Talvez por ter estudado economia na época da criação da SUDAM, sei do tamanho e da importância da Amazônia, para cada um dos países onde ela se encontra e para o mundo. Tivemos que fazer um levantamento do que tinhamos para transformar na industrialização pretendida pelo novo orgão desenvolvimentista. Muitas das nossas materias primas também tinham nos países vizinhos.
No mapeamento acima muitas pessoas vão descobrir, por exemplo, que as antigas tres Guianas – Francesa, Inglesa e Holandesa- são totalmente amazônicas enquanto nós só temos 49%, do nosso território, pouco mais do que os outros países.
O tempo passou, fui viver fora daqui e lá fora descobri o que pensavam de nós: uma floresta a ser defendida. Não imaginam, em muitos, que aqui existem cidades com milhões de habitantes.. que temos hospitais, e portanto médicos e universidades... Todos me olhavam com pena quando dizia que nasci e cresci na Amazonia. Esse nome para eles significa. MATO. Me imaginavam dormindo num galho de pau...
Aqui, em vez, quando voltei, encontrei tudo como antes so com o dobro de gente. O computer ja abundava e assim as redes. Daí descobri que muitos paraenses se ofendiam porque chamavam a Castanha do Pará de:
Brazil nuts. Cansei de “meter o bico” em
discussões acaloradas defendendo e explicando o nome ingles da nossa castanha, sem algum êxito.
Pode ser que agora, vendo a quantidade de países que "residem" na Amazônia condividindo seu espaço conosco, entendam que muitas plantas que temos aqui , eles
também tem, assim, além da Castanha do Pará, a borracha, a pupunha...
Na hora de exportar, cada país usa o seu nome...e os
paraenses querendo ler no saco que sai da Venezuela ou Colômbia: Castanha do
Pará... É muito apego, é muito amor.
Visitando o Perú, encontrei perto de Machu Pichu os nossos
tajas: Rio Branco e Rio Negro, enormes. Não so levei um susto,
como realizei que aquilo também era Amazônia. Enquanto andava com o copo de “cha
de coca” na mão, admirava os jardins com aqueles tajás enormes e pensei que so
podia ser o frio a torna-los tão grandes, assim.
Depois, em outra cidade, mais perto do oceano, num restaurante,
fiz outra descoberta. De repente a banda tocou uma musica “paraense” e todos se
levantaram e foram dança-la. Olhei para
o casal que ficou comigo na mesa e disse: que engraçado que voces sabem dançar essa
música... e eles sorrindo responderam: esse é um dos nossos ritmos
tradicionais.
Tavendo, não só a Castanha do Pará se exporta... ritmos latinos
também importamos e até incorporamos nos
nossos usos e costumes, ignorando sua
origem. O Caribe que o diga.
Importante então são os encontros que estão acontecendo estes dias, ondes os países amazônicos se confrontam e assim se conhecem melhor e melhores opções de desenvolvimento, podem ser visualizadas.
Este momento Geopolitico é importantissimo, inclusive, para enfrentarmos o imperialismo externo. O bioma que defendemos é o mesmo, assim como as necessidades e os interesses, portanto os esforços devem ser conjuntos para promover um desenvolvimento equo para todos os países.
Nós, Amazônidas, devemos aproveitar e segurar com toda força essa possibilidade de afirmar nossa soberania dentro e fora das nossas casas, além de lutar por um desenvolvimento sustentável da Amazônia.
2 comentários:
Matéria sensacional. Mostrando a importância do desenvolvimento de todos os países envolvidos, não só do Brasil.
Parabéns pela importante contribuição.
Celso Abreu.
Muito boa a matéria. Vou compartilhar.
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