sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

O vai-e-vem dos trios elétricos ou...


Sequencia de irresponsabilidades carnavalescas.

 Dia 20 de fevereiro de 2019, tivemos outra surpresa relativamente ao carnaval na Cidade Velha. O uso ou não de trios elétricos na  área tombada da Cidade Velha voltava através de uma nova decisão judiciaria. A proposta do Iphan de não permitir o uso  de trios elétricos voltava a tona.

Mas vamos retroceder um pouco no tempo e ver como se desenvolveu e evoluiu o problema da poluição sonora, segundo as notas publicadas no blog da Associação dos Moradores da Cidade Velha e as denuncias enviadas ao Prefeito, Iphan, MPE, MPF, PM, GM e outros órgãos interessados ao problema ao longo desses ultimos dez anos.

Tinhamos criado um blog e ali informávamos o que fazíamos, além dos problemas que o bairro tinha e, aproveitavamos e mandávamos aos associados, aos amigos e a quem mais  podia interessar o argumento, principalmento os órgãos públicos, aos jornais e jornalistas também.

 Em 2008 com esta nota dávamos noticias do carnaval na Cidade Vellha : https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2008/01/crnica-de-um-carnaval-na-cidade-velha.html
 Na Praça da Sé, um palco armado defronte da sede da FUMBEL, animava com sua bandinha, todos os domingos, quem estava esperando a passagem dos foliões. Sem nenhum aviso chegavam blocos carnavalescos e se apresentavam no palco divertindo todos. Estes, do modo tradicional: cantavam as velhas marchinhas e estavam fantasiados como bem entendiam, ou seja, cada um dum jeito. Eram blocos formados por associações e por famílias da Cidade Velha e de outros bairros também. Senhoras e senhores, de todas as idades, aproveitavam o intervalo entre um bloco e outro, para cantar e dançar no meio da rua.
Paralelamente, uma procissão matinal de vendedores ambulantes com seus “isopor”, carrinhos, barracas, mesas, cadeiras, etc., se dirigiam para a Praça. A medida que passavam os domingos, essa procissão aumentava. Instalavam seus meios de trabalho em todo canto: calçada, grama e rua.... sem nenhuma fiscalização ou organização. Os carros, por sua vez, estacionavam onde bem entendiam.

O carnaval acabou e choveram propostas para melhora-lo: padronizar barracas para os ambulantes; determinar os locais onde devem ser instaladas; exigir a presença somente daqueles regularizados; permitir somente ambulantes da Cidade Velha; fechar a praça impedindo a circulação de veículos; pedir a presença de fiscais da SECOM e CTBEL; etc., etc., etc.

No ano seguinte não é que as coisas melhoraram, e em 2010 essa era a situação da praça do Carmo: https://www.youtube.com/watch?v=aOG5ZRO7PlY e esta a nossa reclamação https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2010/01/mais-um-protesto.html

Em 2011 começamos a notar um pouco mais de organização. O numero de banheiros químicos aumentaram. Vimos a presença maciça da Policia Militar nas praças e cantos de rua e também notamos a presença  da GM, CTBEL, DEMA e SECOM.
As cervejarias continuavam a financiar esses blocos e o resultado se via nas praças. Os moradores acordavam na segunda e na terça feira tendo essa visão penosa da Praça do Carmo.



Em 2012 os ânimos se acirraram pois a decisão de usarem a Praça do Carmo para a ‘concentração’ dos blocos não foi condividida pelos moradores. Uma reunião foi feita na Secretaria de Segurança do Estado. Presentes, além da Civviva, estavam os representantes da Asfavelhas (Kaveira, Eloy e outros), de algumas instituições e de vários orgãos públicos quais: Ministério Público, IPHAN, Fumbel, Secon, DPA, DEMA, Secult, PM, GM, etc. etc., etc.



O abaixo assinado que tinhamos mandado aos orgãos presentes era claro a respeito. Não tinhamos mandato dos assinantes para aceitar proposta contrária, portanto deixamos ao Secretário de Segurança a responsabilidade de ignorar o pedido dos moradores e amigos da Cidade Velha de não autorizar a concentração de blocos em área tombada....e começaram novos problemas. https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2012/02/normal-0-21-false-false-false.html (um hacker inconformado com tanta verdade, mudou o titulo do artigo).

Em 2013, foi uma agradável surpresa  notar  a transferência do carnaval para a Orla, o que ja representou um enorme resultado de nossas lutas. Pensavamos assim, mas, alegria de pobre dura pouco.

Em meados de fevereiro de 2014 uma carta da Fumbel declarava que "o evento" é de interesse para consolidação da expressão cultural do Município de Belém", e nominava cinco blocos para usarem a Praça do Carmo por uma média de 6 horas cada um.
Para nós aquilo não era mais uma 'concentração', mas, como escrito, um 'evento' o que é bem diferente, inclusive do que os carnavalescos pediram, e nova  nota foi publicada e enviada aos órgãos de sempre.
Em 2015,  não tinham sido tão diferente as opções do órgão responsável pela defesa do nosso patrimonio histórico. Alias, de dois blocos que usavam a praça do Carmo, foram autorizados bem quatorze pela Fumbel.
Mandamos uma nota a todos os órgãos que tem a ver com tal resultado, perguntando qual providencia podiam tomar. Todos os problemas que a área tombada tem com o carnaval foram afrontados em tal nota.
 http://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2015/02/carnaval-2015-esclarecimentos-da-civviva.html

Em data  18 de janeiro de 2016 insistimos com esta outra nota enviada ao  Sr. PREFEITO, À FUMBEL, IPHAN, MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL E FEDERAL elencando os problemas e possíveis danos que o carnaval podia criar na área tombada.
 https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2016/01/carnaval-ou-caos.html

Em 2017 outra denuncia, incluindo a poluição sonora foi enviada a todos por email, visto que aquelas protocoladas não faziam efeito.:

Recebemos em tal ocasião, fins de 2017 uma  nota do Dr.Nilton Gurjão, do MPE com a qual nos comunicava  que: "..., como o conjunto arquitetônico, urbanístico e paisagístico dos bairros Cidade Velha e Campina foi tombado, em 2012, pelo IPHAN, é cabível registrar representação perante o Ministério Público Federal, por se tratar de bens de interesse da União. " Após tal nota, evitamos de pedir ajuda ao MPE,.

Em 2017 e 2018, protocolamos no Ministerio Publico Federal , pedidos de socorro ao Dr. Gilberto Valente Martins e Dr. Alan Rogerio Mansur Silva elencando os vários problemas da area tombada da Cidade Velha.
  Recebemos em 2018 um pedido do Dr. Benedito Wilson relativo aos problemas da Cidade Velha e na nossa resposta se encontrava também a questão da poluição sonora. Ele transmitiu a nossa nota aos órgãos competentes por cada problema, deu até um termine para respostas, mas não fomos mais informados de nada e nem vimos algum resultado, também.

As reuniões organizativas do carnaval continuaram sendo feitas pela Secretaria de Segurança, mas, pouco a pouco esta Associação foi excluída das mesmas, até que um belo dia a Fumbel apareceu de novo. Era novembro de 2018.  Reuniu com a Liga dos carnavalescos, com alguns moradores . O sr. Fábio Atanásio de Morais, presidente da FUMBEL, fazia intervenções esclarecedoras, salientando que a FUMBEL tem um comitê de gestão integrada do planejamento do pré-carnaval e que a SEMMa controlaria a poluição sonora. Esperamos uma comunicaçao escrita a respeito de suas decisões, mas não recebemos nada.
Paralelamente se reunia dia 12 de novembro o Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural/ CMPPC, do Município de Belém, e no cumprimento de suas atribuições de acordo como o Regimento Interno, definia  que o carnaval na area do Centro Historico devia ser "sem uso de “trio elétrico”  e "Ter como pontos de concentração e circuito de maior porte a área da Av. Almirante Tamandaré e/ou no Portal da Amazônia."
  Ambos esses orgãos são municipais, como é que falavam duas linguas diferentes?

Tivemos conhecimento através dos jornais, do  Parecer Técnico nº7/2019 emitido pelo IPHAN em 14 de janeiro de 2019, no qual este órgão federal de preservação do patrimônio cultural manifesta-se contrário ao carnaval no CHB, relatando que mesmo com as adaptações ocorridas em 2017, tais como a utilização de “mini trios elétricos (composto de carreta com palco em estrutura treliçada metálica e com a distribuição do som feita somente para algumas direções)” houve em 2018 diversas reclamações de moradores alegando diversos danos e incômodos.

Outro ato que recebemos indiretamente foi a  Manifestação técnica N.1  publicada em data  24 DE JANEIRO 2019 e o assunto era: CARNAVAL NO CENTRO HISTÓRICO DE BELÉM
“... ocorrendo tais eventos por meio dos blocos de carnaval com bandas, porém sem uso de trio elétrico, mini-trios e/ou “pranchinhas” ou blocos de carnaval com som acústico

 O CMPPC reitera sua decisão anterior e está de acordo com o Parecer do IPHAN, por entender que o mesmo está alinhado com o posicionamento deste Conselho.”


Dia 24.01.19 20h00 Igor Mota / O Liberal dá a seguinte noticia:
A Prefeitura de Belém informou, nesta quinta-feira (24), que "acata a decisão do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e do Instituto de Patrimônio Histórico Nacional (Iphan), que proíbe o uso de fontes sonoras como trios elétricos e pranchas na programação do pré-Carnaval na Cidade Velha, que iniciará neste sábado, 26". 

A Fumbel não sabemos se si pronunciou.

Outra surpresa tivemos dia 31 de janeiro, quando saiu a Liminar do Juiz Henrique Dantas da Cruz autorizando a ‘utilização do equipamento sonoro denominado ‘pranchinha’ pelos blocos da Liga de blocos da Cidade Velha, revogando praticamente o ato do Iphan.

Dia 20 de fevereiro, mais uma surpresa: a justiça revoga a liminar  e mantem a decisão do Iphan (*)
Depois da demonstração dos abusos e do desrespeito a quanto estabelecido, o Juiz Henrique Dantas da Cruz reconhece a existencia de poluição sonora no carnaval da Cidade Velha e denega quanto  requerida pela Liga...
......

Claro fica com tal exposição que todos os órgãos interessados ao problema, foram informados, anualmente, desde 2008, dos problemas relativos ao carnaval e a partir de 2013, do aumento da poluição sonora na Cidade Velha, e não somente  no período carnavalesco. O 190 deve ter estatistica das reclamações dos moradores a respeito de todo tipo de poluição.

Apesar das insistentes reclamações feitas por esta Associação, não notamos nenhuma demonstração de interesse em controlar se o que dizíamos era verdade e se os decibéis continuavam, realmente ou não, a superar o que estabelecem as leis, seja nacionais que locais.
A respeito não recebemos, nunca, também, qualquer nota de resposta por parte dos orgãos chamados em causa., apesar da LEI DA TRANSPARENCIA.

Visto quanto supra descrito, nós aconselhamos a SEMMA a voltar a verificar os decibeis POIS A POLUIÇÃO SONORA NÃO ACONTECE SOMENTE DURANTE O CARNAVAL.

A sugestão é verificar o que acontece:
1- na praça da Sé em dia de casamento e medir o barulho dos fogos de artificio durante a saida dos esposos;
2 - na frente da Alepa quando tem manifestações com trios eletricos ou similares;
3 - e também durante o Auto do Cirio, desde os seus ensaios.


Seria hora que esse desinteresse, agora que vimos que nem com ordem de Juiz respeitam as leis, seja revisto, inclusive relativamente as sanções. Como é que nem o Juiz nem o Iphan pensaram que o que impunham podia não ser respeitado.

- Quem deve fazer respeitar as sanções previstas em lei? 

- Será que agora vamos notar um interesse politico pela defesa da área tombada de modo efetivo?

(*)

 


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