Mais um ano que chega ao fim com sua carga de tristezas e alegrias; de coisas
boas e coisas ruins; com pouca chuva e muito sol nestes últimos meses; com barreiras
que se romperam e, problemas de ordem politica várias que, nem sempre,
podem ser consideradas justas, éticas e coerentes. O ano de
2015 vai nos deixar lembranças...
A nossa Cidade
Velha, a Alma Mater de Belém vira quatrocentona e nem está metida a besta. Teria poucos
motivos para isso, na verdade. Viu, neste ultimo século, nascer e desaparecer
um bom bocado do seu patrimônio
histórico e arquitetônico. Os azulejos
das suas casinhas de porta e janela, se
foram com os bondes e em substituição
nasceram casas com pátios e dois andares e as ruas acabaram por se encher de vans irregulares. Bem que tentaram encher de edifícios sua orla, mas, um grupo
de cidadãos corajosos conseguiu impedir que isso acontecesse.
A Praça do Carmo nasceu de um jeito e foi, algumas vezes, modificada,
encontrando-se hoje totalmente abandonada. Suas mangueiras cresceram nesses pouco mais de cem
anos, assim como as ervas de passarinho que nunca foram
retiradas.... E as casas nascidas nos anos sessenta, ganharam cores vistosas que nada tem a ver com o que lembram os que nasceram aqui. Um projeto para melhorar a
praça aguarda sua vez. Dizem que será feito em 2016....
A igreja de S. João, a sempre lindinha obra prima de Landi, hoje tem uma infinidade
de automóveis estacionados ao seu redor....
e a poluição? Seus muros viraram
latrinas e lixeiras... Um “restaurante” ao ar livre - que deixa muito a desejar- é,
porém, o escolhido por funcionários públicos e advogados que giram
por aquelas bandas, ignorando o Código de Postura.
A Igreja da Sé, restaurada, chama atenção, naquela praça sempre bem
cuidada, pela sua imponência e a beleza
do seu interno. O movimentado transito, porém, continua a provocar trepidações
ajudado, por alguns anos, até pelo barulho que vinha do bar das 11 Janelas. A
total falta de estacionamento para os estabelecimentos que nasceram ao seu
redor, cresceu mais ainda depois que a
retirada do IPI deu possibilidades aos moradores do bairro e outros mais, de
também comprarem um automóvel...sem garagem!!!!
As calçadas de liós, tombadas -
como nossas mangueiras e metade da Cidade Velha - se transformaram em sede
propicia para receberem os veículos usados por deputados, juízes, advogados, funcionários da Prefeitura, do Tribunal, do
Ministério Público Estadual e dos vários museus, que durante a ditadura e
depois dela, escolheram a Alma Mater de Belém, ou seja, a
Cidade Velha, para se instalarem.
Um por um, órgãos como a
Prefeitura, a Secult e o IPHAN, reconheceram, no papel, a necessidade de “salvar nossa memória” e
começaram os “tombamentos”’ de prédios, monumentos e bairros. Independentemente dessa providência, e sem nenhuma atenção relativamente a
regulamentação de tais atos, incluindo o Plano Diretor ‘in totum’, vimos casas serem derrubadas para
se transformarem em estacionamentos, e azulejos tomarem o rumo da casa de
colecionadores, até mesmo no
estrangeiro. Vimos ruas serem fechadas e
seus paralelepípedos desaparecerem sob camadas
e camadas de asfalto.
Apesar de toda essa indiferença, a
nossa morena faceira, a Cidade Velha -de nome e de fato- sobrevive, e não está nem ai para os que a
ignoram. Festejará em silencio seus quatrocentos anos de história, com aqueles
que lhe querem bem de verdade. Afinal de
contas, pra que barulho e fogos de artificio, se provocam trepidação no que
sobrou dela e em nada ajudam a salvaguardar o que precisamos manter para continuar contando nossa história....hoje, nem que seja através dos seus azulejos (que sobraram).
Aproveitamos para agradecer aqueles que nos ajudaram em algum modo nas nossas lutas. Os resultados estão ai: o afunilmento da Felix Rocque foi parcialmente resolvido somente no papel, como o do Bechara Mattar. Mas não vamos parar por ai. As batalhas continuarão e, assim sendo, vamos continuar a precisar de ajuda.
BOAS FESTAS A TODOS
FELIZ
ANIVERSÁRIO CIDADE VELHA
Fotos de Celso Abreu
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