quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

PLANO DIRETOR DE BELÉM



Está chegando ao fim o tempo dado à população, para enviar propostas para atualização do Plano Diretor de Belém.

Entre  os problemas em estudo, é preciso, sim, pensar em outros caminhos para o uso do nosso Patrimonio Histórico e da área onde se encontram. Sim, pensar em outros caminhos que não aqueles propostos, sempre, de bares e restaurantes,ou edificios ... na Cidade Velha, por exemplo. 

O conhecimento bem de perto  da área onde se encontram esses bens tombados é um ato necessário aos programadores que estes dias devem atualizar o Plano Diretor de Belém.

Nós da Civviva há tempos reclamamos da passagem de carretas pelas estreitas ruas da Cidade Velha. Sabemos quais são os produtos que descarregam...e não é somente cerveja ou refrigerante. Quantos programadores, porém, sabem disso?

Alguem sabe que os materiais de construção que os ribeirinhos precisam são comprados na Rua Dr. Assis? Dos azulejos as pias e privadas para os banheiros; tijolo, telha, cimento, assim como, ferragens várias, maquinas de açaí, redes de pesca,  bussola, coletes salva vidas, boiasancoras, etc, e é onde também consertam bicicletas e motores dos barcos...nas calçadas.

Na Siqueira Mendes até a D. Bosco, além de oficinas, encontram motores de popa, barcos, remos, rede de pesca, caixa d’agua, motosserras, motogeradores, GPS e tantos produtos para cuidar da terra, além da água. As lojas do lado da orla dividem espaços com portos e locais noturnos... sem estacionamento para clientes.

É importante lembrar que Belém é formada, inclusive,  por trinta e nove ilhas. Nos ouvimos falar, porém,  sempre de Mosqueiro, Outeiro, Cotijuba e Combú. As outras trinta e cinco, quantos de nós conhece os  nomes? E os problemas que tem quem nelas moram? Onde compram seus bens de primeira, segunda e terceira necessidade? Como são os portos onde  muitos atracam, ou tentam atracar, seus ‘pó-pó-pós’? O PD se lembra deles?

Precisamos lembrar também que a Fábrica de Guaraná situada em um belo prédio azulejado, fechou, mas as velas de cera, de todas as formas e cores, continuam a ser produzidas pelas duas fábricas ali existentes, visto que no raio de uns cem metros, ou pouco mais, encontramos bem três igrejas das mais antigas de Belém.

Hoteis, somente dois ou três, que sobrevivem apesar dos ruídos e odores que os clientes tem que suportar... e quando fecham a área tombada a causa de, por exemplo, manifestações tipo o pre carnaval, como chegar ou sair desses hoteis? Nenhum veiculo pode entrar ou sair em tais ocasiões independentemente da idade ou do porque precisam deles.

Outras atividades que estão desaparecendo ainda se encontram nessa área onde ainda existem muitas casas. Tirar goteiras é so uma delas. Quem faz grades de ferro também ainda encontra muito trabalho a causa da insegurança.

Autorizar locais noturnos sem estacionamento é ignorar o uso que fazem das calçadas e grama das praças tombadas. É não conhecer a  nossa realidade e o nível de educação da população que frequenta tais locais.

Insistir em ignorar as leis, de vários pontos de vista, e aprovar planos ignorando a realidade da área tombada e das ilhas do nosso entorno, demonstra não somente falta de informação e superficialidade, mas muita insensibilidade, também.

Neste momento que se encerra o tempo dado aos cidadãos para ajudarem a compor um novo Plano Diretor so desejamos que levem em consideração a aptidão da Cidade Velha lembrando, inclusive, de seus portos em situação penosa que, além do mais, ainda são usados como locais noturnos.

Não queremos confundir o Plano Diretor com o Código de Posturas, mas ao menos uma sinalização da necessidade de fazer algo contra a poluição sonora e ambiental é necessária... para toda a cidade.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

TRES NOTICIAS...



...sobre como é maltratado o nosso patrimônio.

Em 2012, iniciamos o ano com dois fatos que chamaram a atenção da população, pois logo começamos a ouvir falar em “azulejos” desaparecidos, painéis vandalizados. Não qualquer azulejo, mas aqueles que faziam parte de casas históricas de Belém. Uma dessas casas  hospedava o Bradesco no Largo da  memória (Av. Nazaré com a rua Quintino Bocaiúva); outra, aquela, abandonada, situada na praça Coaracy Nunes, mais conhecida como praça Ferro de Engomar e de propriedade de um comerciante.


 - O que aconteceu com os azulejos da casa de  Vitor Maria da Silva chamou mais atenção dos cidadãos, do que o desaparecimento dos azulejos da casa ocupada pelo Bradesco. A maior parte das pessoas descobriram, então, que existia uma praça em Belém conhecida como Ferro de Engomar onde existia um “tesouro” escondido...e nada mais, A casa está cada dia mais deteriorada.

https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2017/12/casa-ferro-de-engomar-e-necessidade-de.html
















Oito anos se passaram e nada foi feito que tenhamos noticias... e vamos ao que fizeram em 2019 com o prédio tombado das  11 janelas.



- Esta associação reclamou e pediu providências com relação a descaracterização do retro da Casa das Onze Janelas a Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa.

https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2019/12/assim-nao-vale.html

Iniciamos este ano recebendo do MPE, em data 15/01/2020, cópia do DECLÍNIO DE ATRIBUIÇÃO do expediente relativo  a questão das 11 janelas “o qual será encaminhado para a Promotoria de Justiça de Meio Ambiente e Urbanismo”.  ... e o tempo vai passando e o gestor ganhando dinheiro até quando chove, pois ali  no puxadinho os urubu não vão poder criar goteiras.

- É noticia de hoje na internet que o Governador vai mandar reformar o Palacete Faciola, o mesmo que em 2008 fui convidada para falar na ceremônia que dava inicio ao seu restauro. Governava Ana Julia Carepa. 





https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2018/03/palacete-faciola-de-2008-para-ca.html


Naquele periodo um nosso colaborador conseguiu fazer algumas fotos do interior de tal prédio. O estado de abandono era ja mais que evidente e a situação era penosa. Convem olhar essas fotos. Quem sabe o que sobrou.

https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2013/03/palacete-faciola.html. 

Estes são tres exemplos claros de desinteresse, desatenção e superficialidade no tratamento do nosso patrimônio, mas temos outros. O Palacete Pinho e o Palacete Bolonha são  casos que podemos acrescentar aos tres acima citados.















Temos prédios menos importantes que também chamam atenção pelas cores que estão usando, as quais nada tem a ver com a salvaguarda da  nossa memória. As cores fortes permitidas em casas consideradas de pouca importancia ao lado de outras de grande valor como a Fábrica do Guaraná Soberano, são absurdos que saltam aos olhos, que nem todos vêem.



Nada feito contra a poluição sonora, nem contra o transito exagerado nas ruas onde esses prédios se encontram. Ajudados pelas chuvas e, mesmo acrescentando, como andam dizendo ultmamente até 'urubus' que arredam telhas, a situação em questão serve principalmente para alimentar bla-bla-bla que bem poucos resultados trazem, concretamente... e é uma pena.

Repetimos hoje o que, em 2012 ja denunciavamos .. https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2012/02/carta-aberta-sobre-nosso-patrimonio.html

...E DEPOIS EM  2016, sobre a sede da FUMBEL... https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2016/01/desgraca-pouca-e-bobagem.html

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

ANIVERSARIO DO LIVRO DA CIVVIVA


NO DIA 11 DE JANEIRO DE 2009 A CIVVIVA REALIZOU A "NOITE DE AUTOGRAFOS"
                        DO LIVRO QUE RESGATA UMA PARTE DA MEMÓRIA DA
                                           "CIDADE VEHA CIDADE VIVA".


Fruto de dois sonhadores que se encontraram um belo dia e decidiram colocar em pratica o que tanto desejavam:
- a criação de uma Escola de Escritores e
- preservar a historia da Cidade Velha.

O Laboratorio de Democracia Urbana, criado pela Civviva, e o Grupo de Memória e Interdisciplinaridade da Faculdade de Engenharia Civil da UFPa levaram a cabo essa tarefa. O Curro Velho nos cedeu uma sala na Casa da Linguagem e a CISS (Cooperazione Italiana Sus-Sud) nos forneceu ajuda para o resto.

Em maio de 2008 iniciamos os trabalho com a publicidade, até em postes do bairro, de um 'mini vestibular' para a Escola de Escritores.  As vagas seriam 20, mas a qualidade dos mais de 100 candidatos nos levou a selecionar 37.  A idade dos concorrentes variava de onze a setenta e sete anos.

As aulas começaram. Todo sabado, durante tres meses, o Professor  Oswaldo Coimbra prendia a atenção dos 'futuros escritores', na Casa da Linguagem. Ja no final da Oficina começamos a contar com a presença dos alunos das Oficinas de Fotografia, Desenho, Pintura e Xilografia da Fundação Curro Velho.

1- Capa e projeto de custódia do livro.


 2 - Direção Civviva

3 - Convidados



4- Autografos


 5 - Os Escritores

6 - Ficha técnica


7 - Relação dos participantes


A ideia era fazer uma série de livros... Por enquanto paramos neste, mas ja valeu o propósito. Voltaremos.


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

LEMBRANDO CARLOS ROCQUE


Passaram-se vinte anos da morte de Carlos Alberto Rocque,  o 'jornalista da história'. Esta sua ultima entrevista.    http://www.youtube.com/watch?v=gJyQ42e236M

Em 2014 esta Associação resolveu reconhecer, em vida, o esforço cidadão daqueles que, em algum modo, cuidam ou se lembram do nosso Patrimônio Histórico...sem alguma obrigação,  por mera consciência civil.

Uma homenagem a Carlos Rocque se fazia necessária por sua contribuição à história do Pará, sem ter, para tanto, vínculo acadêmico, fato  esse que será levado em consideração na escolha dos futuros agraciados com tal reconhecimento.

O nome de Carlos Rocque a esse 'reconhecimento', foi escolhido por ter tido seu trabalho  snobado por aqueles que  podiam fazer mais pela cultura do Pará, mas que, não produzindo nada,  preferiram, ignora-lo, em vez.

Cair no esquecimento, depois de tantas coisas que fez para embelezar Belém, e para defender nossa memória histórica, é a triste realidade que vimos repetir-se durante a recente  reinauguração do monumento a Cabanagem.

Tiramos o chapéu portanto para o senhor Linomar Bahia pela lembrança deste  triste momento. No seu artigo Em nome dos 'pais',  lembra o "...comportamento típico da natureza humana, manifestado, principalmente, nas atividades políticas e nos ambientes institucionais, onde os "pais" de avanços costumam ser rapidamente esquecidos e suas obras apropriadas pelos oportunistas de qualquer oportunidade."

Mais adiante  constata que "Na recente reinauguração do Monumento à Cabanagem, no Entroncamento, foi solenemente esquecido o criador, jornalista e historiador Carlos Rocque, um visionário e cultor do amor a Belém e ao Estado e na reverência, como a ali prestada, aos vultos da batalha responsável por ter sido o Pará o último a aderir à República, por isso estrela isolada sobre a faixa da bandeira nacional. Foi o "pai" da obra, traçada por Oscar Niemeyer, pouco mais que um rascunho, sem custo, nunca vista pelo autor, que se dizia riscado para se livrar do Rocque.


"Carlos Rocque, aliás, também tem sido vítima do esquecimento em todas a oportunidades da celebração das festividades Nazarenas, como "pai" que foi do "Círio Fluvial", quando presidente da "Paratur", nascido de uma conversa de que participei, sobre ampliar a programação das festividades, na mesa que Rocque mantinha cativa, no bar ao lado do residencial "Ipiranga", onde ele morava. Foi alertado da reação dos eternos discordantes, alguns indignados por não terem a ideia, por isso prontos a todo tipo de insulto, inclusive ser "maluco".
Esse esquecimento não para por ai. Outra obra totalmente abandonada é a homenagem feita a Magalhães Barata, em S. Braz. O museu do Cirio, em vez mudou para um  lugar bem estreito, longe da igreja de Nazaré onde se encontrava.

Linomar Bahia, colmou, gentilmente, a triste lacuna ou total falta de atenção com seu artigo, e nós agradecemos profundamente. 
Aqui, na integra o que escreveu.
https://www.oliberal.com/colunas/linomar-baia/em-nome-dos-pais-1.227154


quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

O ANO NOVO E A POLUIÇÃO NO PARÁ


FELIZ ANO NOVO PARA TODOS... 

...APESAR DA POLUIÇÃO SONORA QUE VEMOS ACONTECER, NÃO SOMENTE NA CIDADE VELHA, MAS EM BELÉM INTEIRA, NÃO ESQUECENDO OS OUTROS MUNICIPOS DO ESTADO.

Esta Associação ha anos se bate pelo respeito das leis, esquecidas nas gavetas de todos os orgãos públicos que deveriam combater a poluição sonora.

O problema começa com o total desconhecimento e aplicação das  Normas da CONAMA A RESPEITO DOS DECIBEIS A SEREM AUTORIZADOS NAS VÁRIAS ÁREAS DAS CIDADES.

Outro problema gravissimo, que leva a piorar a situação, é não saber que "qualquer ruido" pode causar poluição. Essa constatação não é feita, nem admitida e parece até desconhecida pelos orgãos que devem cuidar do problema.

Na reunião com a SEGUP realizada nesta segunda feira 30/12/19 para tomar conhecimento das decisões sobre o pre-carnaval vimos um exemplo. Ao falar de decibeis fomos interrompidos para um esclarecimento: 'vozes e instrumentos eletricos eram isentos'... Desde quando? perguntamos. Em que lei isso era previsto? Citamos as  normas da CONAMA que usa o termo 'ruidos', para definir qualquer tipo de barulho e os representantes do DPA nos deram razão. Assim descobrimos que não foi decidido o respeito de nenhum decibel... ESSE É O NIVEL DE CONHECIMETO E APLICAÇÃO DAS NORMAS.

Nessa reunião conclusiva de apresentação de decisões sobre o pre-carnaval, as quais  foram decididas a priori sem a presença do IPHAN, nem da FUMBEL e nem da CIVVIVA,  pois não foram convidadas a participar, descobrimos essa superficilidade... Reclamamos mas nada foi modificado... então as leis para que servem? A defesa da área tombada se resumiu a que? Afastar o desrespeito para as margens da área tombada? Os clientes dos locais da Siqueira Mendes vão se dirigir silenciosmante para  o local das festas? A presença de banheiros quimicos no entorno da Praça do Carmo é para os passantes ou para incentivar os 'ficantes'??? Por que serão colocados somente nos dias 11 e 19/01/2020? Não é que vão acabar se concentrando ali... Nenhum carnavalesco, nesses dias vai chegar pela Praça da Sé? Tomara que a PM e a GM e outros orgãos da Prefeitura cuidem de evitar que isso aconteça.

Muito incomodados principalmente  com a desatenção quanto as normas da CONAMA,  que consideramos um fato gravissimo,  aproveitamos para levar a conhecimento de quem nos lê, reclamações que vem de outras bandas.

Sons em ambientes turísticos no Pará
Antonio Carlos Lobo Soares*

Esta semana encontrei o amigo Luiz que reside na ilha do Mosqueiro, a 74Km de Belém. Ele me reclamou de um vizinho que escuta música alta, ao anoitecer. “Precisas ver quando o time dele ganha! Ele aumenta o som e canta um bando de músicas de dor de cotovelo.” Disse-me que o que lhe incomoda é o vizinho querer impor o seu gosto para todo o bairro. Respondi que no Pará isto já se tornou um hábito cultural.

Contei-lhe a frustração vivida na Vigia, cidade hoje com 403 anos, a 102Km de Belém. Emocionados com o carnaval irreverente do ano anterior, onde homens se vestiam de mulher e mulheres de homem, voltei com a família a Vigia. Os blocos são alegres, criativos e sem confusão, um raro exemplo de diversão, multidão e segurança.

Um diferencial turístico no Pará!

Ao chegarmos em Vigia, fomos recebidos com carros “tunados”, com caixas de som no bagageiro, músicas de vários ritmos em nível sonoro estrondoso, a ignorar residentes e turistas como nós. Retornamos na mesma hora, sem deixar uma só divisa naquela cidade histórica. Nos frustramos ao ver Vigia com sua bela Igreja Matriz, pessoas simples e peixes saborosos, toda infestada de poluição sonora.

A propósito do tema, o amigo Alex relatou-me sofrer do mesmo mal quando vai à praia de mar no Atalaia, em Salinópolis, a 220 Km de Belém. Sua indignação se deve a desarmonia entre os sons agradáveis do mar e os que os veranistas levam à praia. “Eles não se satisfazem em ouvir música só pra si, têm que se mostrar pros demais!”

Iago, outro amigo, também reclamou que a música alta está infestando os belos igarapés de Santa Bárbara do Pará, a 50 Km de Belém, e exclamou: “Como é possível um indivíduo prejudicar o lazer de toda uma coletividade de turistas!”

O primo Robert reclamou do som automotivo na Doca de Souza Franco, reduto das grandes conquistas e concentração de vencedores, que também padece da insensatez dos que pra lá se dirigem na madrugada. “Se eu tivesse uma arma disparava naqueles autofalantes que não me deixavam dormir às 4 horas da manhã.”

A amiga Simony reclamou de uma “rave” em um clube dentro do Parque Estadual do Utinga. “As autoridades sabem e não fazem absolutamente nada! São mais de 48 horas de barulho intenso e intermitente!” 

E assim, os sons indesejados destroem os ambientes turísticos, a recreação e o lazer dos paraenses. Embora soe como exagero, tenho certeza que tão logo esta crônica seja publicada, receberei novos relatos, ainda mais escabrosos e inusitados que os apresentados aqui. Quem se habilita a ser o próximo?


* Arquiteto PhD, Museólogo e Artista Plástico,
Tecnologista Sênior do Museu Goeldi.