É TEMPO DELA, DA ‘INXIRIDA’...e quem mora em casa tem dois problemas, em qualquer bairro da cidade se encontre.
A água chega
por cima e por baixo. Os bueiros entupidos ou inexistentes, ajudam os
alagamentos e, de cima, a chuva aumenta as goteiras e faz o resto. Quem mora
perto de um canal, tem mais problemas ainda, pois é capaz de receber o lixo
‘depositado’ ai, também.
Mesmo se estamos acostumados com chuva, o volume de água que vimos hoje é fora do normal. Com certeza os danos serão bem maiores do que aqueles provocados pela nossa chuva de todo dia. Bem cedo começaram os alagamentos e depois do almoço, la pelas 15h, chegou a maré alta...
Hoje, a tempestade que acordou os paraenses, fez transbordar rios e igarapés, inesperadamente, parou sinal de transito; placas de carro eram perdidas; os carros e motos, quase submersos. A ponte do Timbó, entregue sexta-feira aos cidadãos, foi completamente destruida pela força das aguas.
Agora,
pensem na Cidade Velha...área tombada onde muitas casas, velhs, estão fechadas; onde os
herdeiros não sendo proprietários do bem, não tem direito a qualquer facilitação
para salvaguardar o bem herdado...e tombado, para sua desgraça. Para muitos
deles até o dinheiro para pagar o Iptu é um problema, imaginem consertar uma
casa antiga.
Se moras
nessa “herança” podes, durante a chuva, notar as goteiras que aparecem e
providenciar conserto. Dai aparecem outras surpresas... As cumieiras tem
hospedes: cupins e punilhas já esvaziaram essas peças e precisas muda-las...
Dai descobres que as telhas que comprastes para substituir as quebradas, são
mais estreitas do que as tuas, antigonas, e não servem.
Começas com
a ideia de consertar uma goteira e começas a encontrar tudo o que não esperas.
Que fazer? Telhas da mesma medida das tuas, não encontras mais no mercado, dai
tens que ir procurar no entorno do canal da Tamandaré, telhas velhas,
recuperadas de casas demolidas ou derrubadas...
Isso tudo, com as casas habitadas. E aquelas que estão abandonadas? Os “pretensos” defensores do patrimônio, não tem a menor ideia desses problemas que tem os “herdeiros” , moradores ou não, e do que oferece o comercio na área tombada... Naquele entorno descobrimos também os “ferro velho” que aumentaram, na área, quando começaram a desaparecer os balizadores da praça do Carmo e entorno.
É esse desconhecimento que leva a defesa de construção de bares/danceterias na orla da Cidade Velha,
esquecendo que os ribeirinhos também precisam, além de materiais e peças para
seus instrumentos de trabalho na agricultura, também precisam de cimento,
azulejos e telhas, sejam velhas que novas, para suas casas.
As leis dão
direito a presença de cidadãos no momento de discussão de projetos e propostas para
o desenvolvimento urbano municipal. O estimulo a participação da comunidade
através duas organizações locais é fundamental. Irracional é trazer moradores
de Icoaracy ou Reduto, por exemplo, para
falar dos problemas da Cidade Velha... quando sua vivencia é ocasional e
consequentemente, superficial.
Quantas
pessoas que, por exemplo, frequentando o Auto do Círio, sabem o tipo de
comércio que tem na área tombada da Cidade Velha? Quantas pessoas sabem que os
50 decibeis previstos como ruídos aceitáveis na área tombada, são prejudiciais
aos prédios antigos? Como permitir então que 70/90 decibeis salvaguardem nossa
memória histórica?
A “gestão democrática por meio da participação da população” não quer dizer ignorar os moradores, herdeiros e proprietários, e substitui-los com amigos que frequentam a Cidade Velha por ocasião de festas, inclusive as religiosas.
Até mesmo
coisas mais corriqueiras são ignoradas, como por exemplo, as sinalizações que a
Semob, não as fazendo, facilita o não respeito das leis do transito... Quem vem
de fora, sabe disso? Cadê as sinalizações das paradas de ônibus ou onde se pode
estacionar na Cidade Velha? (aconselhamos a leitura do comentário de um leitor
neste nossa nota : https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2023/03/blog-post.html
)
Voltando a tempestade de hoje: será que o prédio 'ancorado' situado na Assis de Vasconcelos/28 de Setembro, foi ajudado pelo volume das águas e acabou de cair? Não, foi derrubado, mesmo, e com autorização da Prefeitura... e isso abre um precedente, bem perigoso.
Engraçado saber que o volume de água variou de um bairro para outro: 80 na Campina e 70 no Curió e Pedreira.
Quando chove, as casas da Cidade Velhas, mesmo se de alvenaria, sofrem como todas as outras, inclusive porque...antigas. Mas os problemas da área tombada não chegam na midia.
Vários são os detalhes que escapam a visão de todos... e os problemas com a tempestade de hoje não são os únicos.
Esperamos que esse péssimo resultado que vimos hoje, sirva de exemplo e leve , ao menos ... ao respeito das leis.
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