terça-feira, 13 de julho de 2021

MONUMENTOS A NEGLIGÊNCIA...

 

INCÊNDIOS em Belém - Sugestão de requalificação de usos desses imóveis  ociosos.

1999 – agosto, Loja Bechara Mattar, Praça D. Pedro II

2010 – agosto, INSS, av. Nazaré, esquina com trav. Dr. Moraes

2012 -  agosto, Ministério da Fazenda, rua Gaspar Viana, esquina com av. Pres. Vargas

2015 – julho, Rua Santo Antonio, esquina com trav. Leão XIII

2020 – agosto, Casa Grisólia, av. 16 de novembro, esquina com trav. Joaquim Távora

Passeando pelo Centro Histórico de Belém, e olhando com atenção suas ruas e prédios, vemos com pesar, ha tempos, o desinteresse, ao menos aparente, do poder público pela boa gestão da cidade.

Não somente calçadas mal tratadas ou ruas esburacadas, mas também, a quantidade de prédios dos três poderes, abandonados em Belém. As origens da degradação, e as motivações do abandono são várias: acidentes, interdições, incêndios ou simplesmente negligência. Os anos passam, e a ação do tempo, aumenta a deterioração, principalmente pela falta de manutenção, o que, além de desvalorizar o prédio, torna cada vez mais difícil e oneroso a sua recuperação e o seu aproveitamento.

O mesmo se nota em muitos prédios de propriedade privada. De fato, se formos a uma missa ou casamento na Igreja da Sé ou na de Santo Alexandre, na Cidade Velha, nos deparamos, logo entrando no bairro, com os escombros do prédio da antiga Loja Bechara Mattar, incendiado em agosto de 1999.

Fechamos o século XX com essa desgraça que causou a morte de quatro pessoas que ali trabalhavam. O TST ressaltou que “as circunstâncias do incêndio demonstraram a ausência de cuidado da loja na manutenção da segurança de suas instalações e saúde dos trabalhadores.” Sabe-se que o Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região confirmou a decisão da 8ª Vara do Trabalho de Belém relativamente ao valor atribuído para reparação de danos materiais e morais, fixado em R$ 163 mil, de um dos mortos, responsabilizando a empresa por tal morte.

Sobre o destino dos escombros, nada encontramos, e até hoje estão ali para os turistas apreciarem... Suas calçadas cercadas por um tapume, negam aos pedestres  o pleno usufruto correto da mesma.

Corria o ano 2010, quando fomos surpreendidos por outro incêndio: o edifício do INSS, em plena avenida Nazaré. Cinco dos seus 17 andares foram destruídos. Até hoje o espaço também está sem utilidade, e se interrogados, nenhum dos prepostos das entidades públicas se pronuncia sobre a situação do prédio. Começavam os incendios em prédios públicos. Em quanto onera o poder público essa...inutilização?

Mais uma vez, sempre no mês de agosto de 2012, vimos acontecer o incêndio no prédio do Ministério da Fazenda, situado no início da Av. Presidente Vargas. Na madrugada de uma segunda-feira o fogo atingiu 7 dos 14 andares do edifício: sem mortos, nem feridos. Os escombros continuam lá, para a visão, também, dos turistas.....Já houve muita especulação sobre o uso a ser dado ao imóvel, mas, aparentemente, nada foi decidido ou divulgado oficialmente sobre sua reutilização.

Vamos passear pelo comércio, e não nos deparamos mais com os escombros de outro incêndio. Corria o ano de 2015, o mês era julho, dessa vez  e não agosto como todos os outros. Os prédios ficavam na rua Sto Antonio e na trav. Leão XIII. Pela rua Santo Antonio, uma das farmácias mais antigas de Belém, foi destruída também, restando apenas a fachada frontal. O outro prédio na esquina das duas vias citadas (onde funcionou a antiga Casa Carvalhaes), mais abalado, os azulejos remanescentes foram motivo de atenção, também, de colecionadores. De repente apareceu um opróbio em tal endereço, chocando-se com seu entorno, pois, inclusive se trova  bem de frente ao belo prédio do Paris n’América, intacto, ainda bem. Um péssimo exemplo de salvaguarda da  NOSSA MEMÓRIA que é melhor não copiar.


Novamente no fatídico mês de agosto, dessa vez em 2020, há quase um ano, aconteceu o incêndio do depósito da antiga Casa Grisolia..., situado na esquina da av. 16 de novembro com trav. Joaquim Távora em área tombada da Cidade Velha. Todo o bairro sentiu por dias a fio o “cheiro” de tal incêndio e a fumaça, causando problemas a quem morava no entorno.

Esses são os incêndios mais vistosos no Centro Histórico de Belém, nos últimos 21 anos. Outros de menor porte, nos arrabaldes da cidade, não chamam tanta atenção como esses, em área histórica, com seus escombros abandonados, monumentos que são a negligência... de quem?

Quanto custa ao poder público o desperdício desses prédios (públicos) abandonados? Não somente os tombados ou incendiados...

Engenheiros, arquitetos, e outros cidadãos de bem de Belém, são convidados a pensar o que fazer... e proporem soluções viáveis para o aproveitamento desses edifícios incendiados, que há anos enfeiam algumas das principais ruas de Belém.

Alguns deles, devidamente reconstituídos em sua volumetria, quando possível, poderiam até ser adaptados e transformados em estacionamentos, tendo em vista a necessidade desse uso nas áreas onde se encontram...

 







 O Bechara Mattar e a Grisolia, transformados em estacionamentos, ajudariam em muito a liberação das calçadas de liós da Cidade Velha, usadas como estacionamento pelos clientes dos vários órgãos públicos ali situados.




É UMA SUGESTÃO AOS GOVERNOS: SEJA MUNICIPAL QUE O ESTADUAL.

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Fotos da Civviva e da internet.


sexta-feira, 2 de julho de 2021

Os 180 anos do Colegio Estadual Paes de Carvalho

 Para os ex alunos do CEPC

No último dia 28 de junho, o Colégio Estadual Paes de Carvalho completou 180 anos de sua fundação. Foi criado com o nome de Liceu Paraense, em 1841, através da lei 97 de 28 de junho,    no governo de Bernardo de Souza Franco, presidente da Provincia do Pará. Mudou de nome, anos, mais tarde, depois da revolução de 30, e passou a se chamar Ginásio Paraense. Mais un anos e, uma lei federal transformou os ginásios em colégios, e a instituição passou a se chamar assim como o conhecemos hoje: Colégio Estadual Paes de Carvalho, ou simplesmente C.E.P.C.

Eu entrei depois de um exame de admissão feito em 1956. No  salão onde faziamos recreação tinha uma escada de madeira, em "caracol", pela qual me apaixonei e a admirava pensando em um dia usa-la. Isso não aconteceu pois nunca a consertaram. Do lado de la, no salão que dava a frente para a praça, faziamos aula de "canto".  As outras aulas eram nas salas do andar de cima.

Sai em 1963 para fazer vestibular para a faculdade de Economia, em fevereiro de 1964. Entrei menina e sai, já mocinha e perdi de vista as colegas pois cda uma foi para uma faculdade diferente: ainda não existia o “campus universitário”.

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Cabe, neste momento, uma correção, em relação a um equívoco, que tem propiciado as mais variadas discussões, que é sua verdadeira data de fundação. Uma informação errada repetida na mídia, diz que é 28 de Julho. Para isso, evocamos Geraldo Mártires Coelho, historiador, que ratifica sua fundação, a 28 de junho, sendo, sua efetiva instalação (ou funcionamento), trinta dias, depois, a 27 de julho. Razão pela qual, talvez, haja o conflito, que é relativamente recente, e teve início, segundo documentos do próprio CEPC, por volta do final da década de 70.

 Para esta data, porém, em face da pandemia e dos decretos de afastamento, a instituição fez realizar, com apoio de um grupo antigos alunos, uma singela cerimônia, em seu Salão Nobre, onde, na ocasião, lançou-se o livro “Como foi salvo o CEPC”, que registra o cotidiano da última reforma pela qual passou a instituição, onde o referido grupo desempenhou papel fundamental, que culminou com uma solenidade de reinauguração pomposa e emocionante.

Em seguida, os presentes assistiram a um vídeo de pouco mais de uma hora, de um sarau virtual, dedicado a sua ilustre ex-professora, saudosa, Maria Luzia Vela Alves, sob direção-geral do professor Edmar Holanda, seu atual diretor, e do Professor Raymundo Roberto Neves, ex-diretor do vetusto educandário-mor dos paraenses.

 Sarau virtual das obras poéticas da ilustre professora de canto orfeônico do Colégio Estadual Paes de Carvalho, Maria Luzia Vela Alves, falecida no início da década de oitenta, tendo deixado um legado memorável, no velho casarão e na vida de seus ex-alunos, que guardam, vivas, as suas lembranças.



 Austera e exigente, Vela Alves escondia, dentro de si, outra face da mesma mulher, que era sua doçura e paixão a vida, que a levaram a escrever quarenta e duas poesias que falam de amor, saudade, amizade, além de algumas pitadas de protesto, no que tange à reforma realizada no prédio do CEPC, por ocasião da posse do então Governador Alacid Nunes. Algumas das poesias, ela dedicou a seu grande amigo e colega, de quem foi Vice-Diretora, Raymundo Roberto Gonçalves Neves.

 Neves, quarenta anos após a morte da homenageada, decidiu tornar públicas, suas composições, que estavam em sua posse, como forma de honrar sua memória, aproveitando o âmbito das comemorações dos cento e oitenta anos do CEPC. E, pensando numa produção que preservasse o distanciamento social, convidou os ex-alunos de épocas muito remotas, Camilo Delduque e Sandro Destro Lima, para produzirem os vídeos, onde ex-alunas de Vela Alves declamam suas poesias, emprestando suas próprias experiências, vividas ao lado da professora-artista, como catalizadoras da saudade.

https://youtu.be/sgG3CmqCb78

 Delduque e Destro, decididos a dar a mais ampla visibilidade à data, incluíram, no projeto, falas de professores atuais, como de seu diretor, além de seus próprios testemunhos. E o resultado, singelo, porem cheio de amor, culminou com uma sublime catarse poética, em que se celebra a memória de Vela Alves, tendo o CEPC, como pano de fundo, onde o tempo, inafastável senhor de tudo, "corre, veloz".

 Roberto Neves

Camilo Delduque

Sandro Destro Lima