POINT DO AÇAI: A CIVVIVA FREQUENTA ESSE RESTAURANTE DESDE QUE ABRIU O PRIMEIRO AQUI NA CIDADE VELHA. ACHAMOS QUE AÇÕES QUE VALORIZAM O QUE É NOSSO DEVEM SER INCENTIVADAS. EM QUAIS OUTROS RESTAURANTES ENCONTRAMOS AÇAÍ OU BACABA COM NOSSOS PEIXES FRITOS?
Apenas em lugares de memória como aquele onde Nazareno e Cia intalaram seu novo restaurante, o sentimento de continuidade com o nosso passado reaparece.
Entrando naquele imóvel restaurado de novo, alí na CASTILHOS FRANÇA, me vieram em mente lembranças quase apagadas: os assoalhos de pau amarelo e acapu, que não vemos mais; as casas de pé direito, o duplo daquilo que vemos hoje; as escadas de madeira com corrimão trabalhado, enfim, coisas que saíram de moda e foram, praticamente, anuladas da nossa vista.
Apenas em lugares de memória como aquele onde Nazareno e Cia intalaram seu novo restaurante, o sentimento de continuidade com o nosso passado reaparece.
Entrando naquele imóvel restaurado de novo, alí na CASTILHOS FRANÇA, me vieram em mente lembranças quase apagadas: os assoalhos de pau amarelo e acapu, que não vemos mais; as casas de pé direito, o duplo daquilo que vemos hoje; as escadas de madeira com corrimão trabalhado, enfim, coisas que saíram de moda e foram, praticamente, anuladas da nossa vista.
Um estudioso disse que “a memória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, na imagem, no objeto” (Nora, 1993: 9). Pois bem: a re-apropriação deste patrimônio vem reforçar isso e servir de resistência aquela globalização que está diminuindo espaços e paisagens significativos da nossa memória.
Pra mim, a preservação de um patrimônio arquitetônico tem um fim “sublime” direi, que é a salvaguarda da memória social. Isso fez o pessoal do Point do Açai recuperando ao uso publico, aquele casarão da Castilhos França que, indiferentemente passamos na frente e nem nos dignamos a olhar. Ainda foram mais avante, porque puseram dentro aquilo que o paraense mais gosta, o açaí. Tiveram a idéia de “resgatar” para salões nobres como aqueles, uma comida nossa que estava relegada a cozinha ou algum outro esconderijo. De fato, é tão grande a procura por comidas estranhas, que so vemos aparecer restaurantes estrangeiros, onde o que é nosso não tem vez... e por culpa nossa!
E como se não bastasse trazer o Açaí para a sala, adicionou peixe, camarão, enfim, os produtos dos nossos rios. Aí, já que estavam com a mão na massa, aproveitaram e, depois de unir a terra e os rios através de seus produtos, colocaram a disposição de quem quisesse saboreá-los, naquele “monumento”.
Vamos parar para pensar. Nas nossas festas de aniversário oferecemos alguma vez “açaí com peixe frito”? ou “bacaba com camarão”? ou carne seca? Pois é, gostamos tanto mas, o que é tipicamente nosso, comemos escondido.... e chega o Nazareno, lá de Roraima e põe numa mesa chic, o que nos mais gostamos de comer na cozinha de nossa casa.
Gente, ali no Point, para tomar o nosso AÇAI não vamos ter granola, mas farinha de tapioca; aliás, vários tipos de farinha, mas oriundas da mandioca, um tubérculo que o Padre José de Anchieta, no inicio de 1500 o definiu como o “pão da terra” e que é alimento basilar, como o açaí, da cozinha típica da nossa região. Portanto, unido ao “vinho dos deuses”, vamos ter os produtos resultantes do uso da “rainha da flora local” como a chamou Von Martius, botânico alemão membro da missão bavaro-austriaca, que visitou o Brasil no século XIX.
A comida que teremos lá, portanto, como nas nossas casas, é toda de origem autoctone. Já existia e era consumida pelos moradores desta terra, antes da chegada dos portugueses. Seu modo de produção, seja do açaí que da farinha, continua, em muitos lugares, a ser feito como na época da fundação de Belém. O alguidar e a peneira ainda não foram aposentados. O “tipiti”, ou seja, a prensa mais inteligente do mundo, continua a ser usada para tirar os líquidos da mandioca ralada, por exemplo. Tudo Coisa Nossa, portanto, e teriamos que nos orgulhar disso.
Vamos poder tomar o açaí com farinha, comendo postas do peixe mais famoso da região norte: o pirarucú, cujo tamanho pode chegar a tres metros e o peso até 200kg. Esse nosso “bacalhau da Amazônia”, é considerado o maior peixe de água doce; tem as escamas avermelhadas e duríssimas tanto que são utilizadas como lixa de unha. Sua carne pode ser comida fresca ou salgada e é utilizado em muitos pratos típicos da região. Um dia, peçam o Pirarucu de Casaca....mas, outros produtos saborosos de nossos rios estarão presentes acompanhando o Rei Açaí: desde o tambaqui, o filhote, a pescada amarela até chegar ao camarão.
Mas Nazareno e Cia. não pararam nos rios. Vai ter carne de gado, de búfalo também, seca, frita, cozida, assada, para todos os gostos. E depois de locupletados com coisas da nossa terra, se ainda tiver espaço, querendo, podemos até encerrar com um copo de guaraná, que, pelas suas propriedades terapêuticas é considerado uma medicina das mais preciosas que a natureza fornece; produz bem-estar geral, refresca o organismo, aumenta a resistência aos esforços seja mental que muscular, produz maior rapidez de pensamento, retarda os sintomas do cansaço, dá força ao coração, depura o sangue e desintoxica o intestino....
No fim das contas, como somos paraense, ninguém vai sair de lá para a academia pois não somos de ferro (nem paulistas), mas é bem capaz de pedirmos aos donos de atar uma rede pra gente no terceiro andar para aproveitar e pegar um pouco da brisa da Baia de Guajará.
Nazareno teve uma idéia genial chamando a atenção para duas coisas importantes da nossa Memória: a arquitetura e nossos produtos alimentares. Tudo o que vende no Point do Açaí é nosso. ...E a paisagem que teremos a vista? Como não incentivar isso?
A CIVVIVA RECOMENDA
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Em amizade
Dulce Rosa de Bacelar Rocque
Presidente CiVViva
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