A VIDA DO ESTUDANTE RIBEIRINHO NÃO É DAS MAIS COMODAS.
Acabamos de descobrir que a Escola Estadual Rui Barbosa, situada atrás
da Igreja de S.João na Cidade Velha, tem um “anexo” na ilha das Onças, no Furo
do Nazareno, na parte que depende do município de Barcarena. Tal ‘anexo’ é
hospedado na Escola Lourival Cunha e para ela se dirigem os alunos residentes
em várias localidades ao longo dos nossos rios.
De um certo ponto de vista é bacana que tenha um barco que se enfia
por furos e igarapés dessa nossa região, tão esquecida, para pegar alunos, quase esquecidos... As aulas começam as 13 horas, mas boa parte deles
pega o barco as 10 da manhã e faz toda a rota necessária para apanhar os outros
que estão mais longe ou fora de mão. Já chegam com fome e cansados na escola.
Que diferença com os que vivem aqui na cidade, né?
Na ilha das Onças, a escola fundamental depende do município de
Barcarena; o ensino de nivel médio, fornece o Estado através do ‘anexo’ do Rui
Barbosa. Os alunos não precisam mais vir
para Belém, para a Escola Rui Barbosa, diminuindo assim a procura de vagas e
dificultando a sobrevivência de uma escola situada num bairro onde a maioria dos
moradores são...idosos.
Aqueles alunos das ilhas ao acabarem os estudos do nível nédio, começam a
trabalhar. Em que? Que formação eles tem? Se levavam três horas para chegar na
escola, quanto levariam para chegar em algum lugar de trabalho...sem nem ter
uma especialização qualquer? O açaí nosso
de cada dia, resolve o problema, de vários pontos de vista.
Uma solução teria para estes moradores dos arredores de Curralinho, Ponta
de Pedras, Muana, etc. Cursos de formação profissional adequados a própria
realidade. De fato, para navegar, os interessados precisam de uma carteira de
habilitação.
A Capitania dos Portos fornece cursos de capacitação para moço de convés e maquinistas. Vocês sabiam disso? Seriam os futuros aquaviários ou fluviários. O teste de seleção é tão concorrido que as vezes se
realiza no Mangueirão ou na Escola de Educação Física. Quantos passam? Uns 300
no máximo e por dois motivos:
- as instalações não consentem mais do que isso e,
- nem sempre o nível dos alunos é suficiente.
Os cursos acima citados duram três meses e as aulas, 6 horas por dia.
Os de taifeiro, cozinheiro (com curso do SESC ou ja trabalhando a 2 anos) e enfermeiro (ja formado) fluviários,
duram um mês somente. Neste caso serão cozinheiros ou enfermeiros aptos para trabalhar nas embarcações dos nossos rios, mas precisam ja ter uma formação antecedente.
A proposta seria usar a, subutilizada, Escola Rui Barbosa (antes que
algum outro órgão mais forte a ocupe) para oferecer mais vagas e melhores instalações
a esses cursos, tão necessários a quem vive na beira do rio e não é de Belém.
A Cidade Velha comporta isso: faz parte da sua vocação, já que vive em
função de quem é de fora de Belém... e umas parcerias com quem “navega” seriam
bem oportunas. Depois, quem sabe, poderiam passar ao CIABA e se tornariam "mercante'..
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