rol de motivos que demonstram uma opção que deveria ser melhor estudada e avaliada a sua conveniência. Tais mesas ao “ar livre” não são exatamente um elemento atrativo para turistas decidirem visitar à Amazonia.

Esse tipo de estrutura pode constituir-se em uma alternativa de lazer para a população local que gosta tanto de passear na Praça Batista Campos, em cujas vias próximas transitam cerca de 40 linhas de onibus urbanos poluindo o ar, e os pulmões dos transeuntes...

O turista estrangeiro médio vem para cá, na expectativa de respirar o ar que a nossa floresta deveria oferecer ao mundo..., e quem sabe, aprender a beber açaí.


sexta-feira, 12 de agosto de 2022

BELEM 300 ANOS...

 

Recebi este "presente" do Dr. Clovis Carneiro. O autor é seu primo Guaracy de Brito Jr.e foi publicado há alguns anos em O Liberal. Para amenizar a jornada.

"BELÉM 300 ANOS

A festa de aniversário de Belém foi do arromba. Durou cem dias. Todos chegavam e cantavam para a moça parabéns para você a hora que queriam, quantas vezes quisessem. Ela não bebia por causa de religião, não fazia diferença, dançava, abraçava os convidados, dava gargalhada, dançava, com um vestido de concreto armado. Usava também uma pulseira de prata inspirada na rotatória do entroncamento. Fizeram um bolo imenso para a festa, estampado com o mapa da cidade tirado do Google. Dava para ver tudo da moça, as invasões, as estivas, o traçado alucinado das ruas. Crianças tentavam descobrir a própria casa, tira a mão da Cremação, alguém gritou. Molecada gostou mesmo foi da hora em que o engolidor de fogo veio acender a vela que era um canhão do Forte do Castelo, BUM!! O tirou errou a baía do Guajará e foi bater no Theatro da Paz.

Não sei se foi o forno, se foi a massa, o fato é que, minutos depois, o bolo de cem metros sentou. Mandaram trazer outro correndo, saíram de van clandestina, pegaram na casa da mãe do Fortunato, bolo decorado com uma parada de ônibus, tinha doido e tudo, sentado, era a vela. Belém olhou para aquilo, balançou a pulseira de estilo caótico e, na frente de todo mundo, envelheceu 300 anos. Palmas para ela! Deste momento em diante, as horas voaram como balões. Teve distribuição de DVD pirata de tecnobrega, foguetório com assalto relâmpago, discurso de político na língua do P, desfile da aniversariante que mostrou todo seu charme e beleza andando sobre um tapete de entulhos sortidos, presentes da população. Mesmo bem-vestida e com o convite nas mãos, a tristeza foi impedida de entrar na festa. No jornal, tem uma foto de Belém alegre como um paneiro ao vento.

Você pode dizer, não é uma pessoa séria este cronista, gracinhas numa hora dessas. "


kkkkkk, OBRIGADA...ainda tem muita parecência com a atualidade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

FELIX ROCQUE...

 08/08/1959 morria Felix Rocque: mas quem foi essa pessoa que virou nome de rua

Em homenagem ao dia dos Pais, aqui vai esta lembrança.(*)

“Felix Rocque, que nasceu menino pobre em Belém a 15 de Agosto de 1908, com sacrifício concluiu o curso primário, ao mesmo tempo em que exercia a profissão de balconista.
(Uma correção: ele nasceu no navio que trouxe seus pais do Libano, enquanto esperavam o técnico da barra, que devia trazer o navio para o porto de Belém).
Não chegou a concluir o curso ginasial.
Felix foi um condoreiro, tal o arrojo de suas idéias. Nos anos trinta o jogo era legalizado e, assim sendo, Felix obteve a concessão para explora-lo.
No Grande Hotel – ali na praça da República – instalou o seu Palácio Cassino nos moldes do da Urca, Atlântico e Quitandinha. Enquanto ali se praticava a tavolagem, assistia-se a esmerados espetáculos musicais.
Mas, foi na parte profana da Festa de Nossa Senhora de Nazaré que Felix Rocque empolgou
Nos terrenos baldios (bons tempos) no largo de Nazaré (praça Justo Chermont), onde hoje estão localizados um banco e a vila Leopoldina, Felix construía os seus teatros descartáveis – terminada a quadra nazarena eles eram desmontados – onde a fina flor do rádio carioca e paulista se apresentava.
Durante 20 anos, Felix Rocque foi o imperador dos espetáculos musicais e teatrais da quinzena nazarena, e mesmo depois de ter perdido a concessão do jogo para João Baltazar, continuou insuperável na apresentação de seus espetáculos.
Inquestionavelmente, a parte profana da Festa de Nazaré foi enterrada com o seu criador no dia 8 de agosto de 1959, data da morte de Felix Rocque.
Foi através do projeto de lei do vereador Amado Magno e Silva que a Câmara de Vereadores de Belém, sob a presidência do edil Olavo Nunes, aprovou, poe unanimidade, a troca do nome da rua da Vigia para Felix Rocque.
Corria o ano de 1960
A rua Felix Rocque foi a quinta rua aberta em Belém e isso há muito tempo.
(Cf. JOSÉ VALENTE, in A História das Ruas de Belém – Cidade Velha, ed. CEJUP, 1003, págs. 21/24).
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(*) Foi meu pai... mas eu fui criada por minha mãe e minha avó materna. Não tenho nenhuma lembrança de meu pai em casa, isso porém não tira seu direito de Pai....e do que ele fez na sua vida a ponto de virar nome de rua... longe dos filhos da sua segunda mulher.