Em 2003, em Bolonha na Itália, organizei uma mostra sobre
Antonio Giuseppe Landi. A maior parte das fotos eram do Engenho Murutucu. Sobre
os moveis da sacristia da igreja de S. Bartolomeu e Gaetano coloquei os objetos
indígenas e amazônicos que tinha em casa. Nos muros, as fotos do que sobrou das
suas obras em Belém feitas pelos amigos Faustino Castro e Ronildo Matsuura.
Um belo dia, enquanto explicava a uns visitantes quem era
Landi, chegou um senhor que, apressadamente olhou as fotos, virou-se em minha
direção....e foi embora sem proferir palavra alguma.
Meia hora depois este senhor, Conde Vincenzo Lucchese Salati (*),
professor da faculdade de Arquitetura de Venezia que conhecia a historia de
Landi, voltou. Me perguntou de onde vinham aquelas fotos e me levou até uma
delas onde se via a janela do que restou da igreja que Landi tinha preparado
para o casamento de sua filha, la no Engenho Murutucu, na segunda metade do século
XVIII.
Explicou alguns detalhes e concluiu dizendo: “aqui temos uma prova que o neo classicismo é uma criação de Landi...na Amazonia, porque aqui não deixou nada mais que desenhos.”
As ruinas do Engenho Murutucú e da capela de N. Sra. da Conceição foram tombados pelo IPHAN em outubro de 1981, quando ainda tinha uma enorme chaminé envolvida pelo mato...
Hoje vi umas fotos no Grupo
Nostalgia Belém, da situação em
que se encontra esse Patrimônio, deveríamos dizer, da Humanidade. A floresta cresceu entorno das ruinas nesses quase vinte anos desde quando meus amigos
me mandaram as fotos para a mostra...
Este é mais um exemplo de como se cuida do nosso patrimônio. Se ignoram o Palacete
Pinho , o Bolonha, o Faciola, que estão bem em vista em Belém, imaginem se vão
dar atenção a essas ruinas históricas, escondidas pelo mato, mesmo se invejadas
pelos estudiosos estrangeiros...
Senhores candidatos a Prefeitura, olhem essa realidade. Com certeza
nenhum dos “defensores do patrimônio” vai lembrar dele nas propostas de governo
da cidade. Sua importância para a história
da arquitetura é, porém, juntamente com
a igrejinha de S.Joãozinho, maior de qualquer outro prédio construído em Belém.
A EMBRAPA que o comprou alguns anos atras, será ainda proprietária dessas ruinas? O que faz para salvaguarda-la?
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(*) Conde Vincenzo Lucchese Salati, professor de Desenho e Relêvo para o Restauro Arquitetônico de edificios antigos/históricos e artísticos, na Universidade de Veneza, vive em Bolonha.
Docente di Disegno e Rilievo per il Restauro Architettonico ( di edifici antichi /storici ed artistici) presso la universita' di Architettura di Venezia...
Um comentário:
Desde os tempos que eu estudava no colegial eu escutava que as ruínas iriam ser preservadas. Até hj ninguém fez nada
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