terça-feira, 17 de agosto de 2021

QUEM LEMBRA DAS SERESTAS?

 

Quem lembra das Serestas do Carmo? Tiveram início no governo de Almir Gabriel (de 1983 a 1985), e foram realizadas com o apoio do Governo do Estado. No governo, a dupla ALMIR GABRIEL/JADER BARBALHO... E foram um sucesso.

Os governos sucessivos, porém não repetiram a façanha. Se o objetivo era o enraizamento no bairro, isso não aconteceu. Os frequentadores vinham de fora, de outros bairros, como continua acontecendo hoje. E a praça não oferecia todas as condições necessárias a eventos desse gênero...e hoje até a quntidade de bancos diminuiu. O pior era voltar pra casa, depois que os ônibus paravam de circular. Onde ficavam esperando... e batucando pela noite afora?

Veio o primeiro governo de Edmilson Rodrigues. A Dra. Edilza Fontes era a presidente da FUMBEL, e nos conta o que aconteceu, depois que decidiram repetir aquelas serestas.

Tivemos problemas de estacionamento, o aumento de roubos e assaltos, o número de banheiros químicos nunca era suficiente, a iluminação pública não foi refeita, o policiamento não era feito corretamente, o entorno da praça não tinha número de bares e restaurantes que atendessem todo o público.

 Neste sentido, o governo deveria observar:

 1) A Seresta não pode ser só na Praça do Carmo, deveria haver um circuito de atividades culturais no mesmo dia em vários pontos de Belém, permitindo assim, que os públicos dos bairros mais populosos possam permanecer em seus bairros. (*)

 2) Deve se buscar articulação com as associações de bairros ou dos amigos das praças, para que este circuito possibilite o fortalecimento destas associações. (brava)

 3) Antecedendo a Seresta, devemos ter atividades de educação ambiental e de educação patrimonial, que podem ser oficinas, que devem ocorrem dias antes das serestas, ou mesmo cursos de capacitação que permitam que as pessoas possam exerce atividades no entorno da Praça. (brava)

 4) Definido as praças que farão parte do circuito, deve se ver observados o policiamento, a iluminação e áreas de estacionamento.(e a hora de encerramento e dispersão)

 5) A programação cultural deve ser feita com cuidado, e se possível envolver artistas do bairro. (bravíssima)

...”

...Essa experiência acumulada para que serve? 


Quanto as atividades nas praças, essa experiência é válida ainda hoje... com a necessidade de algumas correções, é logico. Quem pensa em aplicar as sugestões da professora, porém? (*Desestimular o deslocamento de público de um bairro para outro é uma necessidade, para evitar ao menos que, depois da fase de dispersão do evento, as pessoas que perderem o ônibus, fiquem fazendo algazarra e perturbando o sossego da população residente no entorno.

Na época das edições citadas acima, o IPHAN ainda não tinha tombado parte da Cidade Velha e da Campina. Portanto, hoje os cuidados relativamente a salvaguarda, defesa e proteção dessas áreas devem ser redobradas. Temos a acrescentar, somente:

- o respeito das normas previstas no Código de Posturas e na Lei Orgânica do Município;

- luta contra a poluição sonora;

- elaboração e implementação de um programa permanente e massivo de educação patrimonial, ambiental e do trânsito, como previsto nas leis em vigor.


Não necessariamente voltar as serestas, mas considerar a possibilidade de promover também eventos musicais com voz e violão, em praças menores como a Praça Maranhão (em frente à igreja de Santana), praça em frente à igreja do Rosario dos Homens Negros, Praça Coaracy Nunes (Ferro de Engomar), e mesmo a Praça das Mercês, se quisermos público de outros bairros ... ou seja, em praças onde o numero de moradores é muito menor e é, sem idosos. 


Sobre as ações que a Circular Campina-Cidade Velha realiza na área tombada da Cidade Velha, a CiVViva frequentemente recebe reclamações e as mais variadas manifestações de moradores das vias onde estão alguns dos pontos participantes do roteiro. Havendo interesse, se pode até verificar a quantidade de reclamações à Policia Militar, nos dias e horários em acontecem os eventos da Circular Campina-Cidade Velha. Tais comportamentos não nos parecem respeitosos das leis em vigor. 

É o caso, inclusive, de perguntar se essas vendas que se realizam nas portas das casas, sejam regulares, e ajudam na arrecadação de impostos municipais...caso contrário todos tem o mesmo direito.

No evento do Circular Campina Cidade Velha, do último domingo (17.08.2021), a Associação Cidade Velha Cidade Viva foi informada de várias manifestações de moradores a respeito do que acontecia, entre as quais transcrevemos as seguintes:

 A partir das 12h de 17.08.2021 –

- “circular é um troço que traz um bocado de gente de fora e não vão embora. Ficam bebendo, farreando, atrapalhando a vida de quem precisa descansar pra trabalhar na segunda feira”;

- “aglomeração e todos sem máscaras um desrespeito a tantos que se foram em meio a uma crise sanitária que envolve o MUNDO 🌎 Chamem a polícia para garantir a ordem! Ou será que é o Tubarão que vai ter que resolver? Absurdo!”;

- “pessoas idosas nas residências. Esse circular, dessa maneira, não cabe aqui”;

- “duvido que se o carro de polícia revistar eles vão encontrar droga de todo tipo”;

- “agora mesmo meu filho estava na janela e estava acontecendo dentro do carro, daí   eles me viram e foram embora;

- “acho que uma câmera bem na esquina melhoraria”.

- incluimos reclamações sobre poluição sonora a menos de 200m da igreja do Carmo.

Além desta realidade, tomamos conhecimento de que os dirigentes da Liga dos Blocos do Pré-Carnaval da Cidade Velha, já estão convocando os "fãs" para discutir as "novidades para 2022". Cabe lembrar que esse evento chegou a ser proibido pelo poder judiciário, em função da incompatibilidade desse tipo de atividade com as características culturais, históricas, e estruturais da Cidade Velha. 

Lembramos da absoluta necessidade de que todo e qualquer evento na area tombada, deve, obviamente, ocorrer em total observância a toda a legislação pertinente ao resguardo do patrimônio cultural, histórico,  artístico. .. e do cidadão.

Hoje, seria oportuno que a PMB estabelecesse articulações permanentes com: a UFPA, a Arquidiocese de Belém, os representantes de entidades que congreguem praticantes de Umbanda e Candomblé, os responsáveis pelos blocos de carnaval e pré-carnaval, os produtores de eventos, os proprietários de empresas de propaganda sonora em veículos automotores, os proprietários de estabelecimentos de diversões noturnas, os representantes de empresas que fazem carga e descarga de mercadorias, os comerciantes locais, os praticantes de esqueite e patins, etc.; além das associações de moradores de bairros (como preveem as normas), objetivando deixar claro, inclusive,  a vontade de respeitar as leis, em todas as manifestações públicas, aplicando inclusive as sanções previstas, único modo de ver respeitadas as leis.

Todos entenderão que, além de defesa do nosso patrimônio histórico, é uma questão de:

- civilidade;

- educação e

- democracia.

 

Verdade, Dra. Edilza?


PS: http://professoraedilzafontes.blogspot.com/2009/11/seresta-do-carmo.html

 

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