quinta-feira, 7 de novembro de 2019

NOVIDADES SONORAS NO CÉU DE BELÉM


Novidades sonoras no céu de Belém
Antonio Carlos Lobo Soares*

Não sei se vocês perceberam as novidades sonoras de outubro, no céu de Belém do Pará. A primeira delas não é tão nova, veio com as chuvas antecipadas de inverno. Considerado como um dos sons da natureza mais antigos que se tem conhecimento, o trovão veio logo com o término do Círio, como um recado do Criador para mostrar quem de fato pode fazer mais ruído aqui na terra.

Com as nuvens baixas, os sons dos trovões invadiram residências, comércios e serviços, deixando todos apreensivos e alertas, em especial as crianças, pelo inusitado, e os cães, pela alta sensibilidade auditiva que possuem. Consequência dos ventos fortes que acompanham os relâmpagos e os trovões, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi o som da queda de uma árvore apavorou os responsáveis pela sua flora e fauna.

A segunda novidade sonora é consequência da revitalização da pista principal 06/24 do Aeroporto Internacional Júlio Cezar Ribeiro - Val-de-Cans, que inclui “o reforço da estrutura do pavimento, o recapeamento dos seus 2.800m x 45m, a recuperação do sistema de balizamento luminoso e sinalização horizontal. A conclusão da reforma está prevista para julho de 2021”.   

Com essas obras, pousos e decolagens estão sendo realizados pela pista auxiliar 02/20, com 1.830m x 45m, que possui todas as condições técnicas para atendimento da demanda. No entanto, devido a sua angulação com a cidade, alguns dos 112 voos diários, entre 0h e 11h, agora passam sobre o centro de Belém, fazendo com que as pessoas percebam que há algo diferente no céu.  

A terceira novidade sonora no céu de Belém é veiculada em um avião monomotor, que circula diariamente, entre 10 e 11h, propagandeando a chegada “do maior parque de diversões itinerante do Brasil”. Não se trata de uma faixa pendurada no avião que víamos na Belém antiga, sem prédios altos, e que hoje encontra-se sobre as cidades praianas. Refiro-me a uma mensagem de áudio propagada por meio de corneta, bobina e amplificador, perceptível ao nível do solo.

Devido a potência sonora da fonte, foi possível perceber, mesmo com a rapidez do avião, que a maior atração do parque é a roda gigante mais alta do país, com 40 m. A primeira impressão que tive era de ser mais uma propaganda de rua, até o avião passar acima da minha cabeça. Não sei se há restrição para este tipo de atividade, mas fico pensando se esta moda pega! Será que Belém ganhará o título de capital pioneira de poluição sonora aérea? É esperar para ver!


* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.

Um comentário:

Anastácio Trindade disse...

O avião passar pelo centro vem de priscas eras. Sempre que surge um problema na pista principal essa rota é resgatada.