sexta-feira, 29 de maio de 2020

A NOVA COR DO RELÓGIO...



...da praça Siqueira Campos, que fica na entrada da Cidade Velha, mas é conhecida como Praça do Relógio.

Quem foi esse Siqueira Campos que ninguém conhece? Pois bem, foi um dos dezoito revolucionários paraenses heróis do Forte de Copacabana. Por que so escolheram ele entre os 18 para homenagear, não sabemos... Sabemos porém que a construção dessa praça foi proposta no inicio de 1930.

Ali era, até meados de 1800,  a embocadura do igarapé do Piri e depois de aterrado, virou um terreno baldio que no passado chegou a ser a praça dos Aliados. Porém, se conta que no finzinho do século XIX  tinham iniciado a construir a sede da Bolsa de Valores e que nem deu tempo de acabar a construção pois a nossa hegemonia sobre a borracha acabou dum dia para o outro...De fato foi demolida em 1913.



A praça acabou sendo inaugurada dia 5 de outubro de 1931 em presença do Major Magalhães Barata e não de quem teve a ideia de construi-la De fato Eurico Valle e Antonio Faciola tinham sido depostos durante a revolução  de 1930. 



















Neste momento esta praça volta a tona porque a estão ‘revitalizando’, com previsão de “restauração de seus monumentos”, ou seja, o relógio, os quatro postes e quem sabe as calçadas com desenhos de pedras...e  até mesmo, quem sabe também se vamos ver até “o mostrador com iluminação noturna e sirene elétrica que deveria tocar às 8h, 12h e 18h.

A praça está murada, mas podemos notar que o relógio já foi todo descascado... Devem estar fazendo alguma prospecção para ver sua cor original e não copiar a do relógio inglês que a Prefeitura tem como “modelo”.  Acontece que no passado outras prospecções foram feitas, inclusive por Geraldo Gomes, especialista em estruturas de ferro, o que torna mais difícil essa prova.


As fotografias da época e até os anos 60 do século passado, eram em branco e preto o que dificulta encontrar esse tipo de prova. Eu me lembro da cor “enferrujada” dos anos 60. Na ocasião do tombamento pelo IPHAN, poucos anos atrás,  era essa cor acinzentada que vimos até o mês de abril... e que talvez teria que ser aquela a ser reproduzida, pois é a memoria que temos...não a do relógio inglês.

Não sabemos se foram feitas concorrências públicas para ‘desenharem’ essas “requalificações”. Não sabemos se os Conselhos do Patrimônio da cidade foram consultados. Não sabemos quem propôs novas cores para o Relógio. Quem fez o projeto; quanto cobrou;  quem vai pagar... e quem vai receber. Em questão de transparência estamos muito atrasados.

A Constituição prevê o confronto com a sociedade civil.  De fato lemos no Art. 216, V, § 1º: " O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro(...)". Depois, ainda temos a  LEI No 10.257, DE 10 DE JULHO DE 200onde são regulamentados os artt. 182 e 183  da Constituição, onde, no art. 2 lemos: 

II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

 Vemos que em questão de transparência estamos muito atrasados ainda,  portanto a  nossa duvida fica no ar:

A memória de quem  será salvaguardada?



Um comentário:

José Ramos disse...

Há duas possibilidades, uma considerando a transparência:
1) o relógio some e dizem depois que ele foi pintado de transparente, já que é requerida a transparência;
2) pintam com as cores dos gorros dos regueiros da Jamaica, meio que imitando a pintura do relógio de Londres.
Bem, há uma terceira: pintar de cinza, conforme a memória existente do relógio.