ESTÁ NASCENDO, SEM QUERER UMA HOMENAGEM A NOSSA HISTORIA.
1- VER-O-PESO
2- VIGILENGAS
...O MERITO É DO "NOSSO BOTO" COM SUAS IDEIAS E AS TROVAS ... DOS OUTROS.
Ao longo da costa brasileira, vários tipos de
embarcação foram surgindo. Além das nossas
vigilengas, temos “ jangadas a
remo, até as que usam duas velas, passando pelos cúteres do Maranhão, os
saveiros da Bahia, as canoas de tolda do São Francisco, as canoas de convés de
Laguna”.
Elas, as Vigilengas, as barcas a vela, fazem parte da lembrança de quem superou o meio século de idade. Numerosas eram as embarcações providas de velas que coloriam a doca do Veropeso. Cada região ostentava nas suas canoas, pinturas diferenciadas, como um tipo de identidade local.
Com o desenvolvimento de Belém, pouco a pouco vimos as velas desaparecerem das barcas e...do Veropeso. A chegada dos motores de popa possibilitou que, até o possuidor de um barquinho pudesse atravessar rapidamente o rio e trazer seus produto para o mercado.
Os po-po-pós aumentaram e as velas colorids atravessando o rio, desapareceram.
VIGILENGAS: QUEM LEMBRA?
de Antonio Juraci Siqueira a quem agradecemos por nos ajudar a relembrar.
Manuel Bandeira escreveu: Nunca mais me esquecerei/ Das velas encarnadas /Verdes /Azuis/ Da doca de Ver-o-Peso/ Nunca mais.
Quando menino fiz algumas viagens do Cajari pra Belém a bordo da canoa freteira Flor do Cajari. Nesse tempo, há mais de 60 anos, era raro ver embarcação motorizada.Tanto as freteiras quanto as vigilengas, canoas pesqueiras típicas do município de Vigia, eram movidas à vela. Lembro do espetáculo que era ver, pela manhã, quando as canoas içavam âncoras para o reinício da viagem, velas de todas as cores e formatos, veria poemas concretos, borboletas coloridas voando sobre as águas do Marajó...
Hoje, essa visão faz parte do passado e as veleiras só vogan na lembrança deste velho caboclo que, em menino, sonhara ser canoeiro. Agora, essas canoas, com raras exceções, são motorizadas, desde as usadas para transporte de cargas e passageiros às de pesca, incluindo cascos, batelões e montarias.
Ontem postei aqui as trovas premiadas no II Concurso Paraense de Trovas sob o tema Ver-o-peso e hoje, em atenção ao pedido da amiga
Dulce Rosa Rocque , postarei as trovas sob o tema Vigilenga, do mesmo concurso, ocorrido em 1986 quando eu era presidente da União Brasileira de Trovadores seção de Belém. As trovas foram publicadas nos Cadernos de Cultura da Semec, que patrocinava os concursos. Dos 16 trovadores premiados, 4 permanecem entre nós e 12 já habitam a outra dimensão.
Sozinho no baluarte
do cais me ponho a cismar:
- a vigilenga que parte,
faz a saudade aportar!...
( Alfredo Garcia)
Sou vigilenga perdida,
fustigada pelo vento,
vivo vagando na vida
num vendaval de tormento.
(Ana Maria Freire)
Mil pétalas coloridas
que o vento vai carregando,
são vigilengas floridas
pelos rios navegando.
(Benjamin Camarão)
Esbarrei na tua ausência
vigilenga abandonada.
Teu nome, agora, é carência,
saudade desesperada.
( Celeste Proença)
Vigilengas vêm das ilhas
carregando produção,
trazendo, de muitas milhas,
saudades no coração.
(Helder Moreira)
As vibrações do universo
fez de meu mundo um altar:
das vigilengas meu verso;
das santas águas, meu mar.
( José Eimar Monteiro)
Tudo que a vida me nega,
nas páginas recomponho,
vogando com minha lira
na vigilenga do sonho.
(José Ildone)
Vigilenga... És fantasia
e no mar és flor em aste...
Quando levaste a Maria,
o coração me levaste.
(Leonan Cruz)
Inspiração colorida,
vigilengas a bailar...
Na chegada ou na partida,
poemas à beira-mar.
(Maria de Lourdes Cardoso)
Com lindas velas infladas,
vigilengas cruzam mar.
Veleiras das madrugadas,
companheiras do luar
(Osmar Arouck Ferreira)
Vigilenga, as tuas velas,
desfraldas nas baías,
estão cheias, quantas delas,
de saudade das Marias!
(Roberto Rodrigues)
Outrora, meio capenga,
andei só, em desatino,
tal qual uma vigilenga
pelos mares sem destino.
(Roseli Sousa)
Vigilenga, a tua sina,
pelos portos das cidades,
é ir e vir na surdina,
levar e trazer saudades.
(Sebastião Godinho)
Vigilenga, és canoinha
pescando sonho, ilusão,
no Ver-o-peso, à tardinha,
na maré do coração.
( Sylvia Helena Tocantins)
Vigilenga se afastando,
na madrugada sombria,
busca o sol que vem raiando
só pra dizer-lhe: - Bom dia!
(Thereza Nunes Bibas)
Vão no vento navegando
as vigilengas singelas...
Lenços brancos acenando
com o adeus de suas velas!.
(Zinalda Castelo Branco)
***
Bom dia, meu povo!
Faz que nem as vigilengas durante os temporais: te aquieta!
Obrigada por me ajuda a salvar essa memória.
Fotos de amigos e da internet.
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