... OU IGNORANCIA PURA E SIMPLES DAS LEIS??
Santo - aquele cujas mãos
construíram e levantaram
A serena beleza dessa Cidade
VeIha de sobrados pesados
Onde a pátina verde e esmaecida
de suas fachadas
Simples e descoloridas
Se confunde
Na mansidão tropical
das galharias!
Velhos telhados umidos parecem
repousar
tranquilamente
Na irregularidade
secular e sombria
Das praças pequeninas
e solitárias
E que respiram
Ainda os ventos das caravelas!
Ainda os ventos das caravelas!
Belém! Cidade velha...
Que vive na placidez do casario
conformado e triste
Recortadas no tempo!
Abençoadas mãos que ali abrigam
e hoje perpetuam
Nas arcadas de pedra
os ares de Lisboa!"
Augusto Meira Filho
Esta poesia nos
lembra a Cidade Velha que as leis pretendiam “salvaguardar, proteger, defender
e..." o que vemos em vez acontecer?
Abusos por todos os lados. Os mais chamativos, porém, são as cores fortes que substituíram aquelas ‘pasteis’, que faziam parte da nossa memoria até quando a fábrica de tintas Coral conseguiu convencer o IPHAN, de colorir nossos Centros Históricos.
Ai desembestou a ignorância das leis que falam de salvar nossa memoria histórica...e este ano piorou ainda mais.
Em frente ao Palacete Pinho na Dr. Assis
Nos lados da fábrica de Guaraná Soberano, na Siqueira Mendes
Joaquim Távora
Será que algum funcionario público passou por essas ruas, recentemente?Vemos a preocupação que isso deveria causar, até na nossa Constituição, ao deixar claro no seu Art. 216, ponto V, § 1º, que: O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro...".
Não da
indicações para embelezar nada, mas de 'proteger'.
A nivel estadual, a Lei n. 5 629 de 20 de dezembro de 1990, que dispõe sobre
Preservação e Proteção do Patrimônio Histórico, Artístico, Natural e
Cultural do Estado do Pará, no seu art. 6 estabelece
que o "poder público promoverá,
garantirá, incentivará a preservação, restauração, conservação, proteção,
tombamento, fiscalização ou execução de obras ou serviços e a valorização do
patrimônio cultural paraense, preferencialmente com a participação da comunidade".
Vemos, relativamente as construções, que usando aqueles termos, não facilitam a mudança de cores, de estilos, nem de introdução
de vidros fumê, ou debruns de cores contrastantes em portas e janelas dos prédios, além de forros de gesso e porcelanatos. De fato, até a revitalização não está prevista, mesmo se alguns abusaram dela.
O que fazem o IPHAN e a SECULT para garantirem e promoverem a valorização desse nosso patrimônio? E a conservação dele, como é feita?
Ambas essas leis dispõem sobre a necessidade de garantir a preservação do nosso patrimônio cultural.
A Lei Nº 7709 de 18 de maio de 1994 de
Belém (Fumbel) estabelece no seu art. 2 § 1º que - Compete ao Poder Público Municipal promover a conscientização pública para a conservação do
Patrimônio Cultural..
... e como é
que a Fumbel esquece de cuidar disso? Não presta atenção para o estrago que
estão causando na Cidade Velha? Quem autoriza isso não conhece as leis? O fato de estarem no entorno de prédios tombados, não modifica a ideia do conjunto? Não transforma numa aberração ?
O IPHAN não vê como estão modificando nossa memoria? Quais ações de apoio dá a defesa e proteção dos bens? Existem ações de salvaguarda para os prédios e calçadas?
Que sentido tem o tombamento, se não é acompanhado de ações coerentes com as necessidades dos bens em questão? Salvando a memória, não deturpando-a e criando "falsos" que nada tem de histórico;
A colonização portuguesa não deixou lembranças coloridas, como podem ter feito outros colonizadore em outras cidades. Aqui as cores eram tênues...por que esquecem desse detalhe e permitem cores tão fortes? Não precisaria nem lei, nem prospecção sobre as cores, para respeitar nossa memoria.
De fato, as prospecções feitas em prédios ecleticos, onde foram encontradas cores fortes, não devem ser generalizadas, pois são uma exceção a regra.
De fato, as prospecções feitas em prédios ecleticos, onde foram encontradas cores fortes, não devem ser generalizadas, pois são uma exceção a regra.
A juventude e os turistas são assim mal informados sobre nosso passado através desses 'falsos históricos' e, o grupo musical Mosaico de Ravena, acaba tendo razão.
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Praça do Carmo canto com a D.Bosco
Quem está apoiando e incentivando essa 'gentrificação'?
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