Recebemos e compartilhamos
"Hoje pela manhã percebi a demolição de uma edificação que, provavelmente não-tombada, está no bairro da Cidade Velha, mas é representativa de certa fase da memória urbanística-arquitetônica de Belém.
" Trata-se de um imóvel situado na trav. Bom Jardim, sem número, ao lado do número 401, entre rua Veiga Cabral e rua Triunvirato, bairro da Cidade Velha, que até hoje pela manhã estava apenas com a fachada de pé, já que toda a parte posterior foi demolida.
" A casa ao lado, de nº 401 (aparentemente com as mesmas características estilísticas da vizinha em demolição), está em péssimo estado de conservação."
Mais de um cidadão viu isso e reclamou, mas, temos receio que como no passado recente e também em outras situações, não veremos acontecer nada para evitar que essa depredação da nossa memória continue.
Nestes ultimos anos estamos assistindo a um aumento inusitado de “operações destrutivas” do nosso patrimônio
histórico-arquitetônico, aquele menos em vista, aquele esparso pelo território da
cidade, aquele que não mereceu a atenção de um tombamento. Se não exercitarmos um
controle severo, será irreversivelmente desfigurada, e cada vez mais, a
integridade de imóveis que caracterizam o nosso Centro Histórico tombado e,
mais ainda, serão desfigurados bairros e distritos de Belém que ainda não
foram reconhecidos como "históricos".
Temos consciência que núcleos e imóveis históricos
“menores” estão sendo, silenciosamente, substituídos e modificados em
nome de condições progressivas de degrado ou pela simples vontade de
transformar, de modernizar. Isso vem acontecendo, inclusive, através de procedimentos incivis, permitidos por instrumentos técnicos ou normativos que, de fato, tendo passando por cima do controle social, acabam
dispersando a qualidade de uma arquitetura de ambiente histórico, mesmo
se não é aquela monumental.
Não se trata somente de salvaguardar, por exemplo, áreas que podem
ser consideradas históricas em bairros como o Reduto e Umarizal, temos também
“história” em distritos administrativos quais Icoaracy, Outeiro, Mosqueiro,
Cotijuba e assim por diante. Tudo isso também precisa ser lembrado como
patrimônio, como nossa memória histórica a ser defendida e salvaguardada. É necessário que seja feito, inclusive, um
levantamento desse patrimônio edificado “menor” para que seja custodiado como
patrimônio comum e de todos; para que entre no rol daqueles que também devem
ser defendidos.
É, paralelamente, uma necessidade urgente terminar a regulamentação dos instrumentos previstos no Estatuto das Cidades. A CMB deveria cobrar, e quem sabe até auxiliar o executivo municipal na regulamentação dos Planos Setoriais e dos Instrumentos Urbanísticos contidos no Plano Diretor do Município de Belém que não foram feitos. Por que continuar a esperar isso?
Não podemos continuar
a gritar ou cobrar soluções, somente depois de ter perdido pedaços do
nosso patrimônio, depois de terem estragado nossa memória. Algo mais concreto precisa ser feito; atenção em todos os sentidos é necessária. Aliás, seria até
oportuno um posicionamento coletivo a respeito, mas quantos estão interessados???
2 comentários:
S.O.S.
é hora de reunir as várias frentes, movimentos, e pensar em ir as ruas...
Recebemos do IPHAN que nos enviou a resposta que recebeu da Fumbel (que também recebeu nossa nota) :
1 - Eles estão localizados no entorno do CHB, tombado pela Prefeitura de Belém;
2 - A obra de demolição desses imóveis começou de forma irregular e foi autuada e embargada pela SEURB em 26.11.2013 e 06.12.2013, respectivamente;
3 - Atualmente, depois de dois projetos indeferidos por prever a total descaraterização das fachadas dos imóveis, o proprietário/arquiteto entregaram uma nova versão do projeto que prevê a restauração das duas fachadas para a utilização do imóvel com fins para residência multifamiliar. Deste modo, esta mais recente versão do projeto foi deferida por este DEPH/FUMBEL em 10.04.2014.
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