domingo, 23 de novembro de 2025

QUEM DECIDE?

 

No exercício pleno de nossa cidadania, vimos com a presente nos manifestar  a respeito de notícias veiculadas na midia, sobre nova afetação de bens públicos como por exemplo da sede atual da Prefeitura Municipal de Belém, e do Palacete Pinho, além das ruínas do prédio que pertenceu à família Bechara Mattar incendiado há dezenas de anos, situado no entorno da Feliz Lusitânia e, portanto, provavelmente classificado como de interesse da administração pública e por isso deve sofrer limitação administrativa.

Nos casos acima citados, se fala em transformar, ao menos dois deles, em Centros de Cultura, e essa destinação (afetação) certamente não foi resultado de algum debate com os moradores da área em questão, apesar de várias leis determinarem a gestão democrática no momento da formulação/execução de planos ou projetos de desenvolvimento urbano.

Francamente, vista a presença de vários órgãos públicos no entorno de tais prédios, e a quantidade de veículos automotores de funcionários que ocupam, inclusive as calçadas de pedras de liós (tombadas pela SECULT), quem sabe, tratando-se de área tombada, fosse muito mais oportuno, no caso do edificio incendiado,  pensar num ESTACIONAMENTO vertical. Se evitaria inclusive a presença em frente às duas igrejas tombadas da Praça da Sé, de enormes ônibus de turismo ou carretas várias descarregando mercadorias.

A trepidação, não somente de origem sonora, causa problemas aos prédios da área tombada e tal opção poderia servir a descongestionar as ruas e calçadas dessa área e daria um ótimo exemplo de salvaguarda da nossa memória histórica.

Uma outra possibilidade é cuidar da saúde dos cidadãos de uma forma mais civilizada. Como a maior parte dos moradores da área em que se localizam esses prédios são pessoas idosas, acontece que muitas vezes, se encontram a fazer PILATES,  compartilhando espaço de clinicas ou academias com o funcionários dos órgãos públicos ali situados.  

Os anciães que frequentam tais locais,  sabem disso,  quem nos governa, em vez, informamos agora. Vista essa coincidência  de usuários, quem sabe fosse mais profícuo um outro uso,  mais salutar,  inclusive, do próximo prédio da ALEPA..., e deixar o Centro Cultural para o Palácio Antônio Lemos.

É o caso de lembrar que o canal da Tamandaré divide o bairro  em duas partes, e os moradores mais idosos, e com problemas nos  membros inferiores (compostos por: quadril, coxa, joelho, perna, incluindo a tíbia e fíbula, tornozelo e pé),  residem  na área tombada.

É importante, portanto,  levar em consideração seja a idade dos moradores do bairro que a falta de estacionamento na área tombada. Quem frequentaria todos esses centros culturais num raio de menos de 2km, chegaria a pé, de onibus ou de carro?

Parece um absurdo planejar atividades na área tombada ignorando a falta de estacionamento. A rua S.Boaventura não aguenta todos aqueles locais, com as respectivas clientelas motorizadas.  Uma audiência pública, antes de dar as autorizações, poderia ajudar a, democraticamente, tomar decisões no modo sugerido pelas leis em vigor. (*) 

Além do mais, correm vozes que uma proposta de  Plano Diretor tenha sido entregue para ser examinada, estabelecendo,  a priori, que não vale para a Cidade Velha... São advogados a fazer essa proposta? Desde quando isso é possivel? O Plano Diretor não deve valer para todo o territorio do Município?


Vamos começar a aplicar nossas leis com mais seriedade? 


(*)  https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/11/tentando-ajudar.html







quinta-feira, 20 de novembro de 2025

UMA OPINIÃO CONDIVIDIDA ...

 ... POR MUITOS DE NÓS.

 O PARAENSE SÓ QUERIA FAZER PARTE DA NAÇÃO.

O legado humano da COP30

Por Marcelo Botelho

Belém vive, neste momento histórico da COP30, algo muito maior do que debates, painéis, negociações e acordos ambientais. Vive um reencontro consigo mesma. Vive a revelação, diante do mundo e de muitos brasileiros, de uma identidade que sempre existiu, mas que agora é vista, sentida, celebrada e respeitada. O que está acontecendo na capital do Pará não pode ser explicado apenas pelo viés ambiental ou geopolítico. O maior legado da COP30 é humano — e ele está sendo construído nas ruas, nas feiras, nos mercados, nas orlas, nas chuvas, na música e no abraço caloroso do povo paraense.

Quem desembarca em Belém durante este período vive uma espécie de rito de passagem. Descobre que a Amazônia não é um conceito distante, exótico ou folclórico — é uma experiência. Uma turista asiática, encantada, se jogou no ritmo do carimbó em plena conferência. Um grupo de indonésios experimentou açaí com peixe na orla de Icoaraci, maravilhados com a autenticidade do sabor. Filipinos brindaram com uma Tijuca gelada na Praia do Amor, em Outeiro, como se fossem filhos da terra. Indianos celebraram o verde da cidade, tocaram a água e afirmaram que nunca viram nada igual. E estrangeiros de todas as partes se renderam ao queijo coalho de Outeiro por R$ 5,00, ao tecnomelody que virou febre entre delegações inteiras e ao “gringo no caqueado” que viraliza como símbolo desse encontro improvável de culturas.

Belém, nesses dias, não é apenas sede; é anfitriã. Não apenas recebe; envolve. Não apenas mostra; transforma. A cidade morena revela, sem pedir licença, a força de sua gastronomia, a potência de sua música, a espontaneidade do seu povo e a singularidade da sua relação com o clima, com a chuva, com o rio e com a vida cotidiana. Há relatos emocionados de motoristas de aplicativo que viram um árabe — descrito como um “sheik” — se comportar como criança ao sentir a chuva amazônica pela janela. Pais paraenses no exterior compartilham vídeos dos filhos conversando com estrangeiros em vários idiomas. Pesquisadores se surpreendem com as chuvas que, para nós, fazem parte do ciclo da vida. Belém está encantando o mundo com aquilo que sempre foi, mas que tantos insistiam em ignorar.

E talvez aqui esteja a parte mais importante desse legado: a desconstrução de preconceitos regionais que há muito tempo ferem o Norte do Brasil. Não raras vezes fomos reduzidos a caricaturas, a narrativas distorcidas, a estereótipos ultrapassados. Como já denunciava Milton Nascimento em “Notícias do Brasil”, o país por muito tempo olhou para o litoral e esqueceu o resto. Mas agora, diante dos olhos do planeta, Belém mostra que não é “terra de tupiniquins”, que não tem onças e índios desnudos nas ruas, que sua riqueza não está na ficção, mas na realidade viva de um povo que respira cultura, gastronomia, diversidade, fé e ancestralidade.

A auto-estima do povo paraense está em estado de graça. Não porque Belém virou cenário internacional — ela sempre mereceu ser. Mas porque, pela primeira vez, o Brasil inteiro vem observando isso. As redes sociais se encheram de depoimentos de orgulho, emoção e pertencimento. Pessoas comuns mostram o Ver-o-Peso fervendo, o tecnomelody arrastando multidões, o Carimbó unindo mundos, a chuva que vira espetáculo para estrangeiros. Debates sérios acontecem dentro da conferência, enquanto, do lado de fora, a Amazônia pulsa na música, na dança, nos sabores e na hospitalidade inacreditável de um povo que recebe com 35 graus de temperatura e 90 graus de calor humano.

E enquanto alguns tentam diminuir essa grandeza com ironias fáceis, críticas vazias ou comparações injustas, a verdade se impõe: os cães ladram enquanto a caravana passa. Belém segue, firme, mostrando ao planeta que não é apenas palco — é protagonista.

Esse movimento simbólico e afetivo ganhou ainda mais força com um gesto histórico:

Em homenagem à COP30, o IBGE lançou um mapa-múndi inédito colocando o Pará no centro do planeta.

Uma inversão cartográfica que, mais do que estética, é política, cultural e emocional.

Ao deslocar o eixo do mundo, o mapa reconhece algo que o paraense sempre soube: a Amazônia é essencial à vida no planeta, e Belém é sua porta de entrada.

É a confirmação visual de que o mundo finalmente está olhando para onde deveria ter olhado desde sempre.

E, no fundo, talvez tudo isso seja a realização tardia de um simples desejo cantado por Marcos Barata * do Mosaico de Ravena:

“O paraense só queria fzer parte da nação.”

Viva Belém.

Viva o Pará.

Viva a Amazônia.

Viva o Brasil.

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* EDMAR JUNIOR é o cantor e autor de BELÉM PARÁ BRASIL. 

A banda é MOSAICO DE RAVENA

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Dulce: Que bacana ler  isso... o resultado da COP30 não vai depender de nós, povo de Belém que, aos trancos e barrancos, fizemos a nossa parte.

sábado, 15 de novembro de 2025

L.F.P. PRESENTE

 

Lúcio Flavio Pinto e a MEMÓRIA DE SANTARÉM

Trata--se de um livro que, segundo VER-O-FATO "...reúne crônicas e artigos publicados durante 25 anos no jornal o Estado do Tapajós (já extinto) e no portal   www.oestadonet.com.br, editado a partir de Santarém pelo jornalista Miguel Oliveira, um dos organizadores da reedição, juntamente com Nicodemos Sena, diretor da editora Letra Selvagem."

Através do artigo “Memória de Santarém”, do jornalista Lúcio Flávio Pinto, será lançado dia 18, no MPF, em Belém - Portal de Notícias , tomamos conhecimento que:

 "O conjunto da obra transita entre o jornalismo e a sociologia, e explica as razões da secular estagnação econômica, social e política da Amazônia, sempre a reboque dos interesses dos governos centrais, desde a Colônia até os dias de hoje.

“O livro não trata exclusivamente dos acontecimentos de Santarém, a rigor, aborda as questões amazônicas desse lugar emblemático na história da região, desde a colonização– diz Miguel Oliveira. "

Justamente, Nelio Palheta comenta que:  Lúcio foi sempre atento, dedicado, estudioso, ousado e dono de um senso crítico profundo sobre muitos fatos que ocorriam e ainda ocorrem na Amazônia. Sem superficialidades ou autocensura, Lúcio apontou sugestões de solução para não reduzir seu jornalismo, a meras críticas.Jornalismo que ainda tem valor como retrovisor de uma visão sobre o futuro da Amazônia que, podemos dizer, não demorou muito para chegar, de maneira destruidora” -

Seu jornalismo considerado "visionario" não podia ser esquecido e , de fato, esta coletânea  será lançada no calor da COP 30, e é importante para os debates atuais e futuros, para que nada seja esquecido. É o corolário de uma trajetória do jornalista visionário, que viu o futuro bem à frente das forças que atuam na região."

O lançamento do livro tem o apoio do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor) e acontecerá " na sede do MPF [Rua Domingos Marreiros, 690 Umarizal – Belém-Pará], tem significado simbólico do papel do jornalismo profundo, ao lado de instituições que, por natureza ou missão, têm o papel de proteger bioma fundamental para o equilíbrio do clima global, que é a Amazônia.

Que bela ideia: justa e oportuna. Parabéns inclusive pela escolha do local, pois o MPF, por natureza ou missão, têm o papel de proteger o bioma fundamental para o equilíbrio do clima global, que é a Amazônia.





quinta-feira, 13 de novembro de 2025

CONTRA OS HORIZONTES CURTOS

 

... ou seja, o daquelas pessoas que não conseguem ver nada além do próprio umbigo...e ainda se metem a gritar besteiras...

Para que entendam um pouco vamos esclarecer alguns pequenos fatos que estão se repetindo estes dias:

- a COP30 não é sobre Belém nem somente sobre a Amazonia. Ela nasce para tentar salvar o planeta Terra da destruição. A luta é pelo clima que está mudando, a causa do uso, por exemplo, de algumas fontes de energia:  planejar o fim dos combustíveis fosseis é uma das suas urgências;

- A Amazonia, não é  somente brasileira, mesmo se a maior parte dela está aqui, mas  se extende pelas 3 ex Guianas, Venezuela, Perú, Bolívia, Colmbia, Equador, Suriname ...e somando seus habitantes chegam quase a 50milhões. Rir da afirmação da Janja a respeito é declarar a própria ignorância;

- nós conhecemos a Castanha do Pará, mas ela se encontra  nessa Amazonia que  vocês desconhecem, pois nem sabem que não somos nós os maiores exportadores dela. A Bolivia tem esse primato... Por isso a chamam de Castanha do Brasil no momento da exportação...

- e nem vamos  falar do '"phisales" o  nosso camapú, já desconhecido pelas duas ultimas gerações, mas que no Perú são açucarados e com bom conteudo de vitaminas A, C, ferro e fósforo. Suas inumeras propriedades medicinais são ignoradas por aqui. Além de termos perdido a borracha, vimos o cacau ir parar na Bahia por ao menos 60 anos... E assim vamos perdendo nossos possiveis primatos. Só falta perder o Açaí, também.

- na Amazonia so temos girafas de importação, mas ao defender a fauna mundial, como fazem os amigos da Bicharada de Juaba de Cametá, é necessário colocar todos os animais que ainda restam, aqui no Brasil e nos outros países também. Aos cametaenses todo o nosso respeito.

- As COPs nasceram para defender os  interesses “saudáveis”, até dos índios, que também são gente e continuam vivendo a margem da sociedade, como se não tivessem direitos. É necessária uma maior proteção dos territórios tradicionais além do reconhecimento da sua  participação concreta nas decisões. Eu admiro a coragem e audácia desses nossos irmãos. A eles todo o meu apoio.

Gente distraída e superficial... abram os olhos  e evitem repetir ignorâncias, como qualquer desavisado. Temos a oportunidade, estes dias, de confrontar nossa realidade com a de outros países, principalmente os mais pobres. Não estamos sós. Vamos dar as mãos e fazer uma luta única contra o aquecimento global. Notamos que ainda é preciso muita ação, implementação e controle para obtermos resultados.

Precisamos nos unir para monitorar o cumprimento de acordos e definir metas mais ambiciosas. O objetivo hoje é avançar nas negociações climáticas... É necessário, por exemplo,  incluir a saúde na agenda ambiental e, principalmente planejar, concretamente, o fim dos combustíveis fosseis. Não so Trump tem direito a criar... sanções.

Aguardamos o cronograma que define o abandono por todos os países, do uso de combustíveis fosseis, com metas, datas e orçamento compativeis.

São essas definições que esperamos da nossa COP DAS VERDADES  e o negacionismo  e outras picuinhas,  fruto de muita ignorância,  de nada ajudam nesse sentido.



domingo, 9 de novembro de 2025

COP30 EM BELÉM:

 oportunidades e desafios.

* Por Jaime Cuéllar Velarde [1]

 

Em 2023, Dubai, durante a COP 28, em fins de novembro e início de dezembro, as nações presentes optaram por discutir os rumos das alterações climáticas no globo no lugar mais apropriado possível. Por isso, escolheram o local mais próximo possível do maior arquipélago fluviomarinho do mundo, Marajó. A cidade eleita precisava emanar verde, floresta, vida. Então, escolheram Belém (PA), no Brasil. Justo a capital brasileira com a maior proporção de sua população vivendo em aglomerados “subnormais” (segundo o IBGE, cidade com favelas, palafitas, invasões etc.). Justo próximo do Marajó, espaço geográfico cheio de conflitos na convivência de seres humanos, lixo não tratado, sem água potável. Justo do estado com mais mortes motivadas por disputas de terras. A capital paraense, assim como outras tantas cidades amazônicas, tem os mesmo problemas e desafios.

A Amazônia carrega importâncias históricas e simbólicas. O que a Amazônia pode esperar vai muito além dos acordos formais e troca em questões fundamentais para o seu futuro. Espera-se a semeadura mágica de oportunidades, o que gera expectativas positivas para a Amazônia.

Inicialmente, será o centro das atenções mundiais. Lideranças globais vão debater sobre o clima do planeta. Isso gera uma pressão política e midiática internacional sem precedentes sobre os governos e empresas para apresentarem resultados concretos. Ao mesmo tempo, lideranças indígenas, quilombolas, ribeirinhos, cientistas e ativistas locais terão um palco de visibilidade única para apresentar suas demandas, soluções e conhecimentos tradicionais diretamente aos tomadores de decisão global. Portanto, é preciso sabedoria para utilizar este megafone com amplitudes globais.

Caso os discursos sejam erigidos com algum rigor científico, é possível que haja aceleração de mecanismos de financiamento considerando o recente (e lucrativo) mercado de carbono e pagamento por serviços ambientais. A COP poderá ser ambiente fundamental para buscar e ampliar acordos de financiamento baseados na manutenção da floresta em pé. Países e empresas ricos, sob pressão para cumprir metas de emissões, podem anunciar grandes investimentos em projetos de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e em créditos de carbono de alta qualidade originários da Amazônia. A Noruega, por exemplo, antes do início oficial do evento, já iniciou o leilão de ofertas com doação de 3 Bilhões de dólares para o Fundo das Florestas Tropicais para Sempre. A Alemanha, junto com a Noruega, em eventos anteriores já teve doações bem vultosas. Isto gera grande expectativa de anúncio de novos fundos bilionários de países desenvolvidos, bancos multilaterais e investidores privados para projetos de bioeconomia, conservação e desenvolvimento sustentável na região.

Caso o fenômeno de doações vultosas aconteça, a COP servirá como uma vitrine global para cadeias de valor sustentáveis. Sem sombra de dúvidas haverá impulso à bioeconomia e economia com a floresta em pé, com desmatamento zero (ou próximo a isso). Por conseguinte, é de se esperar um hiper valorização de produtos oriundos da sociobiodiversidade, como o açaí, a castanha-do-Brasil, óleos vegetais (andiroba, copaíba), pesca manejada e outros. Isso pode abrir novos mercados e atrair investimentos para negócios locais.

Sobre isso, o Historiador marajoara Wallamy Caldas, ao pesquisar comunidades do Rio Camarapí, no interior da cidade de Portel (PA), percebeu processos de cura holística que dão conta de saberes de plantas medicinais da floresta, entremeadas com curas espirituais. Se no mundo urbano temos centros médicos com departamentos de drogas e alas psiquiátricas, a floresta há séculos tem o mesmo, com nomenclaturas diferentes. Embora tais processos de cura sejam marginalizados, existem, resistem e persistem porque é funcional.

A atração de Green Business (grandes empresas com compromissos Ambiental, Social e Governança) compreenderão a COP30 como uma oportunidade para estabelecer parcerias e investir em startups e cooperativas da Amazônia, gerando emprego e renda a partir da floresta conservada.

Estes fatos, obviamente, estão no campo das especulações otimistas. Presumo que é necessário articular discursos meticulosamente para obter resultados positivos para a sociedade como um todo.

Para além dos investimentos do grande capital, é preciso esforços da governança política com relação ao combate ao crime ambiental. A história recente comprovou o quão perigoso é um governo que abre frestas para “passar a boiada”. Neste sentido, a questão amazônica passa por uma ampliação de cooperação internacional entre países amazônicos. Caso contrário será impossível monitorar e combater o desmatamento transfronteiriço, o garimpo ilegal e o tráfico de madeira, por exemplo.

O holofote global deve ser usado para pressionar governos federal e estaduais para fortalecer órgãos de fiscalização como o IBAMA e a Polícia Federal, no caso brasileiro. Mas países “hermanos” também devem cumprir tais metas.

Por fim, diálogo com saberes ancestrais deve estar acima de tudo. Os saberes tradicionais das florestas precisam usar a COP30 em Belém para tornar o evento em um palco privilegiado de encontros com o conhecimento científico ocidental e cartesiano. Isso é fundamental, haja vista que os donos da casa devem ser os primeiros a ter interesses atendidos. 

Desafios para não transformar sonhos em pesadelos.

Primeiro, o iminente risco do "Greenwashing" (Lavagem Verde). Sim, promessas vazias não são surpresa para os povos amazônicos que já presenciaram, e foram vítimas, de governos e empresas empenhadas em “terras sem homens para homens sem terra”. Hidrelétricas que jamais beneficiaram comunidades locais com “bicos de luz”, grandes pastos com ganados gordos que serviram e servem de sepulturas. Sem olvidar os “grandes projetos” que colocaram povos originários em covas rasas e enriqueceram grupos isolados que jamais pisaram na floresta.

Assim, há um risco real de que governos e empresas usem a COP30 para fazer anúncios grandiosos sem um plano de implementação claro ou mecanismos de transparência e prestação de contas. A Amazônia pode se tornar apenas um pano de fundo para marketing e alavancagem de negócios sem necessariamente beneficiar a região.

Ao mesmo tempo, considerando o melhor dos cenários com as vultosas somas chegando com a melhor das intenções, quando a região voltar à normalidade sem a presença de nossos ilustres visitantes, há de se pensar no “dia seguinte”. Então, a pergunta é: “O dinheiro chega a quem?”

Ainda que bilhões de dólares sejam prometidos, ainda que o dinheiro saia dos cofres do grande capital, ainda que chegue até a Amazônia, o maior desafio é garantir que esse dinheiro chegue de fato às comunidades locais. Este é, sem sombra de dúvidas, o maior temor de pequenos produtores e projetos de base tão acostumados a ouvir promessas e seguir em sinas de abandono. Ou, pelo menos, que os investimentos não fiquem presos em burocracias governamentais ou sejam desviados para tradicionais ONGs fantasmas e emendas parlamentares com fins duvidosos.

Outro cenário possível é a “floresta como empecilho”, como teme a historiadora Doutora em História Social, da Universidade Federal do Pará, Leila Mourão. Se a Amazônia já foi o “pulmão do mundo”, hoje seguem os discursos que veem este espaço como “salvação do mundo”. Em suma, temos o desafio dos interesses entre a “Velha” e “Nova” economias já em guarda na região. A pesquisadora teme a COP30 em Belém como um palco de conflitos entre os interesses do modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio (que muitas vezes avança sobre a floresta).  Esse tradicional modelo da bioeconomia possui vigorosos setores ligados ao desmatamento assentados em cadeiras legislativas ávidos para minimizar acordos que limitem suas atividades.

A COP terá o desafio de mudar a narrativa sobre a Amazônia. A região deve sair de "problema" ou uma "fonte de recursos a ser explorada" para a solução central para a crise climática global. Mas para isso, é vital atrair os investimentos e a atenção necessários para construir um novo modelo econômico que gere riqueza mantendo a floresta em pé. Este desafio é nosso. Empoderar, DE FATO, os povos da floresta como os principais guardiões e gestores desse patrimônio é o primeiro passo.

Nesta esteira de pensar a cidade e a floresta no mesmo binômio compondo o mesmo processo histórico, o pesquisador Doutor em História Social, da Universidade Federal do Para, Agenor Sarraf Pacheco, há muito alerta sobre “cidades-floresta”. Sua pesquisa a partir do município de Melgaço, no Marajó, cujo Indice de Desenvolvimento Humano é o pior do Brasil, desnuda matrizes culturais e sociais nascendo e coexistindo em simbiose. Saberes das matas adentram postos de saúde do Sistema Único de Saúde com naturalidade. É o “regime das águas” quem governa a Amazônia. E assim deve permanecer porque é funcional e atende as expectativas históricas dos moradores.

Isto torna o desafio colossal pois, a COP não é um evento brasileiro. É transnacional. Qualquer plano de ação deverá contemplar as demais nações amazônicas. Desta forma, Peru, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Guianas (Francesa e Holandesa), Suriname, Equador, perfazem o conjunto de nações amazônicas. A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), um organismo intergovernamental dedicado a promover a cooperação regional para o desenvolvimento sustentável da Bacia Amazônica. Portanto, é necessário compreender que possíveis investimentos não são única e exclusivamente para serem geridos pelo governo do estado do Pará. A COP é um evento global. Belém é somente a sede do evento.

A COP não é o “santo graal”. Ela é uma ferramenta poderosa e um ponto de partida. O sucesso real será medido nos anos seguintes, pela redução concreta do desmatamento, pelo fluxo de recursos para comunidades e pelo surgimento de uma economia próspera e sustentável na região. A Amazônia pode esperar uma janela de oportunidade única, mas caberá aos seus líderes, à sociedade civil e aos governos a tarefa de mantê-la aberta e garantir que os frutos beneficiam a floresta e sua gente. Nós, formadores de opinião e consciência ambiental, temos o dever registrar e cobrar. 



[1] Licenciado Pleno e Bacharel em História, Especialista em Ensino de História do Brasil, Mestre em Comunicação, Linguagens e Cultura, Doutorando em História Social da Amazônia. Pesquisador de memórias da resistência à ditadura na Amazônia. Autor da obra “Memórias & Sentimentos do Golpe Civil-militar. Estudos Culturais e História Oral na Amazônia Paraense” (2015).

 

 

sábado, 8 de novembro de 2025

PALAVRAS SENSATAS...ou não?

 Vamos dar uma volta pelos problemas em discussão na Europa.

O General da FOLGORE,  MARCO BERTOLINI, opinou recentemente sobre...PAZ. Vamos traduzir a sua opinião para pensarmos se são realmente AS UNICAS PALAVRAS SENSATAS a respeito dessas guerras que temos por ai.

FOLGORE, significa “raio” em português e dá nome a Brigada de Paraquedistas "Folgore" do Exército Italiano. O General assim se expressou:

Precisamos nos dar conta, sobretudo para o bem de nossos filhos e de quem vier depois de nós, porque depois será muito tarde. A União Europeia de  Ventotene, de Spinelli e da Paz, não mais existem, caso tenham existido algum dia. Morreu sustentada pelo apoio dado aos  "guerreiros" ou "fomentadores de guerra" na Ucrania e com a guerra contra a Federação Russa. Agora está nas mãos de aventureiros imundos que, por interesses pessoais e o vil dinheiro, se reúnem sob o comando de uma nação, o Reino Unido, que repudiou a Europa Unida, saindo depois de um referendum e agora, colocando-se a frente  dos países europeus que sobraram, querendo levar todos à guerra para realizar o seu objetivo histórico, aquele de destruir a Russia para desmembra-la em tantos pequenos países vassalos e assim depredar com seu clássico espirito colonialista, seus imensos recursos.

As elites europeias, esquecidas das catástrofes que acabaram tendo todos aqueles que, a partir da Confederação polaco-lituana em 1632-1634, ao Imperio sueco em 1788-1790, de Napoleão em 1813 até Hitler em 1941, tentaram conquistar os territórios russos e hoje gostariam de atacar de novo a Russia levando mais uma vez guerra e destruição na Europa.

O paradoxo é que esta guerra é desejada por todos aqueles que agitaram bandeiras, até agora com  as cores da paz  e com discursos fúteis e sem fundamentos sobre a Europa da Paz, de Liberdade e de Democracia, exatamente no momento  em que USA e a Federação Russa estão tentando um acordo de paz. Falsos, mais falsos do que uma nota de 1 Euro.

Por este motivo espero vivamente, que esta horrível União Europeia, oligárquica, “guerrafondaia”, autoritária e antipopular tenha um falimento próximo e que os Estados realmente soberanos, encontrem formas de colaboração e cooperação diferentes  daquelas atuais, que tendam à Paz e ao bem estar social e econômico dos seus cidadãos.” 


LE UNICHE PAROLE SENSATE VENGONO DAL GEN. DELLA FOLGORE MARCO BERTOLINI:

“Rendiamocene conto prima, soprattutto per il bene dei nostri figli e di chi verrà dopo di noi, perché dopo sarà troppo tardi. La UE di Ventotene, di Spinelli e della Pace, non esiste più, se mai fosse esistita. È morta con il sostegno guerrafondaio dato all'Ucraina e con la guerra contro la Federazione Russa. Ora è nelle mani di luridi avventurieri che, per proprio tornaconto e vile danaro, si riuniscono sotto il comando di una nazione, il Regno Unito, che ha ripudiato l'Europa unita fuoriuscendone con un referendum ed ora, mettendosi a capo dei restanti Paesi europei, vuole portarci tutti in guerra per realizzare il suo obiettivo storico, quello di distruggere la Russia per smembrarla in tanti piccoli stati vassalli e depredarne con il loro classico spirito colonialista le sue immense risorse.

Le elites europee, immemori delle catastrofi verso cui sono andati incontro tutti coloro che, dalla Confederazione polacco-lituana nel 1632-1634 all'Impero svedese nel 1788-1790 , da Napoleone nel 1813 a Hitler nel 1941, hanno tentato di conquistare i territori russi, oggi vorrebbero di nuovo attaccare la Russia portando ancora una volta guerra e distruzione in Europa.

Il paradosso è che questa guerra la vogliono tutti coloro che hanno sbandierato fino ad ora i colori della pace e ciarlato di Europa di Pace, di Libertà e di Democrazia proprio nel momento in cui USA e Federazione Russa stanno trovando un accordo di pace. Falsi, più falsi di una banconota da 1€.

Per questo motivo spero vivamente che questa orribile U.E, oligarchica, guerrafondaia, autoritaria e antipopolare, fallisca presto e che Stati veramente sovrani trovino forme di collaborazione e cooperazione diverse da quelle attuali tendenti alla Pace e al benessere sociale ed economico dei loro cittadini.”



terça-feira, 4 de novembro de 2025

POR QUE SÓ CONTRA “RAVES"

 

Gera perplexidade e muita contrariedade a leitura sobre essa ação popular contra "raves", não porque sejamos contra; mas, por não conseguirmos entender, nem assimilar, porque a área tombada da Cidade Velha não merece a mesma reação da parte do MPPA; apesar da CIVVIVA reiteradamente denunciar e demonstrar os abusos cometidos por aqui...

Seria porque agora são “mulheres” a denunciar?

Os esforços da CIVVIVA não objetivam o isolamento da Cidade Velha, e sua vedação a atividades humanas. Afinal, é o território originário de Belém, e precisa cumprir também suas funções sociais e econômicas, para que possa ter vida própria, pulsante e sustentável; com a permissão da permanência de atividades de baixo impacto. 

Tudo isso, porém,   sem expor a risco de descaracterização ou desaparecimento do seu peculiar acervo de edificações históricas; além de respeitar também o sossego de seus moradores.

Não sabemos o que mais precisamos fazer para sermos ouvidas, e termos os mesmos resultados, concretamente, contra os ruídos de todos os tipos que temos por aqui. A proteção ambiental do patrimônio histórico envolve a preservação tanto do meio ambiente natural quanto do cultural, reconhecendo que um influencia o outro. Quem não entende isso?

Não entendemos o comportamento do MPPA: por que não demonstra o mesmo cuidado para evitar poluição sonora e outras agressões e abusos na Cidade Velha e em todo o Centro Histórico? Também sentimos a ausência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ao qual também enviamos denúncias: não deveria coordenar ações de preservação?  A poluição sonora é normalmente ignorada por todos. Mesmo a recente lei contra os “fogos” não é controlada por ninguém.

Até os alvarás e autorizações de entidades públicas para a realização de eventos, e para a instalação de estabelecimentos de diversões noturnas, emitidos para a área tombada, deveriam ser melhor avaliados.  Até isso já pedimos atenção. Não somente pelo desrespeito as distancias previstas no art.81 do Código de Postura, mas também pela ausência de previsão de estacionamento para os clientes.

Sabemos que tais eventos atraem grande afluxo de pessoas e de automóveis naquelas áreas mais sensíveis, com inúmeras edificações históricas compondo uma paisagem urbana que identifica nossa Belém, portanto, é de interesse para preservação do patrimônio cultural. Essas edificações históricas foram erigidas com materiais e sistemas construtivos de décadas ou séculos atrás, e sofrem danos cumulativos provocados pela intensa trepidação do trânsito de veículos automotores muito pesados, como carretas e ônibus, e a vibração das ondas sonoras frequentes da poluição sonora, ameaçando a existência de todo o patrimônio cultural, histórico e artístico daquelas áreas, seja ele de propriedade pública ou privada. 

As calçadas deixaram de ser ... para pedestres. Se tornaram prolongamento das atividades não contidas na área autorizada. O cidadão continua perdendo seus direitos.

Semana passada fizemos uma ‘’via sacra“  (*) por diversas instituições públicas, procurando ter esse resultado que hoje tomamos conhecimento ser possível. Na ocasião, fomos orientados pelos atendentes a procurarmos os prepostos das instituições em postos mantidos em "shopping centers" muito distantes do Centro Histórico (**), ... e hoje fomos surpreendidos com a leitura dessa noticia sobre possível proibição de "raves"  feito esse por um MPPa, situado na Cidade Velha.

QUE DESILUSÃO, aliás, nos sentimos profundamente ofendidas, como  Associação declarada de Utilidade Pública com  LEI Nº 9368 DE 23 DE ABRIL DE 2018. Que dedução devemos tirar de tal ação, de tal comportamento?  Parece até um acinte contra a racionalidade, e a persistente atuação da CIVVIVA na luta pela legalidade.

(*) https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2025/10/inacreditavel.html

(**)