domingo, 29 de janeiro de 2023

NOSSA PERPLEXIDADE

 Quem mora no bairro do Reduto, do Umarizal, ou outro qualquer de Belém, não pode saber o que se passa na área tombada da Cidade Velha, principalmente nos fins de semana... O mesmo diga-se de muitas pessoas que se arvoram a defender o patrimônio histórico sem saber que é bem capaz de ter seus filhos ou outros parentes nos carros  dessa foto... por exemplo.

                                                   Praça do Carmo: noite 28.01.2023

É vergonhoso ver o que voltou a acontecer na Praça do Carmo depois da sua revitalização em fins de 2020. Em tal ocasião conseguimos, com a ajuda do Iphan, que fossem colocados balizadores no entorno das praças tombadas que estavam sendo revitalizadas...para evitar que continuassem a serem usadas como estacionamento.

                                                     Praça do Carmo: noite 28.01.2023

No caso da praça do  Carmo, já na véspera da sua inauguração fomos visitados pelos skatistas que fizeram todas as provas necessárias e aptas para destruir o patrimônio... Na semana seguinte começamos a notar o desaparecimento de lampadas...e começamos a denunciar. Cada um a seu modo destruia o patrimônio.

Aproveitamos a posse do novo governo na Prefeitura e, em maio de 2021, propusemos a construção de uma área de esportes na Tamandaré, pois a destruição da praça do Carmo tinha tomado vulto delinquencial. Os balizadores começavam a desaparecer.

A área esportiva na Tamandaré foi inaugurada,  sem o nosso conhecimento, mas sendo um espaço mínimo, os skatistas continuaram a frequentar a praça do Carmo. Os jogadores de bola continuaram, impertérritos, a usar a área como campo de futebol, e as plantas desaparecendo com o pisotear de todos. As crianças perdiam espaço para brincar.

OS DELINQUENTES DE DENTRO E DE FORA DO BAIRRO AUMENTARAM SUAS AÇÕES...E TODOS OS BALIZADORES DESAPARECERAM... COM ISTO O CAMPO FICOU LIVRE PARA QUEM TINHA CLIENTES com necessidade de espaço para estacionar seus veículos no fim de semana.


                                                      Praça do Carmo: noite 28.01.2023

De nada adiantou termos passado estes dois últimos anos a denunciar os furtos que aconteciam, nem o fato que tinham voltado a usar como estacionamento a praça do Carmo. Não vimos nenhuma providencia ser tomada... apesar da quantidade de órgãos, chamados em lei, quais responsáveis da  “defesa, salvaguarda, proteção , etc.” da  nossa memória histórica.

É o caso de lembrar que seja a CIOP que a Guarda Municipal tem "câmeras" instaladas na Siqueira Mendes, que poderiam ser de muita ajuda, neste caso à SEMOB, se... trocassem ideias  a respeito de uma melhor  vigilância da cidade. O que vimos acontecer ontem é inacreditável a qualquer pessoa com um minimo de civilidade... e se as câmeras estavam acessas, todos podem ver o que vimos  nós, moradores..

Na nota abaixo, chamamos a atenção de algo que precisa ser demonstrado na prática, em vários campos, inclusive o da luta contra a poluição sonora... Quem sabe alguém se acorda.

 https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2022/10/bens-culturais-e-probidade.html

Conquanto o dever de probidade não se limite ao campo do patrimônio cultural, ele ganha maior relevo em tal temática, considerando a natureza fundamental, indisponível, difusa, imprescritível, infungível e intergeracional desse bem jurídico, expressamente reconhecido como patrimônio público pelo art. 1º, § 1º. da Lei 4.717/65, sejam os bens culturais tombados ou não.

Não somente os associados da CIVVIVA, mas todos os moradores da área estão perplexos e estupefatos por tanto desinteresse e desatenção com esta área tombada... em tempo de pagamento do IPTU. 

Notamos que os impertérritos são muitos... e com o carnaval,  aumentam muito mais  e em todos os niveis, e alguns devidamente autorizados a delinquir.

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PS: -  “impertérrito” comportamento de  quem não se assusta, nem se amedronta ou se altera, frente as normas que desrespeitam.
- "delinquir" agir de forma criminosa ou delituosa.


Um comentário:

Anônimo disse...

Infelizmente, além da Cidade Velha, moradores de muitos outros bairros (talvez todos...) sofrem com os abusos da poluição sonora e com as condutas incivilizadas.
De certa forma é compreensível que o poder público não consiga reprimir tantos comportamentos infracionais, pela frequência com que ocorrem, e pela alegada carência de recursos orçamentários.
Essas dificuldades, porém, não eximem o poder estatal de suas obrigações quanto à manutenção da ordem pública e do cumprimento do ordenamento jurídico.
Se as leis que exigem a implementação de educação ambiental, educação patrimonial, e educação para o trânsito para todos, fossem efetivamente cumpridas, provavelmente a maior parte da população teria um padrão de comportamento mais compatível a harmonia no convívio social, e não houvesse necessidade de tanta fiscalização e repressão.
Pedro Paulo dos Santos
Arquiteto e Urbanista.