quarta-feira, 15 de junho de 2011

Mercado Bolonha perde a beleza das pedras de lioz

Relativamente a noticia publicada neste blog, o jornal O Liberal publicou a nota abaixo

REFORMA

Obra está retirando as pedras portuguesas, Prefeitura diz que vão para outro local.

Os trabalhadores do entorno do Mercado Bolonha, no Ver-o-Peso, reclamam da retirada das pedras de lioz, conhecidas como portuguesas, que formavam a calçada do local. As pedras são consideradas patrimônio cultural e, assim como prédios e outras construções, protegidas pela lei municipal de número 7.709/1994. No entanto, como parte da reforma do mercado, elas foram substituídas por pedras do tipo cariri, consideradas de qualidade inferior, e o material retirado foi acumulado nas calçadas, o que dificulta o trânsito de pedestres.

O comerciante Raimundo Veloso, 80 anos, é proprietário de uma casa comercial instalada no Mercado. No entanto, em função da reforma no local, que já dura quatro anos, seu estabelecimento passou a ser localizado na via lateral. Há 40 anos trabalhando na área, o comerciante explica que as pedras portuguesas começaram a ser retiradas aproximadamente há duas semanas. O motivo seria o fato da calçada se tornar escorregadia durante as chuvas, causando inúmeros acidentes com pedestres. "O piso de fato ficava liso, mas não concordo com a retirada. As pedras portuguesas já existiam muito antes de eu vir trabalhar aqui e fazem parte do nosso patrimônio cultural, da nossa história", defende.

Raimundo diz que as rochas foram substituídas por outras do tipo cariri, com qualidade inferior. "Trocaram as portuguesas, que durariam pela vida inteira, por essas que nem terminaram de ser colocadas, e já estão saindo ou se quebrando". As pedras retiradas estariam sendo levadas por caminhões da empresa ou sendo acumuladas na calçada e nas ruas próximas ao local. "Ninguém sabe para onde estas pedras, que devem ter alto valor comercial estão indo. As outras ficam aqui acumuladas, causando acidentes com os pedestres que precisam passar por aqui. E, ninguém diz um prazo para que a obra da calçada e do Mercado realmente seja concluída", reclama.

O arquiteto Akel Fares Filho, do Programa Monumenta, do governo federal, que está sendo executado pela Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel), explicou por telefone que a retirada das pedras de lioz foi feita "porque estavam muito quebradas". No entanto, ele garante que elas serão recolocadas na calçada de acesso ao Mercado, pela rua 15 de Novembro, e nas marcações das entradas pela avenida Boulevard Castilhos França e pelas vias laterais. "Se tivéssemos lioz para toda a calçada, nós colocaríamos. Mas não é possível, em função do estado em que as pedras se encontravam", destaca o arquiteto. A previsão da conclusão da obra no calçamento é de 15 dias, e as pedras que sobrarem, deverão ser encaminhadas para a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), que conta com um depósito para recolher os materiais.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Peguei um taxi, ontem....

E dai?
É que o taxista estava furioso. Me contou que caminhões sobem e descem a Ladeira do Castelo, ou seja, aquela ruinha que passa entre o Forte do Castelo e o MAS.
Disse que:
- desde que inauguraram o "trenzinho que não anda", caminhões com ou sem açai, usam aquela estradinha para chegar a Feira do Açai;
- na sua opinião, foi a trepidação causada por tanto movimento, que fez cair um daqueles casarões utilizados pela igreja;
- que por um curto periodo de tempo, pararam de passar por ali, mas que agora era um vai-vem a partir das 19 horas até as 5 da manhã;
- que não tem ninguem da CTBEL para tomar providências, e nem, ao menos, um pedaço de arame para evitar tanto transito;

Ele, indignado, concluiu "quando cair outro casarão, todos vão se perguntar "como então?"

Vejam so, ele não é um "profissional do patrimonio", mas um cidadão que presta atenção ao que acontece na sua cidade. Se todos os funcionários públicos fossem como ele, quem sabe nosso patrimonio estaria bem melhor... . Na verdade, não so o nosso patrimônio, mas a cidade inteira.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

CALÇADA DE LIÓS: RESPONDE O IPHAN

RECEBI HOJE E REPASSO

Prezados Senhores e Senhoras,
Agradeço a informações e as fotos enviadas. Em atenção à mensagem e a informação repassada pelo Pedro Paulo, logo pela manhã, estive no Mercado de Carne, acompanhada do arquiteto Akel Fares da Prefeitura, o qual esclareceu tratar-se de obra realizada pela Seurb a qual está acompanhando e orientando.
Segundo o arquiteto, como havia muitas falhas no pavimento das calçadas que circundam o edifício, à exceção da calçada posterior, pela rua 15 de novembro, que se encontra praticamente completa, a equipe responsável pela obra optou por concentrar o pavimento de lioz nas quatro entradas do Mercado além de manter o pavimento da calçada da 15 de Novembro. As demais áreas de onde foi removido o lioz receberão revestimento de pedra cariri.
Assim, as pedras removidas serão reassentadas marcando as quatro entradas do edifício. A calçada pela quinze permanecerá revestida de lioz, devendo ser recuperada e nivelada.
Att.,
Maria Dorotéa de Lima
Iphan/Pará

P.S. Segundo trabalhadores daquela área, um caminhão ja levou um bocado dessas pedras .Francamente gostaria de saber onde foram parar. Quem sabe daria para fazer outro pedaço de calçada.

sábado, 4 de junho de 2011

PARA ONDE ESTÃO LEVANDO AS PEDRAS DE LIÓS???



Recentemente soubemos dos jornais que aprovaram o “tombamento” da Cidade Velha e da Campina.

Muitos de nós se perguntam onde fica esse bairro chamado “Campina”, aqui em Belém. Se você for ver as placas nas ruas é capaz de estar escrito “Comércio”. É, mas no tempo de Landi, do lado de lá do igarapé (ou alagado) do Pirí ficava a Campina, do lado daqui, a Cidade Velha. Isto no século XVIII.

Pois bem, no período da borracha as ruas desses dois bairros tiveram suas calçadas cobertas com “pedra de liós”. Por motivos vários, cada conserto de nossas calçadas no século XX, faziam desaparecer essas pedras, até que com uma lei de 1994, algo mudou, ou, pensávamos que ia mudar.

A CÂMARA MUNICIPAL DE BELÉM sancionou a Lei 7.709 que decidia sobre nossos Centro Histórico dizendo que:

Constituem o Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do Município de Belém os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, relacionados à identidade, à memória, à ação dos grupos formadores da sociedade belenense, dentre os quais se incluem:

...

V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico, inerentes às reminiscências da formação de nossa história cultural, dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.

Casas e calçadas se tornaram Patrimônio Histórico. Mexer nelas deveria ter se tornado mais difícil, em vez... continuaram, umas a cair e outras a desaparecer.

Aquilo que tinha sobrado, porém, tinha que ser salvaguardado, daí resolveram “preservar” o Ver-o-Peso. Bem ou mal fizeram algo do lado de lá da estrada, na parte que fica na beira do Rio. Há alguns anos, atravessaram a rua e decidiram “conservar” algo do lado daqui também: foi a vez do nosso Mercado da Carne, assim o fecharam para restauro.

Quem viveu e trabalhou dentro daquele Mercado, já está reclamando desse restauro. Vendedores de carne e de temperos, porém, não tem direito a dar opinião a respeito do restauro. Dizem porém, que não era daquele jeito quando trabalhavam la, muito tempo atrás.

Quem passa pela rua também nota diferenças: cadê as pedras de liós da calçada? Pois bem, foram tiradas e colocadas num canto da rua e um caminhão já levou uma parte embora. O que sobrou, não vai levar muito tempo para desaparecer, também. Na calçada,vemos que o revestimento é outro: tem uns quadrados de um material que esperamos agüente ao menos uma ano de chuva e trepidação...

De acordo com Cesare Ferrari, arquiteto e consultor do Instituto Internacional do Mármore, um dos maiores especialistas italianos em rochas ornamentais, a pedra de liós é nada mais do que mármore.(Segundo Wikipédia, em vez, Lioz ou pedra lioz é um tipo raro de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores). Há graduações na qualidade desta pedra, mas isso não vem ao caso neste momento: fato é que, aqui em Belém, essa pedra é “tombada”.

Em Manaus, em 2007 uma polêmica ocupou os jornais: As obras de restauração do Mercadão foram embargadas pelo instituto (IPHAN) porque a Prefeitura vai trocar a pedra de liós por cerâmica. Segundo o instituto, a pedra de liós é patrimônio histórico e artístico nacional, não pode ser trocada por um revestimento, digamos, moderno. (http://omalfazejo2.wordpress.com/2007/10/16/salvem-a-pedra-de-lios/).

Com certeza isso vale para Belém também, então, como é que substituíram as pedras de liós da calçada do nosso Mercado? Para onde as estão levando? Que fim vão dar nelas?

Agora, imaginem se não fossem tombadas, em duas esferas diferentes!!!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

PICHAR VIROU CRIME

Quando determinados comportamentos chegam a um nível insuportável, providências precisam ser tomadas. Na verdade, seria mais oportuno evitar chegar a tal ponto, mas aqui, isso não acontece. Muitíssimos são os exemplos de maus comportamentos para os quais nenhuma providência foi tomada...

Levando em consideração essa nossa realidade, merece aplausos a publicação no DOU do dia 26 de maio de 2011 da Lei 12.408. Ela nasce para alterar “o art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, dispondo sobre a proibição de comercialização de tintas em embalagens do tipo aerossol a menores de 18 (dezoito) anos, e dá outras providências”.

Importante notar a obrigatoriedade de escrever nas embalagens dos produtos que “PICHAÇÃO É CRIME (ART. 65 DA LEI Nº 9.605/98). PROIBIDA A VENDA A MENORES DE 18 ANOS “ .

O Art. 6o da Lei, estabelece que: O art. 65 da Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação:

“Art. 65. Pichar ou por outro meio conspurcar edificação ou monumento urbano: Pena - detenção, de = (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

§ 1o Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada em virtude do seu valor artístico, arqueológico ou histórico, a pena é de 6 (seis) meses a 1 (um) ano de detenção e multa.

§ 2o Não constitui crime a prática de grafite realizada com o objetivo de valorizar o patrimônio público ou privado mediante manifestação artística, desde que consentida pelo proprietário e, quando couber, pelo locatário ou arrendatário do bem privado e, no caso de bem público, com a autorização do órgão competente e a observância das posturas municipais e das normas editadas pelos órgãos governamentais responsáveis pela preservação e conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.” (NR)

A Lei 9.605 acima citada trata de crimes ambientais e dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. É muito interessante a sua leitura pois, inclusive, determina a pena de três anos e multa para quem “alterar o aspecto ou a estrutura de edificação ou local protegido por lei...” (art. 63). Para quem deturpou a Cidade Velha com janelões-vidro fumê, essa lei não valeu.

Relativamente a conspurcação de imóveis e monumentos, esperamos ansiosamente que a nova lei dê resultados positivos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

UM APERITIVO INSÓLITO

Tem lugares no mundo onde o povo é mais sensível aos problemas da cidade e do ambiente onde vivem. Andar de bicicleta, por exemplo, nem sempre significa que não tenhas dinheiro para comprar um carro, mas pode ser uma opção a favor do ambiente. Não usar sacolas de plástico, é outra forma de defender o ambiente.

Uma Associação cultural italiana lançou uma campanha de novo tipo para sensibilizar o cidadão sobre a poluição sonora nas ruas da cidade, começando pelo Centro Histórico. Querem aumentar a “percepção consciente” do cidadão relativamente ao problema da poluição acústica.

Trata-se de um ciclo de aperitivos e reflexões sobre a “paisagem sonora” da cidade. Um aperitivo insólito tanto pelo local escolhido como nas motivações. Escolhem um bar numa rua movimentada e colocam um aparelho que releva o barulho da rua. Um fotografo documenta em tempo real o caos urbano e, na “hora do aperitivo” (normalmente quando sais do trabalho), coloca os rumores recolhidos por um microfone.

É um ciclo de encontros. Fazem publicidade dos locais onde farão a "reflexão". Ficam uns dez dias em cada bar de ruas caóticas. Vão propor também documentários, soundscape compositions, videointrevistas, todas sobre o tema da poluição sonora.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Historia das "terras de Marinha"...

Só um pouquinho...

A CODEM diz que "...a área em questão constitui "propriedade plena" do município de Belém por estar inserida na faixa de terra denominada "Primeira Légua Patrimonial de Belém". Aduziu que, os documentos que instruíram a constituição do patrimônio fundiário da cidade de Belém têm história definida e remontam à época da colonização do Brasil (1627). Sustentou ainda que a Primeira Légua Patrimonial de Belém é propriedade do Município de Belém desde a 2ª década do século XVII, precisamente em 01.09.1627, data da "Carta de Doação e Sesmaria" firmada por Francisco Coelho de Carvalho, então Governador e Capitão-Geral do Estado do Maranhão. Pelo instrumento, a faixa de terra denominada "Primeira Légua Patrimonial de Belém" passa a ser de propriedade do antigo Conselho da Câmara da Cidade de Belém (hoje Município de Belém). Formalizada a doação, a Câmara da Cidade tomou posse desse patrimônio em 29.03.1628, perante o ouvidor-geral Pedro Teixeira. A demarcação da légua doada foi realizada em 20.08.1703.
Em Ação Civil Pública, a CODEM afirma que desde a doação e até mesmo à época em que a Carta de Sesmaria foi confirmada, em 1708, nada havia sobre terrenos de marinha. "Somente depois desses atos jurídicos se tornarem perfeitos e acabados", é que a Coroa Portuguesa veio a editar alguns atos relacionados com as chamadas "Marinhas" sem que houvessem exclusões de qualquer trecho às margens dos igarapés que então cortavam a cidade e seus arredores, dentro da Légua que havia sido doada...."