quinta-feira, 30 de outubro de 2025

INACREDITÁVEL VIA SACRA

 

Me emperiquitei toda,  esta  manhã, e sai a procura de  um orgão que pudesse me ajudar a defender a área tombada da CIDADE VELHA...

Comecei pelo Ministério Público, mas me mandaram para outro órgão que fica no inicio da Manuel Barata... Ainda bem que era perto, e la fui eu esperar a minha vez.

Vendo muitos guiches com as funcionárias batendo papo entre si, fui até elas perguntar se podiam me chamar visto que era a mais velha do entorno... Mexeram no computer, e chamaram um, depois dois e a terceira era eu...Os outros dois devem ter se cansado de esperar e foram embora... assim me atenderam logo.

Eu também tive que ir embora logo, pois esse órgão também não podia me ajudar e me mandaram para a esquina da rua Silva Santos com a tv.1º de Março... Ali os números eram divididos entre: prioridade e prioritário...Primeiro me deram um numero e comecei a esperar...cansada fui tomar satisfações e trocaram o meu número... e eu vendo outros guichês sem algum cliente...

Chegou a minha vez e depois de poucas informações a respeito do que eu tinha ido fazer ali me disseram que... não era la, também.

Não riam, mas me mandaram praticamente para fora da cidade. Tinha que ir procurar ajuda em dois Shoppings: um no bairro do Mangueirão e outro no bairro do Coqueiro, antecipando que  com certeza não iam me agendar porque iam fechar durante a COP30...

É para chorar essa realidade. Já temos problemas com a acessibilidade na área tombada... agora imaginem, com tanto prédios públicos vazios na Cidade Velha, impossibilitar determinadas ações mandando os órgãos  para fora da cidade, praticamente. Aqui também temos um shopping.

Tinha a possibilidade de agendamento virtual através do numero 129. Liguei, me expliquei e me mandaram ligar para os Bombeiros... Como?  Responderam: a senhora ligou para o 190...e eu vendo no visor do celular o n. 129... Dai me sugeriram de mudar de telefone...kkkkkk

Ainda bem que tenho o telefone fixo ainda, e liguei para o 129. Esperei  até a linha cair...

Terminou assim a minha VIA SACRA. Esse foi o resultado: um dia perdido procurando ajuda dos órgãos públicos.


 Neste momento são 13h... a  minha labuta começou antes das 10h da manhã, para não conseguir nada, mas descobrir quão vergonhoso é esse nosso sistema até para fazer um agendamento....

E a publicidade rolando ... sobre o que farão em frente as igrejas..contrariamente ao que estabelece o Código se Postura...

O absurdo é que se dizem defensores do patrimônio...  ignorando as leis.


segunda-feira, 27 de outubro de 2025

LA VEM A COP30...

 

A conferência climática de 1992, também conhecida como Rio-92 ou ECO-92, foi a Conferência das Nações Unidas, sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,  realizada no Rio de Janeiro.  Isso aconteceu mais de 30 anos atrás, também aqui no Brasil...

Eu ainda vivia na Italia e conversei a respeito com o representante italiano do órgão onde eu trabalhava, que esteve no Rio. No fim do papo lhe disse que eu não confiava nos resultados prometidos...

Quem diria que ia viver para ver, a distancia de mais de trinta anos,  que estaríamos aqui com as mesmas ilusões. Dito e feito. A coisa até piorou.  A premissa de expansão ilimitada do capitalismo continua sendo intrinsecamente incompatível com os limites finitos do planeta.  

O capitalismo causa danos ambientais ao buscar por crescimento contínuo e lucro, o que impulsiona a exploração de recursos naturais e a produção em massa, sem os devidos cuidados ambientais. Para onde foi todo aquele ouro tirado dos nossos rios, provocando danos ao meio ambiente?

- a expansão do agronegócio, resulta em desmatamento para pastagens e plantações, como a monocultura de soja e cana-de-açúcar;

- o uso de agrotóxicos, com um descarte inadequado, contamina o meio ambiente e a produção de alimentos. 

- a indústria impulsiona o crescimento contínuo da demanda por energia, que historicamente tem se baseado em fontes fósseis, como petróleo e carvão. 

- As práticas produtivas mais poluentes são frequentemente transferidas para países mais pobres, que possuem regulamentações ambientais menos rigorosas ou são menos equipados para lidar com os impactos negativos. 

No fim das contas é a total FALTA DE CONSCIÊNCIA ... são os donos dos negócios que devem se conscientizar que so ganhar dinheiro, sem cuidar do meio ambiente com mais seriedade, so piora a situação do planeta.

O papo furado dos políticos, que muitas vezes são mantidos ali pelos donos do capital, não vai mudar nada... como vimos acontecer nesses trinta anos.

O povo espera algo... frequentando as festas e inaugurações que estão fazendo. A  estratégia de manter a população apática através da distribuição de comida e entretenimento, so evita que ela se ocupe de questões políticas importantes com mais atenção... e retirar a ajuda a educação, leva a isso. É bem velha essa tática.

Ou seja, essa ilusão de ótica, que a maior parte do  povo absorve, é o grande problema... Toda essa gente que hoje corre para discutir o argumento, onde estava quando colocou o teto solar para economizar na despesa da luz e depois colocou ar condicionado em casa... ignorando que o alto consumo de energia e à emissão de gases refrigerantes (como HFCs) contribuem para o efeito estufa e para as ilhas de calor urbanas.

A publicidade ajuda a desviar a atenção do que é...contraditório. Mobilidade sustentavel, por exemplo, precisamos o ano inteiro.

Enquanto esperamos a COP30, vários problemas que atingem a sociedade, tinham que ter sido  discutidos com o povo. Não somente a classe alta usa o ar condicionado, hoje... e tem outros fatores a serem examinados, discutidos e estudados para que algo comece a mudar.... e não somente enquanto se espera a COP30.

Questão de conscientização. Precisa ensinar o povo a raciocinar ... não so distraí-lo com   eventos autorizados sem respeitar as normas em vigor, ajudando assim, inclusive, a aumentar a poluição sonora no meio ambiente... Nesse sentido até as Universidades ajudam a piorar a situação: educar, não é uma de suas funções? Não são responsáveis por ensino/pesquisa  visando a formação de seus alunos,  qualificando-os para uma futura intervenção na sociedade de modo coerente? Durante o Círio,  não vimos esse resultado: ou seja, até que vimos "arte", mas respeito as leis, bem pouco....e a trepidação acabando com  nosso patrimônio histórico.

Todo esse dinheiro que se está gastando em Belém, ultimamente, em quanto vai pesar na melhora daquilo que, hoje,  prejudica a saúde humana e o nosso meio ambiente...???

EMBELEZAR A CIDADE, NÃO BASTA, 

determinadas obras, são obrigatórias em todas as gestões...

incluindo a educação do povo transformando-o em CIDADÃO 

 a todos os efeitos... começando a chama-los para audiências públicas.



terça-feira, 21 de outubro de 2025

ALERTA

 

VISTO QUE A POLUIÇÃO SONORA É CONSIDERADA UM CRIME AMBIENTAL, por que insistir em deseducar os cidadãos ignorando as normas em vigor? Ainda mais agora que sabemos que o crime de poluição ambiental é formal e dispensa perícia...

É  de conhecimento público que, relativamente a poluição sonora, o Auto do Cirio, o Arraial do Pavulagem e o Carnaval, são fontes de desrespeito generalizado das leis. As manifestações em frente a ALEPA, em defesa dos trabalhadores, se juntam, com seus trios elétricos, aquelas acima citadas, no abuso de ruídos, em frente aos dois prédios históricos ali situados. Quem deles respeita os decibeis que propõe o CONAMA ao desfilar??

Se reconhecemos que a poluição sonora com seus ruídos e vibrações, provoca a degradação da qualidade ambiental, porque não evitar isso? Não estamos pedindo para acabar com a música ou outra fonte ruidosa de arte ou de defesa dos trabalhadores, mas de fazer o possível para ficar dentro do que as leis em vigor recomendam... ao menos.

QUE SEJA BEM CLARO: ESTAMOS PEDINDO O RESPEITO DAS LEIS EM VIGOR E  A ESCOLHA DE AREAS IDONEAS AOS RUIDOS QUE FAZEM...SE INSISTIREM EM QUERER CONTINUAR A FAZÊ-LOS.

Os locais onde se apresentam, também devem ser salvaguardados... De fato, o Código de Postura de Belém estabelece uma distância de 200m (art. 81)  de hospitais, igrejas, escolas...etc. e ninguém respeita essa norma. Por que?

Em quais LEIS se baseiam os funcionários públicos que autorizam eventos ruidosos no entorno de prédios antigos, tombados ou não? Ninguém da Prefeitura conhece os estudos a respeito dos danos provocados pela trepidação?

Que ajuda está dando à salvaguarda, defesa e proteção do nosso patrimônio histórico, a UFPA, que, com as paradas do Auto do Cirio, faz trepidar as igrejas do Landi, a sede da Prefeitura e do IHGP? O Arraial do Pavulagem em frente do teatro da Paz, não provoca trepidação? Por acaso, não caem estuques durante os  batuques, como acontecia com o MPE frente a ALEPA?

Os vídeos feitos na praça do Carmo, nessas ocasiões, quando chegavam aos 70 decibeis, a causa da trepidação não  chegavam a durar 10 segundos.  Imaginem quando as fontes de ruídos são três, ao mesmo tempo... Sábado, 19/10, um casamento na igreja do Carmo, teve problemas a causa de três fontes simultâneas de barulho, até as 21h.

É o caso de lembrar que os  bares situados na Praça do Carmo, quando fazem música ao vivo, não fecham as portas do local e os clientes ainda usam a praça, como parte  integrante dos mesmos. Se vê que não sabem que os alto-falantes não podem ser instalados irradiando para logradouros públicos... 

Quem controla se a instalação dos equipamentos de som está ou não  efetivada em área pública?  Os donos de estabelecimentos comerciais sabem que deverão estar dotados de proteção acústica, para conter a propagação do som?

Além do mais: quem verifica as principais normas que regem alguns aspectos da segurança pública relacionados com restaurantes, bares e lanchonetes?

Sem vigilância, nem algum tipo de controle, até os fogos ruidosos continuam sendo usados apesar da recente lei estadual proibindo-os... somando-se, assim, aos outros exemplos dados, cujas consequências negativas abrangem, não somente o patrimônio histórico e ambiental, mas os cidadãos e outros seres vivos também.

QUAL SANÇÃO TEM O VIGILANTE/CONTROLADOR  QUE NÃO FAZ O SEU DEVER FRENTE A TAIS ABUSOS? (QUE DENUNCIAMOS SEMANALMENTE)

QUAL instituição representativa da sociedade pode recorrer à Justiça em prol da obrigação de fazer com que o Executivo municipal se incumba, no caso, de fiscalizar e tomar medidas afins, para conter a destruição de patrimônio material histórico e a degradação da área tombada.

educação é um dos  grandes agentes transformadores que poderia também ser usado nestes casos. Alguem deve começar a dar exemplo de coerência e providenciar um pouco de educação civica... se possível, antes da COP30.  

O IPHAN, O MPPa E O MPF SÃO CONVIDADOS A TOMAREM PROVIDÊNCIAS ANTES QUE ACABEM COM TUDO O QUE SOBROU DA  NOSSA MEMÓRIA HISTÓRICA.

O respeito às leis é um dever de todos e é essencial para o funcionamento da democracia... 24 horas por dia.

A Direção da CIVVIVA


                             

                               



sexta-feira, 10 de outubro de 2025

A GRATIDÃO DA NAZICA


Contei estes dias, como nasceu a ideia de fazer um Círio em Bolonha, cidade italiana governada por comunistas, desde o  fim da Segunda Guerra Mundial. (https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/10/21-anos-do-cirio-em-bolonha.html)

Uma manhã em 2004, fui convidada pela consul Honorária do Brasil em Bolonha, a participar de um evento sobre o Brasil, num município situado no entorno de Bolonha. Aceitei, e após o evento, durante o almoço, sentou-se ao meu lado um senhor,  que depois descobri ser um Senador do partido de governo, Democracia Cristã.

Conversa vai, conversa vem, ele  me pergunta de onde eu era: de Belém do  Pará, respondi e ele me olhou e disse: ah! que coincidência pois estou mandando um container com ajuda para as obras da igreja de Nazaré...

Desta vez fui eu quem se admirou pois, depois da minha aposentadoria em dezembro de 2003, há meses estava a procura  de um modo de mandar minhas coisas para Belém. Aproveitei imediatamente para perguntar se tinha espaço no seu container para colocar algo da minha mudança lá dentro...

Fui tão direta ao assunto que ele riu e disse: a senhora pode ir ver o container, até agora mesmo... e chamou seu motorista entregando-lhe as chaves. Não consegui nem mais mastigar o almoço, de tanta pressa que tinha em ir olhar o interno do container...mas esperei servirem o café para depois ir ver o que me interessava.

O  container era enorme e tinha dentro um automóvel, algumas caixas e nas paredes tudo o ocorrente para uma oficina mecânica. No baú do carro, várias impressoras de  computer. Ia dar coisa a beça em cima desse carro.

Voltei, alegre da vida e perguntei ao Senador se podia fazer um patamar em cima do veículo. Ele sorriu e disse: sim, está ao seu dispor.

Não podem imaginar a minha alegria. Telefonei imediatamente a uma brasileira cujo marido sabia fazer tudo e o contratei para fazer o que precisava para concluir essa minha mudança para o Brasil.

O patamar foi feito e ali colocamos os moveis da sala, da cozinha, minhas cadeiras Thonet, austriacas, e um daqueles baús antigos, cheios de coisas para a casa, como quadros, lençoes , cortinas, enfim, deu coisa a beça e ainda sobrou lugar.

Feito isso, fechei a casa onde morava de aluguel, entreguei as chaves e voltei para Belém, toda feliz e satisfeita para esperar a chegada do navio que traria minhas coisas... o que durou uns três meses.

Tudo o que coloquei dentro, chegou na santa paz, mas as coisas que iam para a igreja, não. As impressoras, desapareceram todas, assim como algumas ferramentas que estavam na parede do container. Também não me devolveram o material usado para fazer o patamar.

Eu tinha feito uma relação de tudo que estava trazendo, desde guarda-chuvas, combinações, talheres, cristais, tudo, enfim, e fui no consulado brasileiro de Milão para que carimbassem... Avisei o pessoal do Senador que era bom fazerem o mesmo, mas não  fizeram. Como provar que faltava algo, então?

Os anos se passaram e um dia, contando para alguém como consegui trazer minhas coisas para cá,  falei que tinha feito um Círio e mostrei as fotos. Nessa ocasião  vejo a foto do Senador com a Consul seguindo a procissão.


                                                                                2004 Cirio procissão

Somente nesse momento entendi que a N. Sra. de Nazaré estava por trás dessa coincidência. Ele, o Senador, foi o  intermediário do seu agradecimento e eu nem sabia.


Ao anoitecer do dia do Círio em Bolonha, o Conde Vincenzo Amedeo Lucchese Salati,  presidente da Confraternita di San Rocco me homenageou com uma Indulgencia por ter apresentado a Nazica aos bolonheses.









Desde que descobri esse agradecimento da padroeira do Pará, todas as vezes que vou a Bolonha, lhe levo um manto novo, para a felicidade do Monsignor Stefano Ottani, vicario generale della diocesi di Bologna e parroco della Basilica que sempre me ajudou a difundir a cultura paraense.  


Passaram-se 21 anos desde que fiz esse Círio. 


Foto de 2023 com D.Stefano e Rose, a paraense que carregou a Nazica durante o Cirio. Este manto que se vê ao fundo, foi doado pela amiga Iris Rodrigues.


terça-feira, 7 de outubro de 2025

RELEMBRANDO OUTROS CÍRIOS....

   

NO TEMPO DO MEU PAI, nos anos 40/50... a festa acabava depois de quinze dias da procissão do Cirio.
Falo da animação que Felix Rocque promovia na Quinzena Nazarena, dos anos 40/50 do século XX. Ele trazia artistas de todo tipo e para todos os gostos e distribuía pelos teatros que abria nos quatros cantos do Largo de Nazaré.

1870 Largo de Nazaré





















Largo de Nazaré

Anos depois dessas fotos,  no período do Cirio, o Largo de Nazaré se enchia de barraquinhas vendendo nossas comidas típicas. Essas barracas eram dirigidas pelas famílias ricas da cidade e se misturavam com os brinquedos - cavalinhos, roda gigante, sputnik, etc- que ficavam no centro do largo.















Do lado da igreja de Nazaré tinha a Barraca da Santa, que mudava de dono diariamente. As familias ricas que não tinham ficado com uma das barracas do Largo, se revesavam durante os quinze dias naquela maior. Todos os responsáveis pelas barracas faziam convite as familias amigas, as quais, primeiro iam ao teatro (um deles) e após dar uma volta no Largo, jantavam numa das citadas barraquinhas, incluindo a chamada "barraca da santa", aquela do lado da igreja. Depois, os homens podiam, inclusive, ir provocar a sorte no Casino que ficava no Grande Hotel... também dirigido  pelo  meu pai.

Com todos os teatros que  meu pai conseguia abrir nesse período de festas, programas diferentes para sair de casa e ir ao Largo jantar,  tinha a vontade. Saindo do teatro a volta que davam no Largo, não era somente para saudar os amigos que estavam nas barracas, mas também para mostrar as roupas novas... Nessa época tinha quem fazia o enxoval do Cirio, de modo que não  tivesse que repetir seus  vestidos durante a quinzena. Lógico que isso era para uma determinada classe.


Meu pai morreu em 1958. Meu irmão Carlos Rocque ainda tentou, por uns dois anos, levar em frente essa atividade, mas preferiu continuar a ser jornalista e escritor, assim essa usança acabou.

Hoje, a semana que antecede a procissão é plena de atividades culturais. Se somam aos lançamentos de livros, peças teatrais, o Auto do Círio e o Arraial do Pavulagem.  Estes dois últimos eventos que acontecem sexta a noite e sábado depois da Romaria Fluvial -criada por Carlos Rocque - e chamam uma quantidade enorme de pessoas para a Cidade Velha e entorno. Infelizmente, sem respeitar o Código de Postura, assim a poluição corre solta. 

Infelizmente esse frenesi é ajudado por instituições várias, inclusive por estabelecimentos de ensino, que acabam esquecendo totalmente a defesa do nosso patrimônio. 

...e agora vamos falar dos problemas que geram, hoje.

Estamos falando de área tombada, onde se encontra a maior parte das igrejas mais antigas de Belém as quais deveriam ser salvaguardadas, protegidas, preservadas, conservadas, defendidas... Em  vez, durante o ano, temos uma media de cerca de cinco casamentos por semana nessas igrejas durante os quais, até pouco tempo, era de moda usar fogos de artificio como no Cirio, na hora que os noivos saiam da igreja ... Por um período de uns 3 anos isso parou, mas na Sé, ultimamente voltaram a abusar com fogos depois das 22h. Façam as contas para ver quantas noites de poluição sonora essa área tem que suportar, apesar da legislação em vigor a respeito disso...

Nessa área tombada também acontece o carnaval, a partir do dia primeiro de janeiro de cada ano e que depois da introdução de trios elétricos e abadás, a coisa só piorou. Vamos fazer as contas, novamente, de quantos dias o patrimônio sofre a agressão da poluição sonora, sem nenhum controle sério.

Para terem uma ideia, temos também as festas dos Santos, e não somente a quadra junina, mas todas as outras e o Círio também. Muitas vezes os fogos começam as seis da manhã, e os dos casamentos, até depois das 22h, além do tambores que ousam tocar até as duas da manhã. Vamos somar a quantidade de dias que o patrimônio histórico sofre esses abusos, alguns causados por aqueles que dizem defender  nossa cultura.


Na Cidade Velha, o foguetório acontece, também  em todos os órgãos onde a N. Sra. de Nazaré vem em visita. E, no meio de tanta gente culta que a recebe, ninguém pensa no dano que estão fazendo ao Patrimônio Histórico?...ao menos. Quanta incivilidade, né?

Temos, também, as manifestações não somente político-partidárias na frente da Assembleia Legislativa. Além dos pronunciamentos em alto volume, temos também musica e fogos bem barulhentos que conseguem até  derrubar os estuques do Museu do Estado -MEP, além de não dar sossego aos anciães que vivem no entorno. A legislação existente é totalmente ignorada. Quanta incivilidade, né?

No meio tempo, a prefeitura autoriza abusos incríveis na área tombada pelo Iphan, permitindo festas, inclusive de aniversário (até as 2h da manhã) e festivais, autodeclarados de "cultura". As associações de moradores do bairro, são totalmente  ignoradas, inclusive por quem se arroga o direito de  propor projetos financiador por leis culturais onde até o Código de Postura e os decibeis do CONAMA são totalmente esquecidos..... e aumenta mais a inciviidade e a prepotência.

Aliás, o mau exemplo de esquecer o art. 216.V;1, da Constituição, onde é previsto "a colaboração da comunidade" e a Lei Orgânica do Município que estabelece o "estimulo à participação da comunidade através de suas organizações representativas" ...começa nos órgãos municipais que, como se constata, não os aplica.

IGNORAM, JUNTAMENTE COM OS OUTROS FINANCIADORES, OS DANOS QUE, NÃO SOMENTE A POLUIÇÃO SONORA CAUSA AO NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E AS PESSOAS, MAS TAMBÉM A DESEDUCAÇÃO DA CIDADANIA, ao não aplicarem as leis em vigor.

Um balanço desses danos, ninguém faz... nem dos pássaros, cães, gatos e outros animais que se unem aos humanos que sofrem essa agressão sonora juntamente com os prédios tombados.

O desconhecimento do sentido de palavras quais; salvaguarda, defesa, proteção e do termo Forum, levam a pensar em má fé, em esperteza, astúcia, malandragem,  ou será só superficialidade,  mesmo, ao ignorá-los? Mas, um ou outro motivo que seja, danos, vão causando no meio tampo.

Tem razão Otto Lara Rezende quando diz: De tanto ver, a gente banaliza o olhar - vê... não vendo. ... o que acontece ao patrimônio durante o ano inteiro.


PS: A LEGISLAÇÃO COMPLETA A RESPEITO DA POLUIÇAO SONORA é no âmbito Federal: Art. 225. Da Constituição Federal, Lei n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, o Decreto n. 99.274/90, que regulamenta a Lei n. 6.938/81, a Resolução  do CONAMA n. 01, que estabelece critérios e padrões para emissão de ruídos em decorrências de quaisquer atividades industriais, Resolução n. 02, que instituição o Programa Nacional de Educação e Controle de Poluição Sonora-Silencio, e as Normas Técnicas de na. 10.151 E 10.152 da Associação Brasileira de Normas Técnicas -ABNT

PS2 :- https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2017/09/as-mudancas-no-cirio.html

PS 3 LABORATORIO DE DEMOCRACIA URBANA “Cidade Velha-Cidade Viva”: A SEMANA DO CIRIO..


Dulce Rosa de Bacelar Rocque (uma "cabana" que mora no pedaço...).

sábado, 4 de outubro de 2025

QUEM NOS DEFENDE?


Em setembro de 2016 iniciamos uma Campanha de Educação Patrimonial para Salvaguardar a Cidade Velha. Tal campanha era constituída de uns vinte banners sobre os problemas da área tombada da CIDADE VELHA. Os moradores apoiaram, colocando os baners nas suas janelas...




Passaram-se, praticamente dez anos  e os problema só aumentaram. O entra e sai de políticos de partidos vários, bem pouco ajudou a melhorar essa situação. O prefeito Zenaldo, bem que tentou melhorar, com a ajuda do  PAC DAS CIDADES HISTÓRICAS algumas praças de Belém, mas isso durou bem pouco pois a  falta de vigilância fez desparecer, não somente todos  os  balizadores colocados, mais a  fiação elétrica (enterrada), lâmpadas, plantas, tudo enfim, nas 4 praças.

A ignorância das leis em vigor so  aumentou. Parece até provocação, a quantidade de eventos autorizados em frente a igrejas (tombadas, inclusive), quando o art. 81 do Código de Postura, prevê uma distancia de 200m de escolas, hospitais, igrejas, etc. para defender a tranquilidade da população... Em vez ficam batendo tambor ou fazendo outros ruídos   (art.80) até as duas horas da manhã. 




A falta de noção de civilidade e de bom senso dos promotores desses eventos na área tombada, e também dos agentes públicos que autorizam, em flagrante desobediência à legislação vigente,  é visível e, sabe-se lá, com quais motivações... Não queremos insinuar problemas relativos a improbidade administrativa, mas qual seria o motivo que leva os funcionários públicos para tanta irracionalidade e ignorância das normas em vigor??

O que estamos vendo ultimamente?  Uma tentativa de distrair a massa alienada, abusando da poluição sonora, incomodando e prejudicando a saúde de idosos, autistas, doentes, além da fauna urbana; além de danificar edificações históricas devido as intensas vibrações.

O gasto de considerável soma de recursos públicos em propagandas institucionais ufanistas e enganosas, mostrando obras pontuais decididas sem qualquer participação da sociedade civil, com total falta de transparência, e, muitas vezes inauguradas antes de serem terminadas, so aumentam.


O controle da poluição sonora é algo desconhecido... Uma lei que aumentava para 70 os decibeis que deviam ser 50, foi declarada inconstitucional, mas continuaram a fingir que nada tinha mudado. E os danos a saude de pessoas e animais e as propriedades privadas, resultantes de tanta trepidação quem paga? Enfim, quem deve aplicar o Código de Postura? Tem gente recebendo ordenado, indevidamente.

 Que modo de governar é esse? Aqui damos algumas sugestões de  leitura...

https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2025/10/para-governar-democraticamente.html