segunda-feira, 14 de abril de 2025

O TURISMO PREDATÓRIO NÃO É SÓ NO COMBÚ

 

O turismo de massa está na base do resultado que estamos vendo acontecer no Combú, no seu entorno e quem sabe, nas outras ilhas que formam a área de Belém. O que sabemos do que acontece nessas outras?

O resto do mundo que escolheu essa forma de enriquecer rapidamente nos ensina que precisa ter regras. A falta de preparo de uns, juntando-se a ambição e incivilidade de outros, leva a esse resultado. O turismo se torna predatório!

Na Europa e em outros países com história antiga, o turista ia ver o que existia e como tinham defendido a própria memória. Depois que nasceram os shoppings centers a corrida era para fazer compras. A situação econômica dos cidadãos tinha melhorado e a estrutura das cidades não estava preparada para a invasão do turismo de massa dos anos 80 em diante.

Novas áreas tiveram de ser programadas, depois que o aumento da circulação de veículos grandes e pequenos começou a criar problemas.  Tiveram que tomar providências para não piorar o modo de viver de quem estava no entorno.

Essa preocupação não houve aqui e os shoppings no centro habitado vieram também para dificultar o trânsito, vejam o  exemplo das carretas, que aumentam em muito a trepidação, estragam o asfalto, as calçadas e enchem as ruas de lixo.

No caso das nossas ilhas esse turismo é predatório em vários outros sentidos. As casas dos ribeirinhos mudaram de padrão com a chegada de gente da cidade, para aproveitar o turismo nascente. Começamos a ver, sem dar muita atenção:

- as casas de alvenaria ou vidro serem construídas sem qualquer identificação com a realidade existente ou histórica e até sem usar a mão de obra local;

- o número de jet skis, lanchas, etc. aumentarem, não respeitando os moradores, com uma velocidade exagerada e sem respeitar horário nenhum;

- a aceleração do processo de erosão das encostas, devido as ondas que estes jet skis provocavam.

- a poluição sonora afetou a fauna marinha, e os camarões e peixes que já escasseiam ao redor das casas.

O que estamos vendo agora, não somente no Combú e seu entorno, mas em Outeiro, Mosqueiro e quem sabe nas outras 40 ilhas que fazem parte de Belém, é fruto desse desinteresse pela realidade de nossos tantos ribeirinhos.


É evidente a distância entre os cidadãos e a administração pública. De nada serve que as leis insistam em falar de “gestão democrática por meio da participação da população... na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos...” quando quem nos governa não as conhecem.

O Prefeito será que conhece ao menos os nomes dessas ilhas? O representante da prefeitura nessas ilhas, onde mora? É do local?  Conhece os problemas? Este é outro argumento a ser verificado, se quisermos realmente evitar que isso piore.

 

 

 

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