quarta-feira, 14 de setembro de 2022

VALIDADE INDEFINIDA...


O Pacto do Pará – via PPP
Volto a escrever. Volto a semear.

Após a mudança da cor da bandeira política de nosso Estado julgo oportuno provocar novas reflexões sobre o atraso, o sofrimento, a desigualdade social que continua cobrindo a grande maioria do povo paraense. Os que saem, apesar das esperanças plantadas, não conseguiram soltar as amarras que nos prendem no fundo do poço. Por quê?

Obras como a Estação das Docas, lindo espaço gourmet, o Onze Janelas, aprazível bar-restaurante, o Mangal das Garças, um teatro colorido de borboletas e iluminado pelo farol-brinquedo (cujo palco é mais um restaurante), e o Hangar, Centro de Convenções, não foram e não serão ferramentas para cortar nossas amarras. No mais, tais obras poderão ser analgésicos para nossa dor, soníferos para que o povo continue dormindo.

É hora de acordar.
Quanto o Estado gastou para fazer as belas obras? Qual o retorno que os investimentos trouxeram para a população? Qual o percentual da população que está usufruindo de tais obras? Qual a relação de empregos gerados por cada mil reais investidos? Quem participou da decisão de fazer tais obras? Qual a despesa mensal para que o Governo mantenha tais obras?
Será que os milhões gastos em obras do tipo que exemplificamos não seriam mais bem aplicados se o fossem na construção de redes de esgotos, na melhor remuneração dos professores?

Lembro-me que há cinqüenta anos, quando meu pai levou-me para estudar em Portugal, na aldeia (pequeno lugarejo) onde minha mãe nasceu, não existia água encanada nem esgotos. Hoje talvez não erre ao dizer não existir vilarejo em Portugal que não tenha suas casas servidas por água tratada e esgotos. E Belém? Será que 10% das habitações coletam seus esgotos em uma rede segura? Posso dizer, sem medo de errar, que Belém hoje tem menos esgotos por habitação do que há cinqüenta anos. Sinto vergonha quando tenho que falar sobre esta nossa realidade.

Eu faço parte da minoria que pode usufruir das obras referenciadas, “ilhas”, cartões postais, cuja cores de fundo são menores e mães pedindo esmolas ou desempregados vendendo drogas ou contrabando. Felizmente, sim felizmente, ainda não é possível construir tais “ilhas” em bolhas estanques onde o mosquito da dengue e outros produtos da irracionalidade humana pudessem mitigar somente os pés descalços.

O mosquito da dengue, o assaltante, o seqüestrador, são produtos sim da má ação, dos maus gastos, do Governo. Um dia eles irão nos fazer acordar, quem sabe um pouco tarde para evitar traumas mais sérios em nossa sociedade.

Da mesma forma que rejeito a distribuição de bolsas (esmolas) pelo Governo, condeno o uso de dinheiros públicos para obras faraônicas e obras que a iniciativa privada devia empreender. Se a iniciativa privada não as faz é certamente porque o mercado, o povo, não está pronto para recebê-las ou porque os Governos não são competentes e transparentes para promovê-las. O Governo-Vaca é algo que deve ser extinto. Tetas foram feitas para dar de mamar. Dinheiro público devia ser priorizado para a educação, para a saúde pública, e nunca para restaurantes. Cabe a qualquer Governo decente, justo, ensinar seu povo a pescar, a empreender. Governo competente, moderno, protege seus filhos das pragas, das doenças.

Não concordo com aqueles que argumentam que se tais obras, que aqui trago como exemplo, não fossem feitas com dinheiro público, do povo, nunca seriam realizadas. Posso provar que tal é balela.

Onde você leu, viu, que construir restaurantes, bares e até mesmo um Centro de Convenções só pode ser feito com dinheiro público? Posso garantir que outras formas, vias, existem para ser empreender tais obras.

A via PPP- Parceria Pública Privada, é a ideal. Os exemplos estão aí. Por que até agora o Pará não conseguiu viabilizar tal via? Culpa dos empresários ou dos Governos? Deixo que você responda.

O Pará, Belém, precisa de um Pacto. O Governo precisa experimentar a via PPP.

VALDEMIRO GOMES
Publicado em 06.08.2007


OBRIGADA, AMIGO, POR ESSAS SEMENTES QUE NOS PROPÕENS DE VEZ EM QUANDO.
É preciso, SIM, priorizar o dinheiro público para as necessidades básicas da população.  Escola, saúde e saneamento, são, com certeza, a prioridade nessa nossa terra... COMO ESQUECER ISSO?

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