A propósito de defesa do nosso patrimônio.
Ao ler o jornal, hoje, levamos um susto. Uma noticia nos informava que os olhões da
Celpa vão ficar onde estão, ou em postes mais baixos...
Nos sentimos na obrigação de fazer uma premissa. Conforme o Art. 216, V, § 1º da nossa
Constituição: " O Poder Público, com
a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro(...)". E, por continuar
a crer na necessidade desse artigo ser levado em consideração, é que levamos um
susto. Mais uma vez fomos ignorados e
ludibriados.
É necessário também recordar que, para os
proprietários de casas na Cidade Velha, o tombamento do bairro por parte
das várias esferas de governo, não foi sempre recebido com muito prazer
pois perdíamos alguns direitos sobre nossa propriedade.
Ninguém conversou conosco, antes dessas
decisões; ninguém nos explicou nada sobre o que ganharíamos ou perderíamos com
tal ato; nem que ajuda teríamos para manter em pé essa parte da nossa história.
Nos vimos, a cada tombamento, confirmada a impossibilidade de, por exemplo,
fazer garagens; de fazer uma suite; de trocar o assoalho de madeira carcomida
por algo mais moderno; de mexer na calçada, nas janelas...e assim por
diante. Foi uma imposição que tivemos que aceitar.
Víamos porém os prédios de orgãos
públicos, principalmente, modificarem a nossa 'memória histórica' aplicando
vidros fumês em janelões, antes ali inexistentes; ignorarem a necessidade de
estacionamento para seus funcionários, os quais aproveitavam das calçadas de
lios para tal fim. Viamos nascerem garagens abusivas que, apesar das denuncias,
continuavam lá e vimos mudarem a cor original das casas, fantasiando
nossas lembranças...e o aumento da circulação de veículos corroendo, com a
trepidação, os muros de nossas casas? E as ruas que acabam no rio, fechadas e nunca mais reabertas? Tudo isso em troco de que?
Reclamamos que as calçadas são estreitas e
a presença de postes impede o uso das mesmas, e o que acontece? Autorizam
atividades que ocupam as poucas calçadas um pouco mais largas, com mesas,
cadeiras, churrasqueiras, lavagem de motores, etc.
Sugerimos o enterramento da fiação
elétrica e os comentários foram: é caro. Pra quem? E agora descobrimos que um
acordo feito no MPE, em ausência de qualquer representante dos moradores, do
IPHAN e da Fumbel, decidem de colocar mais postes para abrigar aqueles
aparelhos horrorosos e antiestéticos, caso não autorizes que seja instalado no muro da
tua casa? Tem sentido um negócio desses?
Não somos contra o avanço da técnica e da
modernidade, gostaríamos somente de não ser presos por ignorantes, lesos ou abestados. Gostaríamos de reconhecer a
coerência e a seriedade e assim saber, se as obrigações de defesa dos bairros tombados são uma exigência para todos,
ou so para quem mora aqui na área?
Não é a estética dessa área tombada que
está em discussão, estética essa, tanto chamada em causa quando queres mexer na
frente da tua casa. Não é a necessidade dos cidadãos que não podem usar as
calçadas que levou a tomar essa decisão. Foi o interesse de quem? A defesa da
Cidade Velha é que não foi, menos ainda do nosso patrimônio.
Vamos ter que engolir, calados, mais essa
incoerência???
Um comentário:
Fosse você mandava esta denuncia DA CIVIVA para o FANTÁSTICO , pq é verdadeiramente FANTAstico que o ministério público faça vista grossa para a LEI . Aqui em Belém ,nada repercute no que tange aos interesses publicos . Talvez o fantastico se interesse em ouvir o Prefeito e o MP para ver o que eles tem a dizer sobre o descumprimento da legislação em vigor.
Marly Silva
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