Semana passada lemos num jornal a proposta para utilização do edifico do
Bechara Mattar, situado na entrada da Cidade Velha, e incendiado em 1995.
A quase vinte anos dessa desgraça, a cidade cresceu, o
transito piorou, a poluição, de todos os tipos desandou e, o abandono da Cidade
Velha continuou, praticamente, a aumentar.
Surpresa foi então, depois de ler e reler, não notar nada, naquela proposta,
que tivesse a ver com a nossa história; com a nossa memória histórica;
com a salvaguarda prevista nas normas vigentes.
Desde a fundação da Civviva, que insistimos em elencar os problemas da Cidade Velha e corremos atrás dos Prefeitos e Secretários Municipais,
na tentativa de evitar um maior degrado do bairro; a perda de suas
características; a defesa, inclusive, do modo de vida dos moradores.
O que vimos nesse meio tempo, porém? O crescimento de
autorizações a locais noturnos, sem estacionamento para os clientes. Consequência? Aumento da poluição sonora, depredação das
calçadas de liós, desrespeito das leis do transito e um pioramento no modo de
viver nesse bairro...sem falar na trepidação de igrejas e casas. Tudo isso ignorando
boa parte das leis.
O carnaval e outras manifestações de rua, alegravam o
bairro, com certeza, mas não respeitavam as normas previstas no Código de
Postura (art. 64) e em muitas outras leis. A falta de banheiros químicos servia
para importunar os moradores, pois os brincantes usavam portas e muros de casas
de família e de lojas. A ignorância das leis era evidentíssima seja por
quem fazia o evento nas praças, que por
quem devia controlar.
No blog da Civviva denunciávamos a imundície que ficava
durante dias espalhada nas praças e ruas da Cidade Velha. A venda irregular
de cerveja, deixava seus traços, seja pelas embalagens que pelas latinhas e
copos jogados pelo chão...e os moradores e negociantes tinham que conviver com
isso até que viessem limpar.
O aumento do transito com ajunta de carretas
e o advento das vans e kombis pelas ruinhas
da Cidade Velha não vieram, certo, melhorar nossa situação. Ao péssimo serviço de
transporte prestado aos cidadãos, devemos acrescentar o aumento de caminhões e carretas que nem CTBEL nem AMUB prestaram
atenção. O desrespeito do Código do
Transito era evidentíssimo.
Depois da
isenção do imposto(IPI) para compra de
carros, vimos aumentar o nosso parque automobilístico, sem ter um
paralelo e côngruo aumento de garagens e estacionamentos. Não aconteceu uma
renovação dos veículos, porque os velhos carros não foram substituídos pelos
novos: deu-se uma adição de novos, aos velhos. Resultado, novamente invasão do
bairro mais antigo de Belém, onde, inclusive, não existe nenhuma placa de
sinalização do transito e de impedimento, por exemplo, de estacionar nas
calçadas de liós (tombadas).
Recentemente
vimos acontecer o tombamento da Cidade Velha e da Campina, causa, ao menos por
enquanto, somente de danos para proprietários e moradores. Não vimos até hoje a
regulamentação dessa lei, e assim, continuamos esperando saber o que “ganhamos”
com isso. Devemos somente tomar conta das casas? Não temos nem direito de mudar
a cor da pintura de nossas casas, mas vemos aparecerem casas com cores absurdas
e pinturas, devidamente autorizadas... Providências quanto a garagens e estacionamento, porém, nada.
Daí, uma
bela manhã de domingo, descobrimos a proposta de ‘shopping charme’ aprovada por
parentes e aderentes, ignorando, não somente a nossa luta em defesa da Cidade
Velha e os problemas do bairro, mas, snobando todas as intenções de salvaguarda
que as leis, desde a Constituição, estabelecem para áreas consideradas históricas.
O Poder Público não é aquele que deve valorizar o Patrimônio Cultural do Município de Belém? Não é aquele que deve promover , garantir e incentivar a preservação, conservação e proteção do nosso Patrimônio? Perguntamos então:
- a lei de '94 permite remembramento ou desmembramento no Centro Histórico?
- algum orgão pediu o Estudo de Impacto de Vizinhança?
Os moradores não encontram estacionamento para seus carros: onde os clientes 'charmosos' vão arranjar?
O Poder Público não é aquele que deve valorizar o Patrimônio Cultural do Município de Belém? Não é aquele que deve promover , garantir e incentivar a preservação, conservação e proteção do nosso Patrimônio? Perguntamos então:
- a lei de '94 permite remembramento ou desmembramento no Centro Histórico?
- algum orgão pediu o Estudo de Impacto de Vizinhança?
Os moradores não encontram estacionamento para seus carros: onde os clientes 'charmosos' vão arranjar?
OK:
entendemos que, para esse Poder Público a Associação de Moradores da Cidade
Velha não serve para nada, mas, se existe um Conselho do Patrimônio Cultural, para que serve? Ambos, segundo as leis vigentes, não deveriam
ser ouvidos para assim auxiliarem os governantes a fazerem seu dever? Será que esse
Conselho aprovou essa “modernidade” dentro da Cidade Velha sem nem ao menos
exigir um estacionamento???
Francamente, ficar de braços cruzados frente a essa realidade é impossível...
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