quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

REQUIEM AETERNAM


DESPEDIDA DE UMA ÁRVORE...

Alias de uma mangueira centenária, de uns 120 anos no mínimo.


 Desde ontem o chão da travessa D.Bosco, com a praça do Carmo, está cheio de folhas de mangueira. Parece que um vendaval passou e derrubou as folhas, so daquela arvore, majestosa, que nos dá as melhores manguinhas... que nos deixam sem fiapos entre os dentes.










 


Fotografei o chão...imundo, e quando olhei para cima, as folhas estavam todas arriadas e descoloridas...  
Será o fim desta uma, assim, perdendo as folhas, praticamente todas de uma vez...!!!
        

Folhas murchas

Começa seu trajeto verso o repouso eterno...???


   

QUE PENA... MAIS UMA QUE COMEÇA A NOS DEIXAR.


sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

PSICA... DISCUTÍVEL ESCOLHA DA CIDADE VELHA

 

Louvável o trabalho de todas essas pessoas, que promovem as várias vertentes da cultura musical paraense. É discutível, porém, a escolha da Cidade Velha para esse tipo de evento.

O Código de Posturas de Belém (Lei Municipal nº 7.055, de 30.12.1977), em seu artigo 81, veda esse tipo de atividade em "locais distando menos de 200m (duzentos metros) de hospital, templo, escola, asilo, presídio e capela mortuária." Ademais, cabe salientar que na parte tombada da Cidade Velha há expressivo número de edificações históricas de interesse para preservação, por comporem relevante parte do patrimônio cultural, histórico e artístico do Pará (algumas tombadas pelo IPHAN e/ou DEPHAC e FUMBEL), erigidas em sistemas e materiais construtivos muito vulneráveis às intensas vibrações oriundas da reprodução de sons em altíssimo volume (acima de 50 decibéis), e do tráfego de muitos veículos automotores dos frequentadores.

Afinal, que motivações levam os prepostos do poder público responsáveis pela autorização dos eventos mencionados a liberarem atividades em desobediência à legislação vigente, e ao bom senso?

A Cidade Velha pode e deve receber eventos e atividades que a revitalizem, e que gerem trabalho e renda; mas, que não exponham a risco de perda elementos únicos do patrimônio cultural brasileiro.

Seria o caso de autorizar apenas a instalação de estabelecimentos, e de atividades que não atraiam multidões àquela parte sensível da cidade, e que não dispõe de estrutura adequada para tal; com exceção das procissões do Círio de Nazaré, logicamente.


PEDRO PAULO DOS SANTOS - arquiteto e urbanista

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

CARTA ABERTA A @nubank , @petrobras, @minc

 

Presados senhores que financiam o Festival Psica em Belém do Pará.

A legislação que protege o patrimônio histórico e artístico nacional é o Decreto-Lei nº 25, de 30 de novembro de 1937. Outros instrumentos legais que protegem o patrimônio histórico e cultural brasileiro são:

  • A Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985, que regula as ações de responsabilidade por danos a bens e direitos de valor histórico, artístico, estético, turístico e paisagístico.  
  • O artigo 23, III e IV da Constituição Federal, que estabelece que os entes políticos devem proteger os bens de valor histórico, artístico e cultural, impedindo a destruição e descaracterização de tais objetos. 

Apesar da necessidade de salvaguardar, defender e proteger nossa memória história, os lugares escolhidos para o desenvolvimento do Festival Psica, em Belém, foram exatamente aqueles situados na área tombada da Cidade Velha, além de um campo de futebol.

A começar pela praça escolhida para a inauguração: exatamente em frente de uma igreja de meados de 1700, e tombada (o art.81 do nosso Código de Postura, impede instalações várias a menos de 200m de igrejas, escolas, hospitais, etc); depois vemos instalações no pier da Casa das 11 Janelas, também tombada e, em frente do prédio da Prefeitura e do Museu do Estado do Pará, na Praça do Relogio e emfrente a igreka de S.Joãozinho e de Sto Alexndre Enfim, todos eles tombados, inclusive pelo IPHAN.

O art. 63.7 do nosso Código de Postura, impede, nos setores em questão (residencial) a autorização de atividades que produzam sons ecessivos ou ruídos incomodos... a qualquer hora do dia ou da noite. 

Os ruídos autorizados pelas normas do CONAMA, estabelecem de 50 a 55 decibeis, nas áreas mistas e predominantemente residencial, como é o caso em exame. Os danos provocados pela trepidação, nem sempre se vêem imediatamente... Quais precauções seriam usadas?

Voces verificaram quais leis permitem o uso dessas areas pelo Festival Psica em Belém? Esse uso quer demonstrar o que? Poder destrutivo consciente ou casual? Porqque nao "destombar" essa área?

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) é responsável por zelar pelo cumprimento da legislação e pela gestão do patrimônio cultural brasileiro. Ele permitiu o uso dessas areas onde vemos as instalações em questão, situados no entorno de importantes prédios tombados de Belém?

Estamos seriamente preocupados com o resultado das ações desse festival, na area tombada da Cidade Velha. Além dos bens de propriedade pública, ali temos também propriedades privadas.  A quem recorrer  quando não se respeitam as leis a esse  nivel ? Que exemplo é esse?

Atenciosamente.

Assinado: CIVVIVA. Associação de moradores da Cidade Velha

 


quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

ENCONTRO DOS POVOS: BRASIL-ÁUSTRIA

Nem tudo do que acontaece no mundo nós sabemos.

Que tal descobrir o que Fernando Aruaujo, nosso conterraneo que vive na Austria, nos conta..

24/11/2024 - RAÍZES INDÍGENAS - ENCONTRO DOS POVOS: BRASIL-ÁUSTRIA

Gostei de imaginar que ao longo das apresentações do 12° Brasilianisches Kulturfestival Wien 2024 (12° Festival Cultural do Brasil em Viena - edição 2024), nesse encontro de povos e nações com suas raízes indígenas, me encontrava bem posicionado no Forum do monumental Weltmuseum Wien (Museu do Mundo de Viena), observando de perto o interesse que a Amazônia ora desperta em todo o mundo - em especial na Europa -, despertar esse associado a uma destemida reafirmação da vida, a uma reintegração existencial desta Terra como se fosse um começar de novo do planeta e daí, a uma definitiva negação da morte, diante do desastre ecológico do qual estamos.
Adotando a forma de víbora massacrada, colorida e rastejante, triste e alegre, dela ouviram-se, desde o século XV, os brados das injustiças cometidas pelos invasores europeus contra os povos originários da Abya Yala - chamada por eles de América -, aquilo que séculos depois ainda ouvimos descendo do desastre que entre nós representou o governo Bolsonaro. Aquilo que Edileuza Penha & Marcelo Cuhexe Krahô em filmes, nos fizeram assistir, o genocídio mostrado à luz das imagens de “Nosso Solo, Nossa Terra”, no “Aguyjevete Avaxi'i”, de Kerexu Martim, no “A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro, no “Levante pela Terra”, de Marcelo Cuhexe Krahô, no “O que me Leva Não é Mercadoria de Bolso”, de Bárbara Matias Kariri, dos cerca de 40 milhões da nossa gente indígena e quilombola vitimada pela ambição e crueldade dos homens desses séculos.
É então nessa serpente, onde na dança de Franci Gruteser, “Cunhã Poranga” e nos trabalhos das Escritoras Ajebianas de Rondônia, representadas pela dra. Flaviana Garcia e curadoria de Izabel Cristina da Silva, brincam as crianças e nela reside agora a confiança de ver no governo Lula a rebelião renascer pelas asas de morcegos encantados que ao som de música de aldeia e de uma deusa protetora dos sonhos, desde já lhes asseguram que as povoações ancestrais não mais serão palco das cenas onde, por sua porta da frente entram pastores evangélicos negando a fé, a língua e a cultura dos povos originários e pela porta dos fundos, o garimpo ilegal via mercúrio derramado nos rios, as madeireiras associadas ao agronegócio dizimando a floresta, as mineradoras extrativistas de tudo violentando o solo, os agentes de traficantes de animais e vegetais da biodiversidade e o crime organizado lucrando com o tráfico das drogas e o contrabando de pedras preciosas, todos trazendo no umbigo e nas línguas o mesmo gosto amargo do velho colonialismo e as cores nefastas dos nossos dias, neoliberais crentes do imperialismo.
Nessa mesma linha, que lhes diz que a natureza não é apenas um recurso para gerar dinheiro, mas imprescindível para a sobrevivência do homem, 2 fotógrafas e 18 artistas plásticos do Brasil inauguraram nesta segunda-feira (25) na Galeria Spektakel uma mostra coletiva onde, diante do renovar da vida, Marcelo Cuhexe Krahô deixou seu canto, o vinho branco foi servido em cuias e nos trabalhos expostos, o talento daqueles que fazem de sua arte um terreno fecundo no qual é possível vermos o brilho da estrela que carregam ainda que a noite esteja nublada.
Com texto, vídeos e fotos, como linguagens complementares, faço a narrativa deste evento como uma singular manifestação do engenho de Vanessa Tölle&Michael Tölle, à frente do Verein (Clube) PAPAGAIO, quando trazem da ribalta para o palco a Sala Curumim, em parceria com Elaine Bonfim, “Die Schlange Verbindet die Welten” (A Cobra Conecta os Mundos) e Izabel Cristina da Silva “Flussdelphin Amazoniens” (Boto da Amazônia), um espaço para as crianças, seguido de palestras e apresentações sobre temas de arte, cultura e ciência com a participação de grupos indígenas do Brasil, e de um punhado de mestres, doutores, cientistas e estudiosos das universidades UNIRIO (Rio de Janeiro), Stanislau (California State-USA) e Rede BRASÖS presente na Áustria, Eslováquia e Eslovênia.
Gosto de pensar, por fim, que tudo o que neste Festival de arte e cultura brasileiras pude acompanhar, no canto solo de encerramento de Bernardo Lobo, “Bons Ventos” e tanto descendo das Bachianas Brasileiras, de Heitor Villa-Lobos quanto do Canto das Três Raças, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro que a soprano Luciene Weiland cantou, o sonhar aquilo que ainda “ninguém ouviu, um soluçar de dor no canto do Brasil, um lamento triste que sempre ecoou desde que o índio guerreiro foi pro cativeiro e de lá cantou…, e o negro entoou um canto de revolta pelos ares no Quilombo dos Palmares onde se refugiou” para que isso não soe mais como uma agonia, mas como um hino de esperança, um cântico de alegria e não mais um soluçar de dor.
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