A nossa oficina Escola de Escritores deu sorte para alguns de seus alunos.
Este ano vimos o José Maria Costa, além de tornar-se presidente-fundador da Academia de Letras de Castanhal, lançar mais um livro: Umas Histórias de José Outras de Maria.
Diego Sábado, com seu livro "6 escritos sobre o 'Eu' e uns poucos poemas", deu autógrafos na nossa recente Feira do Livro.
Na semana passada, Walter Rodrigues lançou seu primeiro romance “Correndo Atrás”.
Sobre esse novo lançamento segue um resumo do que Oswaldo Coimbra, o jornalista ( pós-doutor em Jornalismo pela ECA/USP) que dirigiu a nossa oficina, escreveu:
"O desafio de falar da aldeia e ser universal
O uso da mesma língua em regiões de identidades culturais até contrastantes, como ocorre no Brasil, é uma espécie de milagre nacional, levando em conta as oportunidades que estas regiões tiveram, no passado, de se anexarem a outros países cujas populações falavam espanhol, francês, holandês etc. Um milagre que não impede a existência de diversidades lingüísticas regionais relacionadas a vocabulários e às pronuncias das palavras, por exemplo.
Nas esferas das diferentes realidades sócio-culturais brasileiras surgiram artistas, como Graciliano Ramos e Guimarães Rosa, capazes de falarem de suas aldeias e serem universais, ao mesmo tempo, como recomendava Leon Tolstoi.
É nestes artistas que os jovens escritores do país devem buscar estímulo para enfrentar um desafio na iniciação à vida literária: o de incorporarem a riqueza cultural única de sua região em seus textos, sem se tornarem escritores provincianos.
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A habilidade exigida na criação desta “ambientação” tem marcado os textos produzidos por Walter Rodrigues, um jovem paraense de 23 anos, a quem provavelmente nunca foi dada a oportunidade de ler o ensaio de Osman Lins. Walter nasceu em Belém do Pará, uma cidade fundada em 1616, e, integrada à Amazônia, região onde se desenvolve um complexo processo de formação cultural sustentado por influências indígenas, ribeirinhas, portuguesas, italianas, judaicas, sírio-libanesas etc.
Para o livro “Cidade Velha, Cidade Viva”, sobre o bairro mais antigo de Belém, a Cidade Velha, Walter escreveu a respeito de um sobrado. No seu texto, há um narrador que diz, ao se referir à fachada do prédio: “Dois andares decorados em relevo e com requinte, duas águias de ferro tentando fingir-se de ameaçadoras, no entanto, seus olhos inspiravam tristeza e melancolia. Seus bicos pendiam à frente de forma insolente e, neles, traziam duas luminárias antigas. Triste seres de ferro, guardiões de algo deteriorado e perdido no esplendor de um tempo passado”. Em outro texto de Walter, o romance “Correndo atrás”, publicado no Rio de Janeiro, pela Editora Multifoco, o narrador afirma, ao se referir à baía que cerca Belém – a de Guajará: “Respirar a lassidão dessas horas irreais, segurar a custo o desejo de minha própria extinção. Ainda não! Virar o primeiro copo de cerveja... Então, um céu mais límpido e azul sobre a baía inquieta. O vento forte e revelador de segredos incompreensíveis. A carne de Deus nua e crucificada a verter sangue e água...”
Walter terá de controlar a ansiedade juvenil de publicar logo para que tenha tempo de expurgar de seus textos pequenos deslizes numa revisão cuidadosa. Mas o talento que já demonstrou é suficiente para criar a esperança de surgimento na Amazônia de um outro artista à altura de Vicente Cecim, cuja obra, impregnada de sua região, impressiona os críticos mais sofisticados de Portugal. "
Nada mal para começar uma carreira.
(O texto integral pode ser lido em: www.guarulhosweb.com.br)
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