Está chegando ao fim o período para as subcomissões da Comissão
dos 400 anos de Belém, organizada pela Prefeitura, apresentarem suas propostas
para festejar Belém em 2016.
Recebi a proposta da
subcomissão ”educação, arte, cultura, história e memória” onde se explica,
entre outros fatos a necessidade de evitar de “sobrecarregar a Prefeitura Municipal de Belém com maior volume de
encargos financeiros” e a exigência de ter “cuidados especiais para evitar a dispersão de iniciativas”.
Durante as reuniões tinham sido apresentadas cerca de 40 propostas
que, ao fim, foram reduzidas a:
- seis, no campo da educação ( quatro concursos; rivista ou gibi, onde
esteja impressa a letra do hino e conte a história da cidade; tempo integral para um mínimo de um terço das escolas do Município de Belém).,
- seis no campo da cultura (Bienal
de Arte, exposição historica, livro sobre Belém-400, articulações com orgãos de cultura incluindo escolas de samba),
- tres no campo da memória (repavimentação com paralelepípedos em macadame do entorno
do Teatro da Paz;. Instalação de relogios digitais, tipo contagem regressiva;
restaurar o Solar da Beira, realizando inclusive, um
Festival da Comida Paraense).
Me abstenho de entrar nas vistosas incoerências, mas aproveito para lembrar
que a Cidade Velha é quem faz aniversário, como celula mater da cidade que teve a doação da sua primeira légua, somente em 1626... Absolutamente nada, na programação desta subcomissão, lembra esse fato.
A proposta de incluir no
curriculo das escolas municipais algo sobre patrimonio historico e meio
ambiente foi retirada pois seria necessário “falar com os vereadores”. Vamos lembrar, então, alguns detalhes da Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LEI Nº
9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996), pois alguns lembretes
poderiam ter sido feitos a Secretaria interessada:
- Se
os estabelecimentos de ensino devem elaborar e executar uma própria proposta
pedagógica (Art. 12), porque não incluir algo sobre defesa do nosso patrimônio histórico e do
meio ambiente? Em Belém, e para seus 400 anos, o sistema municipal de ensino não
pode providenciar isso? Será que vão fazer?
- Se a finalidade
da educação básica é, entre outros fatos “desenvolver
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da
cidadania...” (art. 22) a questão do nosso patrimônio histórico não pode ficar fora disso. Será que esse cidadão não merece
ou é o Patrimônio que não vale a pena defender?
- “A difusão de
valores fundamentais ao interesse social, aos direitos e deveres dos cidadãos,
de respeito ao bem comum e à ordem democrática” como conteúdo curricular (art. 27), não inclui o respeito pelo meio
ambiente e pela nossa memória histórica? A defesa desses bens comuns não são
relevantes?
Paulo Freire
sempre defendeu a necessidade de “alfabetizar”: não somente ensinando o ABC,
mas também a necessidade de assimilar
a realidade e aprender a ver.. É esse o problema? É melhor que não se “veja” a situação do nosso patrimônio histórico e do
nosso meio ambiente?
Tem mais: quantas pessoas sabem quem foi o Dr. Assis de uma placa
de rua da Cidade Velha? E quem foi Tomazia
Perdigão? Pois a proposta de acrescentar
essa informação nas placas de rua, ao menos da área da aniversariante – a Cidade Velha – também foi recusada.
Esperamos que a Secretaria competente aceite a proposta e colme essa falta de informação,
assim lembrando, ao menos na programação que a Cidade Velha existe.
E as ruas fechadas que dão para o rio? Quanto seria gasto para
reabri-las? Será que está no programa de alguma Secretaria? Esta proposta
também foi retirada da relação desta sub-comissão. Realmente, como entrar nela se isso não é cultura, nem arte, né????
Em vez as propostas relativas
a padronização das paradas de ônibus; da fiscalização permanente da entrada
de veiculos com mais de 3,5 ton no Centro Histórico e a sinalização com faixas amarelas
defronte das igrejas de Landi (ao menos), esperamos que tenham sido enviadas a
SEMOB, pois também saíram da relação.
Enfim, tudo o que foi pedido com a intenção de salvaguardar nossa
memória ou melhorar a Cidade Velha não foi aceito pela sub comissão. Imaginem se tivesse pedido o enterramento da fiação elétrica...
Viram? Desse resultado se vê que de nada valeu eu estar ali... Esperamos nas Secretarias, ou nos arquitetos que gostam de "revitalizar"...!!!
2 comentários:
Gente !
É simplesmente um absurdo tudo o que vc relata . Meus pêsames a esta comissão de forte coloração autoritária ! cruzes.
Minha querida mande, inclusive o prefeito, tomar algo bem forte no final da coluna. Se retire seguida de uma nota à população da Cidade Velha. A tal proposta das escolas de samba fazerem enredos temáticos alusivos aos 400 anos deve está perdida por trás dos tapumes que fecham algumas vias que nos privam de visualizar a baia. Está explicado porque tudo tem que ser na merda desse portal de corrupção
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