RECEBEMOS E PUBLICAMOS
Na
madrugada do último dia 18 de maio, um curto-circuito ameaçou tornar cinzas
mais de quatrocentos anos de memória da Amazônia. Construído em 1858 para ser a sede do Banco
Comercial do Pará, o local onde funciona o APEP é um importante monumento
arquitetônico do estado. Sua função de
guarda de documentos produzidos pelo antigo Estado do Grão-Pará e Maranhão e,
posteriormente, Estado do Grão-Pará e Rio
Negro, data de 1894, sendo oficializada no ano de 1901, quando foi criada a
Biblioteca e Arquivo Público do Pará.
Apenas em 1986, a
biblioteca e o arquivo se separaram, gerando unidades autônomas.
Ao
longo de sua história, o APEP constituiu-se como o mais importante arquivo
histórico da Amazônia e um dos mais destacados do Brasil. Em suas estantes, cerca de quatro milhões de
documentos, muitos em exemplares únicos, levaram a UNESCO a conceder ao Arquivo
o selo “Memória do Mundo”, em função de seu importantíssimo valor histórico e
cultural. Diariamente passam por sua
sala de pesquisa estudantes, professores e pesquisadores de História, mas,
também, profissionais de outras áreas e pessoas buscando informações de caráter
pessoal e familiar. As informações
guardadas em seu acervo são fundamentais para a construção do conhecimento
histórico da Amazônia e a sua perda comprometeria, de forma irremediável, a
memória da região.
Lamentavelmente,
a ameaça de incêndio recente que o APEP passou não foi um fato isolado. Durante o ano de 2011, pelo menos dois
curtos-circuitos ocorreram em seu prédio.
Desde maio, no entanto, os
aparelhos elétricos do Arquivo precisam ser desligados todas as noites, o que
acarreta um prejuízo enorme para a documentação lá existente, visto a mesma necessitar de uma
climatização adequada, através de condicionadores e desumidificadores de ar.
Tanto o prédio em que está sediado o Arquivo,
quanto o seu entorno vivem em permanente perigo de incêndio. Com fios elétricos trespassados e
descascados, ligações clandestinas de energia e ausência de uma política de
manutenção e planejamento da rede de energia elétrica utilizada na área, não causa surpresa, aos que vivem o
cotidiano do local, os frequentes
estouros em disjuntores da própria rua em que se localiza o APEP e em suas adjacências.
Para
tornar mais caótico o cenário, ainda existem
os carrinhos de comida na frente do Arquivo, que fazem uso de botijões de gás,
realizam furos na parede do prédio para pregar lonas e são responsáveis pela
produção de uma enorme quantidade de lixo, o qual, por sua vez, contribui para
a entrada no Arquivo de ratos, baratas, lacraias e formigas.
De
acordo com uma denúncia pública feita pela servidora estadual lotada no Arquivo
Público do Estado do Pará, Ethel Valentina Soares, amplamente divulgada em
redes sociais, vários Memorandos foram dirigidos à Secretaria de Cultura do
Estado do Pará -, em diferentes gestões do governo local, sem que qualquer
medida efetiva tenha sido tomada. Diante
da ineficácia dos gestores estaduais e na tentativa de preservar o vasto
patrimônio material e imaterial representado pelo APEP, no próximo dia 31 de maio, a partir das 09:30h, ocorrerá um Ato Público
em frente a sede do Arquivo, quando será realizada a coleta de assinaturas para
um abaixo-assinado contra as condições precárias de existência e funcionamento
da instituição. Com a participação
de diversas entidades e setores da sociedade civil, o movimento pretende a
implementação de medidas urgentes que salvaguardem o enorme e importante acervo
do APEP.
----------------------------------------------------
Nosso patrimonio está mesmo jogado as baratas. Ja tinhamos pubçicado algo sobre o lixo ao redor do local....
Nenhum comentário:
Postar um comentário