sábado, 21 de janeiro de 2023

OPINIÃO: PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE BELÉM

 

No dia 17.01.2023 o prefeito Edmilson Rodrigues reuniu com representantes de diversas secretarias da Prefeitura Municipal de Belém (PMB), para debater ideias e estratégias "visando à preservação e recuperação do centro histórico da capital, por meio de reabilitação do patrimônio histórico", conforme matéria pública na Agência Belém.                                                                                                    

Acredito que, cidadãos de alguma forma comprometidos com nossa Belém, devam estar ávidos que a PMB inicie logo a fase de abertura de um canal para acolhimento de sugestões, além de audiências públicas com diversos segmentos da população. Os resultados de tais  momentos serviriam de elementos para a composição de um programa de necessidades de um grandioso projeto de intervenção, restauro e revitalização integrada em todo o Centro Histórico e entorno. O ato resultante deveria ser objeto de um concurso público nacional, para a seleção da melhor proposta.      

Afinal, a legislação vigente determina a participação ativa da sociedade civil na elaboração de planos de desenvolvimento urbano (Estatuto da Cidade: art 2 inciso II). Considerando que a atual gestão municipal estaria comprometida com os princípios democráticos, e o esperado cumprimento dos normativos legais; a população aguarda ansiosa ser convocada a colaborar nessa relevante empreitada (Lei Orgânica do município art. 108 inciso II e art 116 item VII).

Entre muitos outros elementos, nas intervenções urbanísticas estariam incluídas as edificações, e toda a infraestrutura urbana, que integram variadas paisagens da cidade, algumas impregnadas há séculos na memória coletiva de sucessivas gerações de habitantes e visitantes de Belém.                                                                                       

Seria oportuno ainda a inclusão de um plano específico de mobilidade para o Centro Histórico integrado ao sistema geral, mas com características adequadas às especificidades daquela parte da cidade, tais como, restrições para o trânsito de veículos automotores, e prevendo uma linha circular de transporte de passageiros, e os serviços de carga e descarga em veículos de pequeno porte e menor peso, para minimizar as vibrações danosas; e a reserva de algumas vias para circulação exclusiva de pedestres, mas com estrutura e desenho tais que permitam o acesso de veículos automotores, para o caso de situações emergenciais.

Esse trabalho seria também uma oportunidade de suprir a necessidade de um programa de regularização fundiária dos lotes, além de apoio e orientação técnica aos proprietários e herdeiros de imóveis particulares, na busca de alternativas de financiamento para restauro. Lembrando, inclusive,  o aproveitamento de várias edificações ora desocupadas, para implantação de moradias populares.                                                                            

Seria conveniente atentar para um conceito aplicado em vários casos de revitalização de centros históricos, que é a adoção de estratégias que estimulem usos e ocupações racionais e sustentáveis de áreas sub-aproveitadas ou degradadas, mas de forma a garantir a preservação do patrimônio cultural material e imaterial, e o convívio social harmônico.

Além do Centro Histórico, seria oportuna  uma política para o restauro de edificações pontuais de interesse para preservação em outros bairros e distritos de Belém, como os peculiares chalés da Ilha de Mosqueiro.                                                              

Pela magnitude do plano, necessariamente plurianual, ele seria implementado em sucessivas etapas.  Para garantir a sua materialização além de possíveis entraves por motivações políticas, ideológicas ou partidárias deveria  ser convertido em lei específica, com previsão de regulares e periódicas revisões e atualizações a cada dez anos.


Pedro Paulo dos Santos: arquiteto e urbanista

Vice Presidente da CIVVIVA

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