À
medida que ignoramos as leis da convivência, mais a conivência generalizada
permite que situações irregulares se transformem em hábitos e costumes difíceis
de serem
modificados.
Vemos isso acontecer
diariamente, sob nossos olhos, e nada fazemos para evitar que o pior aconteça.
Como se usa a cidade, hoje? E as praças, para que servem?
As Praças nasceram como lugar de encontro, mas esse lugar de agregação, assim
visto, não existe mais... Do tempo do “ágora” grego, lugar de reunião da coletividade, ao Fórum Romano, lugar de agregação, existe uma continuidade que não
foi interrompida nos séculos sucessivos.
Chegamos nas portas do século XIX, quando desenvolveram aqueles
retângulos regulares que
serviam para cultivar espécies vegetais ornamentais, criando uma área verde, às
vezes até contornando um monumento. Hoje, porém, mesmo esses arranjos começam a
ser obsoletos na sociedade atual, em algumas cidades.
A função das praças, como lugar de agregação, está perdendo seu
sentido... E
consequentemente, assim, as cidades perdem sua identidade.
O “ágora” da praça do Carmo, aquele anfiteatro que se transformou em campo de futebol, e também, agora, em uma área passível de destruição da alvenaria por parte de skatistas e patinadores... Por que? A falta de vigilância, não reprime, como deveria, (e até motiva...) as muitas demonstrações de má educação de cidadãos, no uso inadequado e destrutivo do logradouro.
Não importa se as praças são novas ou antigas, se são históricas ou não, os abusos que ocorrem corriqueiramente, as degradam e as transformam, independentemente do que estabelecem as leis, para tais áreas públicas, dificultando ou impedindo o seu uso pela população em geral.
Perturbar alguém ou o sossego alheio com gritaria ou algazarra, ou abusar de instrumentos sonoros ou sinais acústicos,
são proibidos pelo artigo 42 do Decreto Lei n. 3.688/1941, mas ninguém costuma respeitar isso.
Existe lei que recita de
modo bem claro que “Será considerado atentatório à tranquilidade
pública qualquer ato individual ou de grupo, que perturbe o sossego da
população.” (Código de Postura art,79),... mas observamos tais atos serem autorizados por órgãos
públicos, e as vezes até realizados por esses próprios órgãos.
Que democracia é essa, em que nem os órgãos públicos respeitam as leis em vigor? Em que ninguém se ocupa em educar, em formar cidadãos desde a primeira infância? Também se pode educar através de placas como vemos em Portugal e Espanha...
Aparentemente a vigilância não tem mais nenhum sentido, visto que não é mais adequadamente exercida por quem deveria ... Assim sendo, fazer algo para alguem ganhar dinheiro, sem algum confronto com a cidadania, entra como mais uma opção, no lugar de um programa de defesa do patrimônio...
Vamos transformar as praças em mercadinhos e/ou campos esportivos? É o caso de discutir a respeito em vez de fingir que isso não está acontecendo...para o prazer, porém e apenas, de alguns privilegiados.
Segue uma
nota do Arq. Pedro Paulo Santos, bem elucidativa dessa nossa realidade...
REFORMA DA PRAÇA D. PEDRO II ...
Atualmente, o ritmo das obras de
restauro na Praça D. Pedro II parece bem célere. Tomara que seja instalado um
posto fixo da Guarda Municipal de Belém, que atue de forma efetiva, para evitar
futuras depredações e outros atos ilícitos na praça.
A Praça do Relógio, restaurada ainda em
2020, já apresenta evidentes sinais de degradação, pois o belo e histórico
relógio já está danificado (vide fotos), e os pilaretes instalados para evitar
estacionamento irregular nas calçadas já foram todos subtraídos.
Situação semelhante na Praça do Carmo,
também restaurada em 2020, onde várias luminárias foram roubadas, partes das
alvenarias estão danificadas, e os canteiros destruídos, tudo em consequência
de usos inadequados do logradouro.
Prosseguindo a incômoda e revoltante
rotina de furtos de elementos dos logradouros públicos, há poucas semanas foram
roubados postes centenários de ferro fundido da Praça Batista Campos (vide
fotos do Procurador Geral do Município sr. Sebastião Godinho).
Ontem (11.08.2021) a TV Liberal
apresentou em seus telejornais uma matéria sobre o tema do furto de peças
metálicas integrantes do patrimônio cultural de vários logradouros de Belém ao
longo de vários anos
(https://g1.globo.com/.../videos-jl2-de-quarta-feira-11-de...). E em 25.07.2021,
o blog Laboratório de Democracia Urbana, da Associação Cidade Velha Cidade
Viva, também publicou um artigo abordando o assunto
(http://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/.../arran...).
Não é admissível tanto desperdício de
recursos públicos, e tamanho desrespeito com o patrimônio cultural, histórico e
artístico de nosso Pará.
As gestões passadas da PMB tiveram
atuação péssima na manutenção da infraestrutura urbana, e através de sua
incúria em inúmeros segmentos, foram responsáveis por muita degradação e
destruição.
Apesar da situação de terra arrasada,
encontrada pela atual gestão municipal, desejo que todos os gestores sejam mais
sensíveis ao clamor espontâneo dos cidadãos que apontam as situações mais
visíveis, e que adotem tempestivas e acertadas decisões, que possam buscar
resolver os problemas apresentados.
Programas efetivos e sérios de educação
ambiental, de educação patrimonial, e de educação para o trânsito, que são de
responsabilidade compartilhada entre União, estado e município, como reza a
legislação pertinente, deveriam ser implementados, de forma massiva e
permanente. De nada adiantam ações pontuais e esporádicas, já experimentadas
nas gestões passadas, sem nenhum efeito expressivo na mudança do comportamento
da maioria da população.
Outrossim, a atuação da Guarda Municipal de Belém precisa melhorar muitíssimo. Acredito que há necessidade de maior número de agentes. Os programas de treinamento desses agentes precisam ser reavaliados e atualizados, porquanto, a conduta pública de muitos deles tem sido inadequada (corriqueiramente são observados agentes em animadas e demoradas conversas em grupo, ou distraídos no uso de celular, principalmente na Praça da República e na Praça Batista Campos, o que precisa ser disciplinado). Os furtos de peças metálicas e dos pirarucus da Praça Batista Campos foram perpetrados, a despeito da existência de um posto fixo da Guarda Municipal de Belém naquele logradouro.
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