O fato da Siquera Mendes ser considerada a primeira rua de Belém, depois da Alameda
do Castelo, que liga a Feira do Açai a
Praça da Sé, não transforma a sua real importancia em relação aos cidadãos em geral.
Belém é formada por cerca de quarenta ilhas, onde se
encontram, entre umas e outras, muitos ribeirinhos. Essa população Ribeirinha no
entorno de Belem, porém, está distribuída, na verdade, por mais de cinquenta ilhas que abrangem outros seis
municípios, muitas delas com um precário serviço de transporte fluvial e baixo
nível de acesso a serviços púbicos.
Tudo alias é muito precário, a começar pelo saneamento
básico. Agua e energia continuam sendo gastos muito altos. O manejo dos recursos
naturais, seja ele o açai, o peixe ou o camarão, não gera renda com tanta
facilidade como muitos imaginam.
A essas dificuldades devemos acrescentar os serviços básicos relativos a saúde e também aqueles relativos aos equipamentos de trabalho. Onde consertar o motor do barquinho? E aquele que gera energia? E as motosserras? Onde comprar as maquinas de açaí? E as peças de troca para os equipamentos necessarios aos trabalhos na terra, no terreno? Onde encontrar as maquinas de depenar frangos, para motores de popa, gerador, compressor, motobomba, motogerador; bussola, comando, GPS, sonar, colete, salva vidas, boias, defensas...
Essa é a principal função da rua
Siqueira Mendes. Nos portos situados nesse entorno se vê o vai-e-vem de
ribeirinhos a procura de peças ou de conserto e também de material de
construção. Os fornecedores desses produtos e serviços se encontram na Siqueira Mendes e seu
entorno: Pça do Carmo,Dr,Assis, Gurupá. Falta a parte
da saúde, pois agora nem farmacias tem mais nas cercanias... Mas em
que atividades vão pensar os 'novos' programadores da cidade? Aqueles que não
conhecem nem essa realidade nem as necessidades dos ribeirinhos... pensam em
bares em vez de propor algo que melhore a vida dessa
gente.
Alguem presta atenção aos ribeirinhos que usam
rabetas e po-po-pos para ir e vir? Viram a situação dos ‘portos’ onde ancoram seus meios de transporte? Toda a orla da
Cidade Velha é cheia de portos em situação crittica. Ainda temos realidades,
como na Siqueira Mendes, onde as áreas dos portos, além de tudo, são divididas
com locais noturnos... E como se entra nas barcas para ir para o Combú? Tanta
publicidade e a travessia usa que tipo de portos para levar os turistas? Será
que todos esses “portos” respeitam as normas?
Por esses 'portos' passam também os ribeirinhos... usando meios incríveis, inclusive para atravessar a baia... e tem gente preocupada em fazer barzinho em vez de propor algo que dignifique a sobrevivencia dessas pessoas. Parece até que temos turismo assim tanto que sobre até para tanto barzinho.
Os ribeirinhos, hoje, superam os vinte mil abitantes nas beiras de rios e igarapés do entorno de Belém. Quem conhece seus problemas e age desinteressadamente? Ouvimos em vez, de vez em quando, murmuram a baixa voz, a possibilidade de mudar a função da Siqueira Mendes.Com quem discutem isso? Na verdade os planos/propostas e afins ocupam até gente da Universidade... será qe falam com os ribeirinhos? Quem se mete a propor mudanças nos nossos costumes tem conhecimento dessa realidade? Do movimento de ribeirinhos pelas ruas da Cidade Velha em busca de peças de troca e material de construção, ou farmacias e afins?Como pensar em transformar essa área e esses locais em
‘barzinhos’? Em substituir esses serviços necessários a sobrevivencia dos
ribeirinhos, com outras atividades ignorando essa nossa realidade? Por que não aproveitar
e oferecer serviços de saúde nessa área, a essa população já tão abandonada?
Caso tal ideia malsã avançasse será que os clientes desses 'bares' chegarão de onibus? Se em vez vierem de carro, onde vão estacionar? Nas calçadas de liós ou em cima da grama da Praça do Carmo? E a poluição sonora vão continuar a ignorar as leis e os decibeis estabelecidos? A cerveja vai continuar a chegar em carretas que superam 4 ton. ou virão via fluvial, ja que os bares ficarão na beira rio??? Não podem chegar como o açai?
Estamos numa área tombada onde ninguem respeita as normas... nem os banheiros quimicos, quando ali estão nos dias de festa. A preocupação princial é 'ganhar dnheiro', não importa como. Evidente que todos esqueçam a razão desse tombamento e não respeitem nem a memoria da cidade...proprio porque não as tem, haja visto as cores que agora usam nas fachadas das casas.
Seria muito mais oportuno iniciar a oferecer a esses 'novos pensadores', um bocado de Educação Patrimonial. Oferecer cursos de Direito onde possam aprender e conhecer as leis que cuidam da defesa do PATRIMONIO HISTORICO DA ÁREA TOMBADA; das Posturas da população e da administração; da realidade dos ribeirinhos; da Transparência e para que servem os representantes da sociedade civil organizada.
Programar uma cidade não é coisa para principiantes e nem so de arquitetos, principalmente se na cabeça tem so o divertimento e não as necessidades da
população ou a salvaguarda, defesa e proteção da nossa memória historica. Advogados e Economistas também devem fazer parte dessa atividade de programação, juntamente com os representantes das classes trabalhadoras da área, e todos com a visão bem clara de todo tipo de necessidade dos cidadãos... incluindo o ribeirinho, que também frequenta a Cidade Velha por motivos bem diferentes desses 'programadores'.
Nenhum comentário:
Postar um comentário