terça-feira, 25 de setembro de 2018

NORMATIVA DO CHB em discussão



Em novembro de 2017 participamos no Iphan a uma reunião onde se discutiu a possibilidade de modificar a normativa relativa as áreas tombadas.
Abaixo segue a nota que enviamos ao IPHAN do Pará sobre o estudo que nos foi apresentado na citada reunião. Com outra nota mandamos nosso parecer.

Sobre o argumento nunca mais tivemos nenhuma  noticia.



                                                                            Belém,  14 de novembro de 2017

Ao Senhor
Superintendente em exercício
IPHAN – PARÁ

Agradecemos E PARABENIZAMOS  quem lembrou de respeitar a Constituição  (Art. 216,  § 1º) e nos convidou para participar da apresentação do estudo que define parâmetros urbanísticos e novos critérios de intervenção nas áreas tombada pelo Iphan em Belém. Nós, da Associação de Moradores  da Cidade Velha, sentindo falta da regulamentação da lei do tombamento deste bairro, so podemos aplaudir tal ação.

Achamos, porém, próprio por faltar a regulamentação necessária para defender nossa memoria histórica, que este estudo poderia ser um pouco mais abrangente, para evitar que nosso patrimônio, tão desprezado, continue a perder suas partes melhores,  mais significativas e mesmo outros elementos nem sempre considerados.

Poderiamos começar pelas ‘calçadas de liós. Por que não reconstitui-las? Por que não nivelar as calçadas num bairro onde os velhos são a maioria e costumam andar a pé?

Por que não fazer nada contra a trepidação provocada pelo transito, inclusive de carretas, além dos onibus, vans, kombis, caminhões, etc... Como pretender salvaguardar nossa memoria sem pensar em controlar ou diminuir tal problema o qual causa danos a todo tipo de construção do bairro.

Não seria necessário, também, estabelecer quais tipos de atividade econômica possam ser autorizadas nessa área tombada? A poluição sonora é algo que provoca danos, inclusive a pessoas e animais, além dos muros das casas e até de cristaleiras,  por exemplo.

A ocupação da orla por locais noturnos sem estacionamento nem  isolamento acustico, provocam mais danos do que se possa imaginar. Não seria o caso de verificar o impacto de vizinhança que  tais atividades provocam, antes de autoriza-las? Coitado do Palacete Pinho.

Quantos decibéis devem ter os fogos de artificio que agora são usados na porta de igrejas tombadas, depois da saída da noiva??? Quem vai se preocupar com isso? E se acontece um incêndio???  E no tempo do carnaval ou do Círio, como continuar a ignorar os danos causados ao patrimônio, pelo barulho produzido pelos trios elétricos?

Paralelamente a todas essas manifestações, é de se perguntar... onde estacionam os carros usados pelos clientes de tais festas? Como as calçadas não bastam, agora estacionam em cima das praças...tombadas. Nós sabemos disso, mas o resto do mundo, não, e assim mais um ’bem’ é depredado.

A falta de sinalização e o excesso de postes que vemos nas praças e ruas, além da poluição visual que provocam, constituem uma contradição... De fato não se vê nenhuma sinalização relativa as toneladas dos veículos que podem entrar na área tombada... e tem leis a respeito, mas é a Fumbel ou o Iphan que tem que se preocupar  e pretender a colocação de tal informação? Não vemos, também, nenhuma indicação da área tombada, pelas  ruas.

Cremos que pensar somente na ocupação da área, não basta. Ha também que se preocupar com o tipo de uso  e suas implicações... prevendo, inclusive, estacionamentos/garagens, para os clientes/usuários, senão as calçadas e praças vão continuar a serem destruídas por falta de todo e qualquer tipo de fiscalização.
Seria o caso de lembrar que os moradores da Cidade Velha também compraram carros quando o IPI foi retirado do preço dos veículos. Onde podem estacionar se lojas e órgãos púbicos colocam cones na ruas, retirando aos moradores até a possibilidade de estacionar na porta da própria casa?

As leis não falam de embelezar nossa memória, mas nem de deturpar-la. Nós, ao pensar no sentido que tem palavras quais: salvaguarda, defesa, proteção, preservação, conservação, etc, usadas em várias leis que falam de patrimônio nos admiramos ao ver grafites até nos fundos de igrejas tombadas como a obra prima de Landi, a de S.João.

Nos admiramos, também, de ver a Coral conseguir usar áreas tombadas para fazer  publicidade das cores de tinta que vende. Na Cidade Velha as cores sempre foram tênues: a memoria de quem estão defendendo ou salvaguardando quando usam cores fortes, aqui? Quem autorizou não sabia que esse colorido claro, faz parte da nossa memória?

Pretender somente dos moradores/proprietários, o respeito das normas, fica muito pesado, quando vemos que os órgãos públicos são os primeiros a não respeita-las, muitas vezes.

Este preambulo é feito para lembrar que, além de falar de gabarito e outros parâmetros urbanísticos das áreas tombadas,  existem também outros problemas, bem graves, que devem ser enfrentados, com uma regulamentação que seja depois, inclusive, introduzida no Plano Diretor, para ter validade... no caso se queira realmente cuidar do nosso patrimônio e não somente de alguns parametros.

Não nos levem a mal ao escrever o que sentimos: nós moramos aqui e vemos e vivemos na pele seu abandono.


Atenciosamente

                            Dulce Rosa de Bacelar Rocque
                              Presidente Civviva



P.S. NA PROXIMA REUNIÃO ACONSELHAMOS CONVIDAR A Associação da Campina e a AAPBEL.
Obrigada. 

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