quinta-feira, 10 de junho de 2021

CARRETAS (e algo mais) NO CENTRO HISTÓRICO

 

Estamos atravessando um momento dificil, em todos os sentidos... e as leis que estão tentando modificar estes dias, nos confirmam que o problema é bem  mais grave para a área tombada e seu entorno.

Não adiantou o tombamento pelo IPHAN, de parte do bairro da Cidade Velha e da Campina, para impor mais respeito ao nosso patrimônio histórico. O transito pela área em questão, foi completamente ignorado nesses anos que passaram desde o tombamento e,  aos ônibus, caminhões e carretas,  ainda vimos acrescentarem as vans que não respeitam nada nem ninguém... e agora ainda corremos o risco de um aumento muito mais significativo, caso permitam o aumento dos 'atacarejos' no entorno da área tombada.

Quem governa e deve cuidar da cidade, além de  nunca ter lembrado de sinalizar as paradas de ônibus, também esqueceu de colocar  uma placa indicando o inicio/fim da área tombada e o que não se deveria fazer, dentro dela...buzinar, por exemplo, mas também evitar os fogos de artificio barulhentos e a entrada de carretas... Grave, porém, foi a determinação que próprio a travessa D. Bosco, pequena rua que passa em frente a dois prédios históricos do século XVIII, ditos do Landi, fosse sede de estacionamento para carga e descarga... sem alguma especificação sobre a tipologia dos meios de transporte que poderiam usar aquele espaço.


São pequenos detalhes que se somam tornando absurdas determinadas opções. Os abusos começaram porque a placa não determinava o peso nem o comprimento dos veiculos que poderiam ter acesso a tal estacionamento no coração, nobre,  da área tombada. 











A trepidação provocada pelas carretas que variam, inclusive,  de 14 a 30m de comprimento é sentida, também, pelos proprietários de todas as casas por onde elas passam... Siqueira Mendes e  Dr. Assis, por exemplo, mas não somente.










 

Um dos prédios em situação mais perigosa, é o chamado PALÁCIO VELHO que, segundo  o que lemos na Wikipedia, fonte mais rápida de informações, e...

De acordo com a Revista n°10, do Iphan, o Palácio Velho, em Belém, serviu como residência governamental e sede dos serviços dos executivos paraense em certa fase do período colonial. Até o ano de 1751, a Capitania do Pará foi dependência administrativa do Estado do Maranhão onde os governadores tinham residência fixa. Em Belém apenas um capitão-mor era residente. Frequentemente, quando havia interesses da região que exigiam a presença do governador, ele se deslocava de São Luis até Belém, ocupando casas alugadas denominadas de “casa do governador”. Diante a este deslocamento, resolveu-se edificar um palácio para os chefes de estado, começou então a ser erguido em 1676, com um custo de 7 mil cruzados. Em 1759 ele já estava danificado, ameaçando a desabar, então foi demolido. No mesmo lugar, a mando do governador Fernando da Costa de Ataíde, um novo palácio foi edificado sob planta traçada pelo arquiteto Landi, no estilo Clássico Italiano. Posteriormente, Cristóvão da Costa Freire decidira que a residência governamental deveria ser transformada em hospital para soldados. Berredo, sucessor de Cristóvão, sustara as obras para construir a sede do Bispado.


Ignorando toda essa história, as carretas que estacionam em frente a ele, passam, ainda,  pela  Casa Rosada e depois pelo Palacete Pinho, dois prédios que, também, fazem parte da nossa história... e que se  não fosse o estado em que se encontram as calçadas, seriam muito mais visitados pelos raros turistas que se dignam a  vir até aqui... e ainda querem liberaliza-las para os bares e restaurantes.













 

Esta é a situação do portão do Palacete Pinho, causada pelo vai-e-vem de carretas no estacionamento em frente a ele.

O  que mostrar aos eventuais turistas usando as calçadas de liós , também tombadas, que se encontram  em situação indigna. Muitas delas ocupadas com atividades de vários tipos...

                          Calçada Siqueira Mendes, a rua mais antiga de Belem

...  ou, dificultadas no seu uso, também, a causa de terem sido modificadas para que veículos pudessem entrar nos porões que se transformaram em garagens.



             Calçadas da  Dr. Malcher, que dificultam o seu uso pelos  pedestres


 













Estamos falando de Centro Historico tombado seja pela Prefeitura que pelo IPHAN.  No entanto, e também,  para dificultar mais ainda o uso das calçadas, tivemos o aumento da altura do meio fio das ruas. Esse aumento do asfalto levou a agua da chuva a invadir as lojas e seus proprietários, para se defender, cobriram as pedras de lios criando ...degraus.  Mais um problema para os pedestres, pois  dificulta mais ainda quem se locomove com o uso de cadeiras de rodas ou muletas...















E os direitos dos cidadãos? Que cuidado tiveram com os pedestres? O Código de Postura diz de quem são as calçadas... Agora, imaginem de manhã cedo quando saem para trabalhar e encontram os postes rodeados de lixo???? 


Ainda tem mais:  quem não tem estacionamento para seus veiculos, usa as calçadas de lios, para esse fim, dificultando não so a passagem  de  turistas, mas a dos moradores e dos ribeirinhos que se servem das lojas da área.
























Claro que quem deveria cuidar da cidade não passa por ruas com essa realidade... principalmente se não andam a pé. Muitos nem sabem o que os ribeirinhos encontram nessas lojas da Cidade Velha, a ponto de pensarem até em transforma-las em bares...quem sabe onde estacionariam seus  veiculos, os cliente desses bares? 

Agora, se antes de ter a orla cheia de 'atacarejos' a situaçao é essa, o que acontecerá quando estiverem funcionando? A distração dos órgãos competentes à salvaguarda, proteção, defesa, etc. do nosso patrimônio é atroz, pois, somando todas essas desatenções, ainda temos outro agravante. Nossa paixão pelo barulho, pelos ruídos... 

Os prédios acabam sendo  prejudicados ou derrubados a causa, também, de outro tipo de trepidação, aquela causada pela poluição sonora que supera de muito, os 50/55 decibeis previstos nas normas nacionais. Será que é falta de aparelhos medidores dos decibeis, somente?


Então, a somatória desses "pequenos" problemas acima levantados nos leva a questões mais graves que seguimos estes dias. Enfim, um bocado de educação patrimonial, do transito e ambiental  deveria fazer parte do curriculo de quem trabalha nesse setor... quem sabe essa realidade mudasse para melhor. Quem sabe também,  após estudo das leis em vigor, vereadores mais éticos, evitassem até o apoio a  modificações das normas que dificultam a liberação de empreendimentos atacadistas na orla da cidade. 
 
A proteção e preservação do entorno da área tombada tem a ver  com o veto ao PLC 8833/20 que vai acabar prejudicando nosso patrimônio histórico e urbanistico. 

Alguem pensou no aumento do transito na area tombada e seu entorno se liberalizam essas normas ? Por onde passarão as carretas?  A falta de visão de quem cuida da politica urbana é clara ao ver a desatenção quanto a esta situação.

Os Conselhos, para que servem? algum deles se mobilizou ou fez observações a  respeito dessas propostas, logo apos serem apresentadas?


É o caso de perguntar, também, mais uma vez: 
- Para que tombaram se não cuidam com a devida atenção essa área, de modo que até os turistas possam visita-la sem todos esses impecilhos? 
- Como mexer no artigo do Código de Postura que fala de calçadas, pensando so no interesse de baristas e donos de restaurante e nada sobre o abuso provocado de vários modos aos pedestres, ou seja aos diretos dos cidadãos.



(Fotos da CIVVIVA,  Celso Abreu e Advaldo exceto a do Palacio Velho)

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