Era o sonho de muitos daqueles que viajaram
de navio para o Mosqueiro até os anos 60 do século passado, voltar a fazê-lo. AFINAL, ESSE RIO É NOSSA RUA... pensavamos todos como os Barata autores dessa música.
Quem sabe qual a ilusão que nos levou a
fazer fila , esperando passar de carro para a ilha, enquanto construíam a ponte
que uniria o continente a nossa ilha querida. As balsas atravessavam uma meia dúzia
de carros e nós lá na fila, ao sol, batendo papo e bebendo Guarasuco... Era esse o momento principal daquela
espera...os amigos que encontravas na fila.
Atravessar em julho naquele navio cheio, ninguem aguentava
mais. A “politica desenvolvimentista” dos militares, incentivando a indústria automobilística,
parecia que ia resolver os nossos problemas de vários ângulos... Com essa idéia tiraram até a estrada de ferro de Bragança...
Inauguraram a ponte e os ônibus começaram
a levar gente para a ilha... Começamos a ver as invasões de terra nos lados das estradas... antes e depois da
entrada na ilha. Construções de todo tipo, na ilha, e farofeiros a beça nos
fins de semana. As praias sujas precisavam ser cuidadas, e as ruas também
precisavam de aterramento ou de asfalto.
Novos problemas começaram a aparecer. Os
moradores da ilha aumentaram ...e o
navio afundou, ficando só o transporte rodoviário. Quem tinha carro começou a
frequentar mais a ilha, e novas praias começaram e ser mais conhecidas: S.Francisco e Marau vieram a tona. Nem todos precisavam mais de casa na ilha, pois começam a
aparecer as pousadas, os hotéis eram poucos e caros, mas nasceram alguns outros,
também.
Os anos passaram e tudo aumentou no Mosqueiro, inclusive o transito e a poluição sonora e, este ano, decidiram recolocar um meio de transporte que usasse nossos rios. Com vários problemas teve inicio o serviço, caríssimo e irregular, saindo do terminal hidroviário. Aos poucos foram diminuindo o preço da passagem, e melhorado os horários, mas os “clientes” não aumentaram.
Ninguém se perguntou “para quem foi feito esse serviço”... Os técnicos responsáveis disso, não fizeram um estudo para ver qual a melhor localização do porto, ou, relativamente ao melhor acesso dos passageiros ao lugar de onde sairia a lancha... Criar mais uma linha de ônibus para servir os que estavam longe das linhas que passavam na Marechal Hermes, não passou na cabeça de ninguém, visto os problemas mais graves a serem resolvidos com nossos ônibus na cidade.
Na internet nos informavamos dos preços: “...As passagens de ônibus dentro do Terminal Rodoviário de Belém, administradas pela linha COOPETPAN, custam, em julho de 2023, R$ 13. Os ônibus urbanos que fazem o trajeto cobram R$ 6,40, com direito a meia-passagem por R$ 3,20, e todas as gratuidades previstas em lei são asseguradas, Já as passagens de lancha no Terminal Rodoviário de Belém custam R$ 26. A saída é às 8h30, com chegada prevista na Ilha para 9h20, todos os dias.”
Desse ponto de vista, é o caso de pensar que o pessoal que resolveu colocar essa lancha la onde está hoje, conhece tanto de sociologia urbana quanto o Tiririca de física quântica... Ninguem pode reclamar agora que o barco anda vazio... fizeram algo para “ricos" ou seja, não pensaram em quanta gente que ganha salário mínimo ia deixar de usa-lo vista a dificuldade de acesso (monetário). Era mais facil escolher o onibus que sai de S. Braz, gastando so uma passagem e sem ter que andar tanto a pé... Todos querem comodidade. Esqueceram que, quem pode pagar um Uber, não vai para o Mosqueiro diariamente... ou, será necessário identificar como mudar os hábitos comportamentais dos paraenses.
Eu gosto de saber que tem essa possibilidade de ir para o Mosqueiro como quando eu era criança... apreciando a nossa natureza, mas vou fazer esse passeio ocasionalmente, e não todo dia como seria necessário para quem deve arcar com as despesas desse serviço. Esse é um problema que, para ser resolvido, deve ser estudado levando em consideração... a quem é dirigido. A população quer ver, também, que o dinheiro foi bem utilizado. Se é um serviço público, ele não vai dar lucro se a clientela que pode encher a lancha, não tem todas as condições necessários para seu uso.
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