Na Praça do Carmo, além da Igreja e do ex colégio do Carmo, se
encontra também a sede da Associação de Moradores da Cidade Velha – CIVVIVA. Nesses
seus dezesseis anos de vida, entre as lutas travadas, as mais recorrentes foram relativamente
a: insegurança, carnaval, Auto do Cirio, poluição sonora, estacionamento, uso
das calçadas, passagem de carretas, cores das casas...
Começamos logo em 2007, quanto a insegurança no bairro, doando
quatro bicicletas para ajudar a Policia
Militar nessa labuta... conseguindo bons resultados até que o governo estadual
mudou e pouco a pouco essa experiência
parou.
O problema principal do carnaval, em vez, era a falta de banheiros
públicos durante o uso da praça, que
levava os carnavalescos a usar as portas das casas para suas necessidades físicas. Depois, as cervejarias financiavam a festa na praça, mas ninguém
lembrava de vir limpa-la depois dos eventos. Outros motivos de discussões até
que conseguimos obter resultados
Os blocos que usavam a praça do Carmo, eram aqueles típicos do
carnaval paraense composto de bandinha e mascarados, até o momento que, mudando
o prefeito, autorizaram os trios elétricos
na área tombada. É quando a poluição sonora chega com quatro
pés na Cidade Velha, seguida dos abadás.
Os blocos tradicionais foram praticamente expulsos da
Cidade Velha: copiar o carnaval da Bahia
era de moda, pois os abadás rendiam muito mais.
Assim os nossos bloquinhos com mascarados desaparecem pouco a pouco.
Nesse meio tempo alguns locais noturnos descobriram a orla e
os portos situados na Siqueira Mendes, começaram a funcionar de noite também,
mas com outras funções... Onde, porém, estacionar os carros dos
clientes? Primeiro foram as calçadas de
liós a se transformarem em estacionamento noturno, mas, a medida que os locais
ficavam famosos o numero de clientes aumentava e aquele espaço enorme da Praça do
Carmo, atraia os clientes mais incivis a o usarem como estacionamento.
Começa uma nova luta. A praça e seu entorno, além dos carros ,
se enchia de “flanelinhas” . Alguns até
fantasiados com as cores dos órgãos públicos.... que deveriam estar ali, mas
não estavam. Os locais, porém, talvez
para tranquilizar seus clientes ao saírem dos “portos”, a noite alta, colocaram umas pessoas “posudas
” vestidas de preto... que vigiavam tudo, andando de um lado para outro na
praça.
Discute daqui, briga de lá, o Iphan sugere ao Prefeito a
colocação de “balizadores” nas quatro praças que seriam revitalizadas antes do
fim do seu governo. Dito e feito, todas quatro: do Carmo, Relógio, D. Pedro I e
Mercês tiveram sua porção de balizadores, plantas e iluminação a beça.
No dia da inauguração da praça do Relógio, já não se encontrou
nenhum balizador. Não deu nem tempo de
fotografa-los onde foram colocados. A Praça do Carmo foi inaugurada dia 26 de
novembro e pouco a pouco começaram a desaparecer as plantas.... Depois da
mudança de prefeito, a partir de janeiro, uma a uma desaparecem as lâmpadas e depois a fiação elétrica, que era
enterrada...
Feito isso, sobravam os balizadores, e a vigilância quando
aparecia as 9 horas da manhã, a bem
pouco ou nada servia, porque quem delinque so aparecia depois da meia noite.
Deviam ser bem uns cem os balizadores que cercavam toda a praça do Carmo. Por
onde começar a... confisca-los ?
A Siqueira Mendes foi a
rua escolhida, e desaparece o primeiro, quase em frente ao bar mais antigo da praça. Depois foram para a
frente do ex colégio do Carmo... e assim em abril de 2022 desapareceram os
últimos: em frente a sede da CIVVIVA.
Evidente a demonstração de total desinteresse pela defesa do patrimônio. Viamos, de manhã , horas após os furtos, chegaram os Guardas ou Policiais que nem se preocupavam de verificar, ao menos, o que tinha desaparecido... e muito menos os estragos feitos pelos skatistas que se encontravam ali. E NADA FOI FEITO, para desespero dos moradores.
Alguns meses depois, voltando tarde da noite para casa vimos
alguns carros estacionados onde não deviam. A praça passou, praticamente, pouco
mais de um ano, apenas, como tal.
Os clientes dos locais noturnos da Siqueira Mendes,
voltaram a estacionar na praça, pois nenhum
balizador foi recolocado...em
nenhuma das praças e nenhuma vigilância noturna foi prevista, em algum modo.
Com pesar vemos estes dias, em vez, uma Kombi colorida, estacionar na Praça do Carmo, no mesmo lugar onde os notívagos o fazem. Na porta dela está escrito: PREFEITURA. No outro dia, uma ambulância também ficou estacionada a manhã inteira perto da escadaria da praça, enquanto a Kombi não estava presente. O QUE SIGNIFICA ESSE COMPORTAMENTO? Será um aviso para quem defende a praça? Depois vimos esses dois veículos emparelhados perto da escadaria, no centro da praça.
- Dos jornais vemos a defesa de 70 decibeis por arte de órgãos municipais, contrariamente a quanto previsto nacionalmente para a luta contra a poluição sonora que estabelece em 50/55 decibeis em Belém. (O municipo pode até legislar a respeito, mas no respeito e tendo como base normas técnicas editadas e atualizadas pelos orgãos normatizadores:ABNT e IMETRO )
- Quanto a tranquilidade pública, vemos autorizarem locais que produzem todo tipo de rumor a menos de 200 m. de hospital, templos, escolas... e que funcionam, quando bem entendem, com os alto-falantes instalados de modo que irradiam os ruidos para a área externa, ou seja não poderá ser efetivada verso áreas públicas (https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2017/08/a-proposito-de-bares-restaurantese.html).
- Nas calçadas vemos de tudo, menos o pedestre... A que serve o Código de Postura, se é tão ignorado ? (aliás foi modificado com decreto n.º 26.578 de 14 de abril de 1994 , artigo 52 e seguintes, o que resulta ser, além de nulo, um enorme equivoco interpretativo) (https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2016/02/as-calcadas-segundo-o-mpe.html).
O que dizer ? Que foi
totalmente inútil defender a praça do Carmo... ou que é inútil perder tempo com
o patrimônio histórico ?
O que pensar ? Que é
realmente uma utopia desses “velhos” a preocupação que tem em defender, gratuitamente, a nossa memória
histórica ?
Por que defender as leis quando elas, aqui, não tem valor e nem algum sentido ? Basta verificar o controle que fazem... se
fazem. Descobrimos, porém, que “... o dever de
probidade tornou-se mandamento de observância obrigatória aos agentes públicos
do nosso país,...” mas quem põe em prática, ou controla isso em Belém?
Como não duvidar
que essa indiferença do poder público ante
as propostas, as contribuições dos cidadãos visando o debate, a defesa do patrimônio histórico e o
atendimento de demandas de interesse público previstos em lei, demonstre uma conduta tão desrespeitosa,
que suscita especulações sobre os verdadeiros propósitos e
intenções de quem nos governa.
ESTAMOS DESOLADOS.
ACREDITAVAMOS VIVER NUMA DEMOCRACIA.
...as favas o patrimônio e as LEIS, né ?
Dulce Rosa de Bacelar Rocque
Presidente CIVVIVA
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