Quem mora no bairro do Reduto, do Umarizal, ou outro qualquer de Belém, não pode saber o que se passa na área tombada da Cidade Velha, principalmente nos fins de semana... O mesmo diga-se de muitas pessoas que se arvoram a defender o patrimônio histórico sem saber que é bem capaz de ter seus filhos ou outros parentes nos carros dessa foto... por exemplo.
Praça do Carmo: noite 28.01.2023É vergonhoso ver o que voltou a acontecer na Praça do
Carmo depois da sua revitalização em fins de 2020. Em tal ocasião conseguimos, com
a ajuda do Iphan, que fossem colocados balizadores no entorno das praças
tombadas que estavam sendo revitalizadas...para evitar que continuassem a serem
usadas como estacionamento.
No caso da praça do
Carmo, já na véspera da sua inauguração fomos visitados pelos skatistas que
fizeram todas as provas necessárias e aptas para destruir o patrimônio... Na semana
seguinte começamos a notar o desaparecimento de lampadas...e começamos a
denunciar. Cada um a seu modo destruia o patrimônio.
Aproveitamos a posse do novo governo na Prefeitura e,
em maio de 2021, propusemos a construção de uma área de esportes na Tamandaré, pois a
destruição da praça do Carmo tinha tomado vulto delinquencial. Os balizadores
começavam a desaparecer.
A área esportiva na Tamandaré foi inaugurada, sem o nosso conhecimento, mas sendo um espaço mínimo,
os skatistas continuaram a frequentar a praça do Carmo. Os jogadores de bola
continuaram, impertérritos, a usar a área como campo de futebol, e as
plantas desaparecendo com o pisotear de todos. As crianças perdiam espaço para brincar.
OS DELINQUENTES DE DENTRO E DE FORA DO BAIRRO AUMENTARAM
SUAS AÇÕES...E TODOS OS BALIZADORES DESAPARECERAM... COM ISTO O CAMPO FICOU
LIVRE PARA QUEM TINHA CLIENTES com necessidade de espaço para estacionar seus veículos
no fim de semana.
Praça do Carmo: noite 28.01.2023
De nada adiantou termos passado estes dois últimos anos a
denunciar os furtos que aconteciam, nem o fato que tinham voltado a usar como
estacionamento a praça do Carmo. Não vimos nenhuma providencia ser tomada...
apesar da quantidade de órgãos, chamados em lei, quais responsáveis da “defesa, salvaguarda, proteção , etc.” da nossa memória histórica.
É o caso de lembrar que seja a CIOP que a Guarda Municipal tem "câmeras" instaladas na Siqueira Mendes, que poderiam ser de muita ajuda, neste caso à SEMOB, se... trocassem ideias a respeito de uma melhor vigilância da cidade. O que vimos acontecer ontem é inacreditável a qualquer pessoa com um minimo de civilidade... e se as câmeras estavam acessas, todos podem ver o que vimos nós, moradores..
Na nota abaixo, chamamos a atenção de algo que precisa ser demonstrado na prática, em vários campos, inclusive o da luta contra a poluição sonora... Quem sabe alguém se acorda.
https://laboratoriodemocraciaurbana.blogspot.com/2022/10/bens-culturais-e-probidade.html
“Conquanto o dever
de probidade não se limite ao campo do patrimônio cultural, ele ganha maior
relevo em tal temática, considerando a natureza fundamental, indisponível,
difusa, imprescritível, infungível e intergeracional desse bem jurídico,
expressamente reconhecido como patrimônio público pelo art. 1º, § 1º. da Lei
4.717/65, sejam os bens culturais tombados ou não.
Não somente os associados da CIVVIVA, mas todos os moradores da área estão perplexos e estupefatos por tanto desinteresse e desatenção com esta área tombada... em tempo de pagamento do IPTU.
Notamos que os impertérritos são muitos... e com o carnaval, aumentam muito mais e em
---------
Um comentário:
Infelizmente, além da Cidade Velha, moradores de muitos outros bairros (talvez todos...) sofrem com os abusos da poluição sonora e com as condutas incivilizadas.
De certa forma é compreensível que o poder público não consiga reprimir tantos comportamentos infracionais, pela frequência com que ocorrem, e pela alegada carência de recursos orçamentários.
Essas dificuldades, porém, não eximem o poder estatal de suas obrigações quanto à manutenção da ordem pública e do cumprimento do ordenamento jurídico.
Se as leis que exigem a implementação de educação ambiental, educação patrimonial, e educação para o trânsito para todos, fossem efetivamente cumpridas, provavelmente a maior parte da população teria um padrão de comportamento mais compatível a harmonia no convívio social, e não houvesse necessidade de tanta fiscalização e repressão.
Pedro Paulo dos Santos
Arquiteto e Urbanista.
Postar um comentário