... E O TOMBAMENTO DA CIDADE VELHA
Há alguns anos vemos operários trabalhando nas
calçadas que envolvem a ALEPA na Rua do
Aveiro, Praça D. Pedro II, 130 ; na trav. Felix Rocque e na rua Dr. Malcher.
Vimos mexerem nos aparelhos de ar condicionado que
jogavam água na calçada da Felix Rocque...o que é proibido. Gostamos de vê-los
trabalhando pois pensavamos que iam
parar de jorrar água em quem tentava usar aquela malfadada
calçada.
Malfadada, sim, pois daí resolveram colocar uns
postes enormes e refazer as calçadas. Em 2023 os pedestres foram obrigados a usar o
meio da rua durante e depois de todos esses trabalhos...
De repente, não satisfeitos com as despesas já feitas, recomeçaram a mexer na parte da calçada da Felix Rocque, próximo a Dr. Malcher. Iniciaram a colocar ao lado das pedras de liós, entre um poste e outro, uma espécie de mármore ou granito, enfim uma pedra brilhosa, porém não somente na calçada mas nas paredes do prédio, também...
Hoje vimos que estavam colocando essas lajes brilhosas no lugar das pedras de liós, na proximidade do canto do prédio da ALEPA. Os operários nos informaram que elas vinham da Espanha...
Salvaram as pedras de liós da Dr. Malcher, em frente aos prédios que tinham modificado e aproveitaram para incluir outras pedras nas paredes deles...
... mas, toda essa riqueza é ofuscada pela situação em que se encontra o resto da rua Dr. Malcher que ficou impraticável para o pedestre, com todos os postes e entradas para carros nos porões que viraram garagens nessa rua, dificultando o caminhar de quem por ali passa.Todos esses trabalhos nos chamaram a atenção pois nesta nota https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2017/08/bens-tombados-em-belem.html
aparecia este tombamento feito pela
SECULT, no dia 02.07.1982
CANTARIA DE LIOZ, MEIOS-FIOS, PEDRAS E OUTROS Ruas, praças e demais logradouros
públicos de Belém.
Se assim é, para fazer todos esses trabalhos numa
área tombada seria necessário e indispensável a participação de IPHAN, SECULT, e FUMBEL na aprovação,
fiscalização e controle de qualquer intervenção nessa área tombada. Isso, não
somente no Centro Histórico de Belém, mas até em edificações pontuais, fora da
área do Centro Histórico, mas de interesse para preservação...ou não?
Somos curiosos e gostariamos de saber se esses órgãos, mais a SEURB, foram notificados. Autorizaram todas essas modificações, mesmo se as pedras de liós eram tombadas?... As que retiraram dali onde foram parar? Os operários nos disseram que os moradores de rua as tinham levado embora... algo dificil de acreditar visto o peso de ditas pedras de liós.
Os prédios modificados
na Dr.Malcher, como eram no dia que o IPHAN tombou essa área da Cidade Velha? Hoje são assim...
Em 2019 uma vizinha comentou assim: "...E o que dizer do TJ que está descaracterizado ainda mais o prédio do almoxarifado deles, que fica na Dr. Malcher com a Félix Rocque." Portanto o que está acontecendo não começou agora... e nos sinalizamos na época.
Os responsáveis pelos órgãos em questão (Alepa, Tribunal de Justiça, etc) como acham que salvaguardaram, protegeram e defenderam nossa memória histórica, com todas essas ações que estão fazendo em prédios públicos e no entorno?
É inaudita a coragem desse patriarcado urbano que se apossou de Belém, Parecem, atualmente, serem os donos da área tombada da Cidade Velha, com todos esses abusos. ( LABORATORIO DE DEMOCRACIA URBANA “Cidade Velha-Cidade Viva”: INAUDITO.) Somente o cidadão, proprietário de algo nessa área tombada deve respeitar as leis? Por que os órgãos públicos, não?
O embelezamento da área tombada não é previsto em nenhuma norma ...mas a defesa e proteção da nossa memória histórica, sim.