terça-feira, 11 de janeiro de 2022

PARABÉNS, CIVVIVA

 

No dia 11 de janeiro de 2007 registramos no cartório o ato de criação da Civviva... porque dia 12, data de fundação daquilo que seria a Cidade Velha,  estaria fechado, nos disseram.

A data do registro nem era tão importante assim, porque nem os historiadores estavam de acordo sobre essa data e descobrimos isso, não na escola, mas lendo as revistas do IHGPa publicadas no periodo da fundação desse Instituto.

Na escola nunca ouvimos falar que a Cidade Velha era praticamente uma ilha, nos seus primeiros anos de vida, antes de aterrarem o alagado do Piry, que, naquela ocasião, ia até o atual S. José Liberto. E o canal da Tamandaré, o que era, então? Era o Igarapé Juçara, que encontrava,  antigamente, o  Igarapé do Piry, formando a ILHA DA CIDADE. Os rios  a circundavam na outra extremidade. 

Não sabemos desde quando Belém, começou a ser chamada assim, porque na correspondência com os reis da Espanha, a partir  de 1616, a área da Cidade Velha era chamada de Capitania do Pará,  depois Província do Pará e, em muitos casos Cidade do Pará. A Campina, ainda não existia, portanto a sua área chegava, ao máximo, até onde hoje é a Igreja do Carmo, confirmando a possibilidade de ser uma ilhotinha, vista também a  existencia do  Igarape Juçara, hoje chamado canal da Tamandaré.... Alguns a chamavam Ilha Pará,  antes da doação da primeira légua uns dez anos depois de sua fundação.

Numa carta do Rei D. Felipe II em data 18 de setembro de 1616, ao novo Governador Geral do Estado do Brasil – D. Luis de Souza – ele ordena que se envie “socorro ao forte que o Governador da Capitania do Pará, Francisco Caldeira Castelo Branco, fundou as margens do rio das Amazonas...” e outras, por vários anos continuaram  a ignorar o nome “Belém”. Nas cartas sucessivas continuamos e ler a palavra Pará. Quando, enfim ele aparece em algum documento? Será que ensinam isso, hoje?

Além do mais, tem um  livro portugues de Manuel Severino de Faria,"História Portugueza e de outras províncias do Occidente..." que diz que o nome Forte do Presepio de Belém, também usado para denminar a área, foi logo esquecido pois a "À REGIÃO CHAMARÃO: FELIS LUZITÂNIA". Varnhagen, se enganou ao dizer em seu livro que a chamaram de Nossa Senhora de Belém, diz esse autor..

Sem ter certeza do nome e da data exata de fundação da área que hoje chamamos de Cidade Velha, a registramos dia 11 de janeiro de 2007 e começamos a lutar por ela...

Tinhamos começado em novembro de 2006 a cuidar da fundação da Associação de Moradores da Cidade Velha. Fazer festas na praça do Carmo era o principal uso que faziam do bairro e seu abandono nos levou a tentar de chamar atenção sobre seus problemas, em vez. O carnaval com bandinhas e mascarados também se fazia presente ...e bem pouco mais temos a lembrar. Esta era a nossa realidade: https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2007/10/carta-aberta-da-cidade-velha-cidade.html

Nosso primeiro grande sucesso foi a doação para a Policia Militar de quatro bicicletas para ajudar a cuidarem das ruas onde assaltantes faziam a festa aos moradores e lojistas, diariamente. Começamos a ver os resultados no segundo dia de uso das nossas bicicletas azuis, quando uns assaltantes, em moto, foram presos na Dr. Assis...

A medida que os anos passavam e aumentavamos os pedidos de respeito das leis... mais antipáticos nos tornavamos. De nada adiantava citar a Constituição, o Estatuto das Cidades, o Código de Postura... pois so faziamos piorar a situação, independentemente de quem estava no governo. 

A maior dificuldade que encontramos foi, exatamente, o respeito das leis em vigor. Alias, bem poucas pessoas as conheciam...como aplica-las, então? Cada tentativa a respeito foi uma batalha, uma guerra contra a prepotência de quem não as conhecia e nem queria usar a democracia que conquistamos (alguns de nòs lutaram por isso)... e a falta de fiscalização, que se protrae ha anos, continua a ajudar essa situação de ilegalidade.

A poluição sonora, introduzida com os trios elétricos  no carnaval da Cidade Velha, passou a ser o nisso cavalo de batalha. Próprio a Fumbel, esquecendo que devia planejar, coordenar e controlar a ..." classificação, conservação, restauração e revitalização de bens de valor cultural do Município" autorizou todos os trios elétricos que entraram e estacionaram nas ruas e praças (ja tombadas pelo IPHAN também) sem estabelecer o respeito dos 50 decibeis previstos pelas normas nacionais...

O poeta Jetro Fagundes veio em nossa ajuda na luta contra a poluição sonora: 

https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2013/02/problemas-explicados-em-versos.html

Tal exemplo negativo, seguido pelo Auto do Cirio e, ultimamento pelos foguetes  usados por noivos ao sairem dos casamentos feitos nas igrejas tombadas da Cidade Velha, ainda faz parte de nossas lutas contra a poluição sonora.

Outro problema é a vigilância das praças. Aquelas requalificadas em 2020 pelo ex prefeito, sem que fosse previsto alguma forma de vigilância 24 horas, está permitindo que o custo dessa reforma escorra pelo ralo da displicência.

As tres praças da aniversariante, Cidade Velha, ja perderam:  fios elétricos subterraneos; plantas e canteiros; balizadores na praça do Relogio,  do Carmo incluindo das Mercês, além da escadaria da praça do Carmo ja com vários de seus degraus, quebrados...  nenhuma lampada acesa e a permanente trepidação provocada por  carretas e outros veiculos indesejaveis numa área tombada.















COMO FESTEJAR O ANIVERSÁRIO DA CIDADE VELHA COM ESSES EXEMPLOS (repetitivos)???

 

6 comentários:

Antonio C L Soares disse...

Teu post chega a dar vergonha pra todo belemense que se preza e quer viver em um ambiente civilizado. Obrigado a todos que fazem a CIVVIVA ser o último reduto da resistência civil, a cabanagem cultural moderna! Parabéns pelo aniversário!

Anônimo disse...

Nossa Cidade Velha não merece esse continuado desprezo da administração municipal. Há que fazer um projeto para recuperar sua importância estrutural e histórica.

Unknown disse...

Parabéns CiVViva pela resistência na pessoa de Dulce Rock. Infelizmente Belém é desconhecida dos próprios paraenses, quase não se estuda a cabanagem nas escolas, os alunos, principalmente os periféricos nem sabem que existe a Cidade a Velha. Lamentável, pois seria uma excelente aula de história, geografia, literatura e até mesmo de arquitetura. Mas, mesmo com tanto descaso, Belém é linda, acolhedora. Parabéns a Belém e a CiVViva.

Silvandra Cardoso disse...

História e respeito com a nossa bela cidade velha!

Unknown disse...

Parabéns, Belém!Somente a força do povo
cabano será capaz de resgatar toda a trajetória de luta, de resistência, de orgulho que cada pessoa que vive nessa terra é capaz de, com altivez, mostrar que nossa História ,pouco difundida, é a grande marca de um povo que não se rende, que enfrenta suas dificuldades e segue firme. Parabéns, povo de Belém!

Waldemar Azevedo disse...

Estou fora de Belém, mais gostei das informações do blog, a Cidade Velha merece ser um lugar especial de Belém.