domingo, 4 de outubro de 2020

UTOPIAS...

 Utopias para o ambiente sonoro de Belém 

Antonio Carlos Lobo Soares*


O ambiente sonoro da minha Belém é muito agradável, pois todos os elementos que dão vida e caracterizam uma cidade estão presentes, sem no entanto incomodar ou causar dano à saúde física e mental de seus habitantes.

Há menos ônibus, caminhões e motocicletas a circular na cidade devido ao novo sistema de transporte implantado, mais racional, eficiente, confortável, seguro e silencioso. Sua eficiência reduziu o uso de motocicletas como transporte público, impactando a produção de ruído e a ocupação de leitos de acidentados nos hospitais.

A circulação de veículos com descarga livre acabou, após a implantação de um programa de educação ambiental envolvendo a Prefeitura, as escolas e os meios de comunicação. Com o engajamento das crianças, os conflitos de vizinhança reduziram na cidade. Elas pressionaram seus pais a votar em candidatos comprometidos com o cumprimento da lei e melhoria da qualidade de vida em Belém. Em consequência, os mais votados foram os que fizeram as campanhas mais limpas e menos ruidosas.

Com o tráfego mais fluído na cidade, e sem os alagamentos que o engarrafavam, a buzina passou a ser um mero acessório dos veículos. O desenvolvimento industrial brasileiro reduziu o ruído dos motores nacionais, tanto de veículos como de eletrodomésticos. Os bares continuam alegres e cheios de pessoas, mas com sons em níveis civilizados. Ninguém mais dispõe caixas de som na calçada, ou perturba os vizinhos aos domingos e feriados, que passaram a ser dedicados ao descanso e ao silêncio. 

A execução do Plano Municipal de Arborização Urbana de Belém, aprovado em março de 2012 (Lei 8.909), além de aumentar o sombreamento das calçadas, embelezou a cidade com flores coloridas e potencializou os sons agradáveis de passarinhos e periquitos. Além disso, as flores e frutos aromatizaram a cidade e trouxeram mais natureza para o ambiente urbano.

Com praças restauradas, parques criados e nova arborização, Belém deixou a penúltima posição entre as capitais mais arborizadas do Brasil. Isto só foi possível depois que a fiação aérea elétrica e de telefone, que enfeiava o nosso patrimônio arquitetônico, foi tubulada nas calçadas. Esta medida desnudou os quatro séculos de arquitetura de residências, palácios, palacetes e igrejas que Belém tinha para mostrar. 

Com a requalificação das praças e parques urbanos, as crianças voltaram a frequentá-los, inundando o ambiente da Belém dos meus sonhos com sons de satisfação e brincadeiras.   

* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,

Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.


PS: Qando me acordei desse sonho que também é meu, parece que entrei  num pesadêlo.

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