Recentemente soubemos dos jornais que aprovaram o “tombamento” da Cidade Velha e da Campina.
Muitos de nós se perguntam onde fica esse bairro chamado “Campina”, aqui em Belém. Se você for ver as placas nas ruas é capaz de estar escrito “Comércio”. É, mas no tempo de Landi, do lado de lá do igarapé (ou alagado) do Pirí ficava a Campina, do lado daqui, a Cidade Velha. Isto no século XVIII.
Pois bem, no período da borracha as ruas desses dois bairros tiveram suas calçadas cobertas com “pedra de liós”. Por motivos vários, cada conserto de nossas calçadas no século XX, faziam desaparecer essas pedras, até que com uma lei de 1994, algo mudou, ou, pensávamos que ia mudar.
A CÂMARA MUNICIPAL DE BELÉM sancionou a Lei 7.709 que decidia sobre nossos Centro Histórico dizendo que:
Constituem o Patrimônio Histórico, Artístico, Ambiental e Cultural do Município de Belém os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, relacionados à identidade, à memória, à ação dos grupos formadores da sociedade belenense, dentre os quais se incluem:
...
V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, arquitetônico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico, inerentes às reminiscências da formação de nossa história cultural, dotados pela natureza ou agenciados pela indústria humana.
Casas e calçadas se tornaram Patrimônio Histórico. Mexer nelas deveria ter se tornado mais difícil, em vez... continuaram, umas a cair e outras a desaparecer.
Aquilo que tinha sobrado, porém, tinha que ser salvaguardado, daí resolveram “preservar” o Ver-o-Peso. Bem ou mal fizeram algo do lado de lá da estrada, na parte que fica na beira do Rio. Há alguns anos, atravessaram a rua e decidiram “conservar” algo do lado daqui também: foi a vez do nosso Mercado da Carne, assim o fecharam para restauro.
Quem viveu e trabalhou dentro daquele Mercado, já está reclamando desse restauro. Vendedores de carne e de temperos, porém, não tem direito a dar opinião a respeito do restauro. Dizem porém, que não era daquele jeito quando trabalhavam la, muito tempo atrás.
Quem passa pela rua também nota diferenças: cadê as pedras de liós da calçada? Pois bem, foram tiradas e colocadas num canto da rua e um caminhão já levou uma parte embora. O que sobrou, não vai levar muito tempo para desaparecer, também. Na calçada,vemos que o revestimento é outro: tem uns quadrados de um material que esperamos agüente ao menos uma ano de chuva e trepidação...
De acordo com Cesare Ferrari, arquiteto e consultor do Instituto Internacional do Mármore, um dos maiores especialistas italianos em rochas ornamentais, a pedra de liós é nada mais do que mármore.(Segundo Wikipédia, em vez, Lioz ou pedra lioz é um tipo raro de calcário que ocorre em Portugal, na região de Lisboa e seus arredores). Há graduações na qualidade desta pedra, mas isso não vem ao caso neste momento: fato é que, aqui em Belém, essa pedra é “tombada”.
Em Manaus, em 2007 uma polêmica ocupou os jornais: As obras de restauração do Mercadão foram embargadas pelo instituto (IPHAN) porque a Prefeitura vai trocar a pedra de liós por cerâmica. Segundo o instituto, a pedra de liós é patrimônio histórico e artístico nacional, não pode ser trocada por um revestimento, digamos, moderno. (http://omalfazejo2.wordpress.com/2007/10/16/salvem-a-pedra-de-lios/).
Com certeza isso vale para Belém também, então, como é que substituíram as pedras de liós da calçada do nosso Mercado? Para onde as estão levando? Que fim vão dar nelas?
Agora, imaginem se não fossem tombadas, em duas esferas diferentes!!!
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