domingo, 27 de maio de 2012

PREVENIR SERIA MELHOR: ARQUIVO PÚBLICO


RECEBEMOS E PUBLICAMOS

Na madrugada do último dia 18 de maio, um curto-circuito ameaçou tornar cinzas mais de quatrocentos anos de memória da Amazônia.  Construído em 1858 para ser a sede do Banco Comercial do Pará, o local onde funciona o APEP é um importante monumento arquitetônico do estado.  Sua função de guarda de documentos produzidos pelo antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão e, posteriormente, Estado do Grão-Pará  e Rio Negro, data de 1894, sendo oficializada no ano de 1901, quando foi criada a Biblioteca e Arquivo Público do Pará.  Apenas em 1986, a biblioteca e o arquivo se separaram, gerando unidades autônomas. 
Ao longo de sua história, o APEP constituiu-se como o mais importante arquivo histórico da Amazônia e um dos mais destacados do Brasil.  Em suas estantes, cerca de quatro milhões de documentos, muitos em exemplares únicos, levaram a UNESCO a conceder ao Arquivo o selo “Memória do Mundo”, em função de seu importantíssimo valor histórico e cultural.  Diariamente passam por sua sala de pesquisa estudantes, professores e pesquisadores de História, mas, também, profissionais de outras áreas e pessoas buscando informações de caráter pessoal e familiar.  As informações guardadas em seu acervo são fundamentais para a construção do conhecimento histórico da Amazônia e a sua perda comprometeria, de forma irremediável, a memória da região.
Lamentavelmente, a ameaça de incêndio recente que o APEP passou não foi um fato isolado.  Durante o ano de 2011, pelo menos dois curtos-circuitos ocorreram em seu prédioDesde maio, no entanto, os aparelhos elétricos do Arquivo precisam ser desligados todas as noites, o que acarreta um prejuízo enorme para a documentação lá existente, visto a mesma necessitar de uma climatização adequada, através de condicionadores e desumidificadores de ar.
 Tanto o prédio em que está sediado o Arquivo, quanto o seu entorno vivem em permanente perigo de incêndio.  Com fios elétricos trespassados e descascados, ligações clandestinas de energia e ausência de uma política de manutenção e planejamento da rede de energia elétrica utilizada na área, não causa surpresa, aos que vivem o cotidiano do local, os frequentes estouros em disjuntores da própria rua em que se localiza o APEP e em suas adjacências. 
Para tornar mais caótico o cenário, ainda existem os carrinhos de comida na frente do Arquivo, que fazem uso de botijões de gás, realizam furos na parede do prédio para pregar lonas e são responsáveis pela produção de uma enorme quantidade de lixo, o qual, por sua vez, contribui para a entrada no Arquivo de ratos, baratas, lacraias e formigas.
De acordo com uma denúncia pública feita pela servidora estadual lotada no Arquivo Público do Estado do Pará, Ethel Valentina Soares, amplamente divulgada em redes sociais, vários Memorandos foram dirigidos à Secretaria de Cultura do Estado do Pará -, em diferentes gestões do governo local, sem que qualquer medida efetiva tenha sido tomada.  Diante da ineficácia dos gestores estaduais e na tentativa de preservar o vasto patrimônio material e imaterial representado pelo APEP, no próximo dia 31 de maio, a partir das 09:30h, ocorrerá um Ato Público em frente a sede do Arquivo, quando será realizada a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado contra as condições precárias de existência e funcionamento da instituição.  Com a participação de diversas entidades e setores da sociedade civil, o movimento pretende a implementação de medidas urgentes que salvaguardem o enorme e importante acervo do APEP.
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Nosso patrimonio está mesmo jogado as baratas. Ja tinhamos pubçicado algo sobre o lixo ao redor do local....

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