Vamos discorrer sobre Programação Econômica do Território, pois parece
ser algo que não se conhece por aqui. As atividades são autorizadas onde o
‘futuro dono’ indicar sem a menor atenção a questão concorrencial e muito menos
a ambiental. Ao menos, é isso que se nota em Belém.
Isso acontece em países onde o capitalismo foi imposto, porque
descobertos há poucos séculos. Países esses que não seguiram a evolução econômica
passando por vários estágios antes de chegar ao sistema capitalista.
A defesa do próprio mercado é algo que se desenvolveu lentamente, a
medida que o capitalismo crescia. Quando a Espanha reivindicou as terras que o
Tratado de Tordesilhas tinha lhe concedido, antes da descoberta do Brasil, seu
motivo era somente... ambição.
Naquela época era a propriedade das terras que interessava. O feudalismo era o sistema econômico vigente na Europa Ocidental da Idade Média, baseado na posse de terras... e a Igreja Católica era a instituição mais poderosa da época a qual decidia as questões entre os países católicos de então.
Em fins de 1700 quando o Papa decidiu que aquela área, que pelo Tratado
de Tordesilhas era espanhola, mas que estava ocupada por portugueses, era de
quem chegou primeiro... não estava defendendo o capitalismo, nem o mais
forte... mas o pequeno Portugal!!! Utilizou o
principio do “uti possidetis,
ita possideatis” invocado por D. João V, anos antes, ou seja, em
palavras pobres: aquele que ocupa primeiro um
território é seu proprietário.... e Portugal ganhou um Brasil bem maior do que
tinha estabelecido o Tratado.
De nada adiantou a viagem de Pinzon e de Diego de Lepe até a foz do Amazonas, pois apenas passaram... ocuparam aquelas terras. Foi após a fundação de Belém quando Portugal ainda fazia parte da União Iberica (que ocorreu entre 1580 e 1640) que levou o curioso Pedro Teixeira a ir dar uma volta, subindo o Rio Amazonas ( que não tinha ainda esse nome) até o Perú....e o Brasil acabou ficando desse tamanho que conhecemos.
O capitalismo da seu salto de qualidade com a revolução industrial que se
iniciou na Inglaterra com a introdução da máquina a vapor na produção
manufatureira, passando assim, pouco a pouco para uma produção industrial. De
la para cá o desenvolvimento do capitalismo leva a defesa de territórios, de
novos possíveis mercados, também . Não somente dos novos países que tinham sido
descobertos, mas dentro do mercado inteiro, até em áreas pequenas, pouco a
pouco começam as ações de defesa de quem chegou primeiro.
Hoje, nos países europeus se usa
dividir o território das cidades em áreas onde cada atividade econômica nova
que chega, deve respeitar uma distância em relação aquela, similar, que já
existe no território.
Seja um bar, uma venda de flores,
de tecidos, ou de gasolina, deve respeitar os parâmetros estabelecidos nas leis
de programação econômica do território em relação ao que ja existe
naquela área..
Em Belém vamos começar examinando a fúria com que vimos,
ultimamente, nascerem em cada canto das ruas chics (ou não) de
Belém, uma farmácia... Não importa se a menos de 200m tinha já uma
instalada: autorizavam outra, todas com estacionamento, talvez para facilitar a vida dos clientes que não chegavam a pé... mas foi uma boa providência.
Depois de terem ocupado cantos importantes para as farmácias, começamos
a notar a invasão de atacadistas... A defesa do empreendimento do comerciante local
não foi levada em consideração em nenhum momento. Chegaram de fora e começaram a ocupar pontos importantes da cidade, onde qualquer bom programador econômico do
território, não autorizaria... mas juizes, sim.
De fato, em países do primeiro mundo, as atividades que chamam muito
movimento, principalmente de veículos, são colocadas fora do centro habitado, onde estacionamentos são ainda possíveis de serem
feitos. Onde meios pesados causam menos danos, pois trata-se de áreas em expansão e menos habitadas: nunca em área tmbada ou seu entorno.
Não somente Shopings, mas Atacadistas, também. Ambas essas formas de venda, aumentam o transito onde se encontram, porisso o bom programador das atividades econômicas de um município, as levam para fora do centro habitado. De fato, atras desses locais de venda, as ruas ficam intransitáveis com a presença de caminhões e carretas estacionados ou atravessados nas calçadas, descarregando, diariamente.
Olhando pelo ângulo do “lucro”, pior é o que causam aos concorrentes bem menores. Na área da Cidade Velha e seu entorno, aos dois Supermercados já existentes, foram acrescentados dois atacadistas... de gente de fora, tanto para ser bairrista. Um deles não vende a prestação numa área onde ao ver as casas do entorno se nota que não são ricos. Neste caso até as pequenas vendas tem dificuldade em frequentar esse atacadista, mas o baque se sente. Quantos fecharão ???
Nenhuma distancia entre os comerciantes já ali situados foi levada em
consideração, como fazem no primeiro mundo para salvar as atividade
preexistentes. A luta de classe entre os comerciantes, no
capitalismo tupiniquim, não mede, nem respeita, NADA... nem a ética, nem o
patrimônio histórico.
... e as suas associações de categoria também não ligam para isso.
2 comentários:
Aqui vige o "capitalismo-vale-tudo-por-dinheiro", que coopta gestores e legisladores públicos suscetíveis, e se for preciso, "compram" sentenças que os favorecem. Ilegalidades e imoralidades que prejudicam as classes pobres, e precarizar o nível de qualidade de vida em geral e o convívio social.
Análise muito pertinente sobre a voracidade desses novos bárbaros do capitalismo "vale tudo por dinheiro"..
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