segunda-feira, 26 de março de 2012

VAMOS PARAR PARA PENSAR



A Associação Cidade Velha-Cidade Viva teve seu inicio em 2006 e foi registrada dia 12/01/2007, em coincidência com o aniversário de Belém.

Ao fundá-la, achavamos que a união das pessoas era um passo fundamental para o resgate da cidadania, viabilizando assim o convívio civilizado e uma vida mais prazerosa. Esta portanto foi a forma que encontramos de presentear o bairro cujas origens coincidem com a fundação da cidade em janeiro de 1616, numa tentativa de preservar suas qualidades e características históricas.

Era nossa idéia fundar a Associação Cidade Velha-Cidade Viva (CiVViva), para representar a comunidade do bairro, não apenas na reivindicação dos seus direitos de cidadãos mas também contribuir com a Administração Pública no sentido de defender esse Bairro, qual patrimônio histórico da Cidade de Belém.

Iniciamos cheios de brios. Acreditando na competência dos Órgãos Públicos, começamos a procurá-los pra resolver nossos problemas, cooperando com eles. Como as palavras podiam ser levadas pelo vento, passamos a escrever, também, assim tínhamos algo em mãos para provar nossos pedidos.

Um sucesso total a parceria iniciada com a Policia Militar que, com as “bicicletas azuis” doadas pela Civviva, reforçaram, quais Anjos da Guarda, o cuidado com a nossa segurança. Os resultados chegaram, imediatamente. Com altos e baixos acabamos tendo hoje muito mais tranquilidade no bairro. Estamos contentes com isso. Agradecemos..

Nos alargamos com os pedidos, sinalizações, reclamações e denuncias:
. Parar com o jogo de bola na Praça do Carmo;
- a poda das mangueiras cheias de erva de passarinho;
- falta d’agua, regularmente e sem aviso, além dela chegar “marrom”, as nossas torneiras;
- abertura das ruas fechadas, abusivamente;
- estacionamento irregular nas calçadas de lios;
- proliferação dos “flanelinhas”;
- esgotos a céu aberto;
- bueiros sem grade;
- canal da Tamandaré;
- “comelodromo” na Praça República do Líbano;
- falta de sinalização do transito nas ruas do bairro;
-etc., etc., etc.,

Com o passar de poucos anos o carnaval começou a crescer ao ponto de atrapalhar até as missas.  A total falta de educação das pessoas, já bêbadas, nos levou ao Ministério Público, mas foi a Tamandaré que foi fechada aos carnavalescos.

Paralelamente, fazíamos outras coisas:
- Levamos as crianças do Beco do Carmo até o MABE cuja direção sentiu a necessidade de aproximar as crianças do bairro a realidade do Museu.
- Uma Oficina de Canto Coral foi feita para as crianças, em parceria com o Curro Velho.
- Oficina de papel de fibra e Argila e Oficina de Miriti e madeira, para adultos, foi organizada, sempre com a ajuda do Curro Velho.
- Uma oficina "Escola de Escritores" realizada pela CiVViva, em parceria com do Grupo de Memória e Interdisciplinaridade, da Faculdade de Engenharia Civil, da UFP, teve inicio depois de um “vestibular” que viu mais de 150 inscritos;;
- um livro, "CIDADE VELHA-CIDADE VIVA", resultado dessa oficina, foi lançado.
- A parceria com a PM montada nas "nossas bicicletas azuis".começou a dar resultado pois fomos informados da diminuição de 35% dos assaltos na Praça do Carmo e entorno em um mês. Era “Segurança Cidadã, Responsabilidade Compartilhada” que começava a dar resultado.
- Reuniões e esclarecimentos acerca do projeto Monumenta, de Financiamento para recuperação de imóveis privados. Quase 50 pedidos foram feitos.
- oficina de Tai-chi-chuan na Praça do Carmo,

Enquanto outras ações tinham inicio, voltamos as cartas, pedindo o respeito das leis em vigor e ignoradas até pelo Governo do Estado, durante manifestações na Praça do Carmo.  Tínhamos notado também que os ladrões tinham voltado a agir, no horário em que as bicicletas não estavam nas ruas.

Viemos a descobrir,  porém, em meados de 2009, que as verbas federais, referente ao Programa de Revitalização de Áreas Urbanas Centrais, não tinham sido repassadas ao município de Belém porque no decurso de um mesmo ano, nenhum resultado concreto tinha sido apresentado. A Prefeitura perdeu o prazo para prestar as informações necessárias à Secretaria Nacional de Programas Urbanos, do Ministério das Cidades.

Daí,  em 2010 descobrimos, em vez, que nenhum dos 48 pedidos de financiamento de moradores da Cidade Velha  para recuperação de imóveis privados, através do programa Monumenta, tinha sido autorizado. Além do mais o dinheiro tinha acabado  ou, quem sabe, tinham esquecido de renovar em tempo o pedido.

Mais adiante, numa bela manhã de  novembro de 2010 acordamos “tombados” pela União.  Toda a área histórica da Cidade Velha e o bairro da Campina tinham sido considerados Patrimônio Histórico, pelo IPHAN, e os interessados teriam 15 dias para se opor ou não. A Lei saiu no ano seguinte, mas sua regulamentação nós ainda não vimos.

Os moradores da Cidade Velha até hoje não sabem quais vantagens tem em serem guardiães de bens tombados que não podem ser tocados, enquanto a CDP é bem capaz de poder “desmontar” os galpões 11 e 12, também tombados, enquanto nós, aqui  da Cidade Velha, nem direito a garagem, temos, em vez...

Não satisfeitos com as incongruencias que viamos, em dezembro de 2011 entregamos a várias autoridades (Secretários do Estado e do Município) um abaixo assinado pedindo que as praças da Cidade Velha não fossem usadas para “estacionamento” (concentração) de blocos carnavalescos, porque claramente em contradição com  todas as leis e códigos de Postura e de Patrimônio. Que este bairro tombado fosse usado so para a passagem dos blocos. Em vez...???

As árvores continuam até hoje com suas ervas de passarinho; a praça do Carmo, continua sendo usada como campo de futebol; a água continua a sair “marrom” das torneiras... quando tem;  o transito de vans veio adicionar-se aos dos ônibus e carretas, aumentando a trepidação das casas nesse bairro tombado; os bueiros continuam sem tampa e as lixeiras sem fundo; o canal da Tamandaré continua o mesmo, porém, com asfalto novo sobre  aqueles bloquetes absurdos; o “comelódromo” da Pracinha da igreja de S.João, até aumentou, assim como o lixo ao redor da obra prima de Landi; as ruas continuam sem sinalização; os carros continuam, de madrugada, usando a rua Dr. Assis como pista de corrida em meio a palavrões; etc., etc., etc.

Afinal de contas, PARA QUE SERVIMOS?

3 comentários:

José Ramos disse...

Só pelo fato de ter melhorado em muito a segurança na cidade velha o trabalho da Civviva já valeu a pena. Agora, claro que é decepcionante o fato de muita coisa poder ter sido alcançada, mas não é, porque a população e os governantes não têm responsabilidade suficiente para o real desenvolvimento da sociedade. É difícil viver na periferia, onde os rastros da colônia são tão vivos, presentes. Aliás, como diz o grande jornalista investigador LFP, as principais decisões de interesse do Pará são tomadas a milhares de quilômetros de distância. Já seria alguma coisa se tomássemos consciência que não somos o centro do mundo. Seria um início, para se ter consciência que o mundo funciona diferentemente daqui. Ai, chega de choro.

valdemiro disse...

Servir.
Você provoca. Você produz mudanças. Você é diferente. Continue. Você sabe a razão do viver.
abs
Valdemiro

Jorge Ramiro disse...

Eu me encontrei com alguns amigos para um projeto de defesa no bairro e cidadãos. Estamos tentando melhorar a vida das pessoas e para melhorar o bairro. Estamos pensando em alugar um apartamento em viva real para colocar um escritório para torná-lo mais fácil de organizar.