sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

"PRÉ CARNAVAL É O CACETE!"



Não tiro o direito de ninguém de fazer festas e se divertir. Vá para o local adequado, alugue, chame o pessoal e caia na farra. Mas vivendo em coletividade, é preciso respeitar o direito dos outros. Não se pode escolher um lugar, por achar interessante, talvez lembrar de carnavais em uma cidade como Olinda e querer fazer parecido, sem pensar nos outros. 


Há alguns anos algumas pessoas se reuniram e decidiram fazer seu pré carnaval na Cidade Velha. Hoje há até uma Liga desses blocos e até já sei que rola dinheiro e outras tramoias, afastando uns e outros. Há sempre um esperto sacando onde conseguir dinheiro fácil. 

A expressiva maioria de foliões é da classe média. Pagam fantasias, gastam com bebidas e que tais. Ficam indignados quando dizem que a cidade está suja, mas ao saírem, deixam terra arrasada. Animados, bêbados, gritam, chamam palavrões, namoram na base do amor livre, mijam nas paredes das casas e outras coisas, deixam pelo chão tudo o que consomem, até a consciência, talvez.

Há quem traga artistas do axé para animar. Passam pelas ruas estreitas com gigantescos trios elétricos a vomitar besteiras musicais em volume muito maior do que o necessário. Vão para casa satisfeitos. Alguém que passe e limpe a sujeira, jogue detergente nas paredes, faça crianças e idosos descansar. 

Fazem tudo isso sem pedir licença aos moradores, como se fosse meramente um logradouro público. Como se não fosse o maior patrimônio em termos de casario português no mundo, fora de Portugal. Igrejas, prédios que contam a história da cidade. Que se explodam. Decisão de juiz cumpre-se, mas o esperneio é livre. 

Um absurdo, após conseguirem sustar os trios elétricos, eles serem liberados. Haverá fiscalização, dizem. Duvido. Imaginem um fiscal, no meio da esbórnia, subir e mandar parar o trio elétrico por ter passado nos decibéis determinados. Nunca vai acontecer. Deviam ir dançar no Boulevard Castilhos França que é largo e não tem por perto residências. Antigamente as Batalhas de Confete eram lá realizadas. 

Hoje, quem mora na Cidade Velha fica ilhado. Para entrar e sair passa por inúmeras barreiras a mostrar documentos comprovando morar ali. O barulho é ensurdecedor principalmente pelas ruas estreitas. Moram pessoas idosas. Crianças de colo. Há brigas, roubos, arruaça. Depois, pré carnaval é o cacete!

Nos três dias do reinado de Momo, a cidade mergulha em silêncio melancólico. Vão todos para Salinas desfrutar dos feriados. Triste. Muito triste.

 Nesses anos do péssimo governo tucano, a Cultura foi destruída. Carnaval é manifestação cultural. Governo do Estado e Prefeitura não fizeram nada. Ao contrário, fugiram do nosso sambódromo somente por motivos políticos ridículos. 

Não vivemos mais o ambiente de festa. Os clubes já quase nem realizam seus bailes. Nas ruas do subúrbio, poucos mascarados passam. As Escolas de Samba, muitas vezes, por motivos políticos, apoiando o governo, cometeram suicídio. Se o povo precisa do carnaval para se divertir, extravasar, curtir, o que dirá da possibilidade de arrecadar dinheiro em impostos, trazendo turistas? É uma cidade fantasma no tríduo momesco. Lamentável. 

Estamos no reinado dos cretinos. Não temos Educação ou Cultura. Não pensamos. Não temos opinião. Não discordamos. Não lutamos. Ou também vamos para as praias ou ficamos ligados na televisão vendo a alegria em outras cidades, lotadas de turistas e o povo vivendo seu carnaval. 

Pré carnaval é o cacete! 
Saudades de Luiz Guilherme Pereira e meu Quem São Eles!


Edyr Augusto Proença está com Dulce Rosa.

Obrigada.

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