terça-feira, 12 de janeiro de 2021

PARABÉNS CIVVIVA

 


Em janeiro de 2007, no dia do aniversário de Belém, a Associação de Moradores da Cidade Velha iniciava suas atividades. Foi um incêndio no Beco do Carmo seguido de um encontro na Fumbel que nos levou a pensar em algo para  defender  nosso bairro.

Corria o mês de novembro de 2006 quando, a noite, em frente ao bar do S. Salomão começamos a recolher as assinaturas de quem estava de acordo com essa ideia. Depois começamos a pensar como seria o Estatuto e as ajudas começavam a aparecer.

No dia do registro da Associação no cartório, descobrimos quanto isso ia nos custar, mas  nenhuma das pessoas contatadas, incluindo as que tinham assinado a lista dos aderentes, se negou a colaborar. Padre Genaro, diretor do Colégio do Carmo, foi um deles, assim como alguns comerciantes da praça, além dos moradores do bairro e alguns de seus frequentadores.

Quando iniciamos a usar este blog, colocamos as cartas que escrevemos à Governadora ANA JULIA CAREPA, ao Prefeito DUCIOMAR GOMES COSTA, á Câmara de Vereadores, e as respectivas respostas. Abria o blog uma CARTA ABERTA DA CIDADE VELHA-CIDADE VIVA, com uma relação dos problemas que teríamos que enfrentar. https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2007/10/carta-aberta-da-cidade-velha-cidade.html

Em março de 2008 recebemos a visita do Comandante da Policia Militar, Hilton Benigno, para discutir ações concretas para o bairro. Em outubro entregamos quatro “bicicletas azuis da Civviva” para a PM garantir segurança aos moradores...e foi um sucesso. Muitos moradores participaram da compra das bicicletas e até Padre Gonçalo da igreja da Sé ofereceu uma delas. Nossos contatos com a PM continuaram com o Major Camarão, Monteiro, Barra, Garcia e outros, por alguns anos.

Em maio começamos a preparar a Oficina Escola de Escritores, iniciativa do nosso Laboratório de Democracia Urbana, e, do Grupo de Memória e Interdisciplinaridade, da Faculdade de Engenharia Civil, da UFPA. A oficina, ministrada pelo jornalista e escritor Oswaldo Coimbra, tinha como objetivo um livro de resgate da memória da Cidade Velha, que foi lançado no aniversário da Civviva em 2008. Outro sucesso.


Depois foi a Celpa a encher nossas ruas com absurdos “olhões”. Esta luta durou anos, pois somente em março de 2020 foi retirado o ultimo deles. Em todas essas lutas tívemos apoio e colaboração de outras organizações cidadãs.

A agua barrenta que saia das torneiras levou muitos moradores a providenciarem um “poço” no seu quintal e nós, a escrever a Cosanpa. As roupas brancas mudavam de cor..

Os problemas, porém, continuavam a aumentar, então, na campanha eleitoral para a prefeitura de Belém em 2012 decidimos conversar com os candidatos. Na sede do Conselho de Contabilidade do Estado do Pará realizamos  nossa Conversa com os pré-candidatos a Prefeito de Belém. 

Além dos candidatos que compareceram, tivemos a colaboração de RONALDO SILVA, do Arraial do Pavulagem que falou sobre Cultura Popular e a Utilização do Espaço Público; CLEBER CASTRO, Professor do IFPa, lembrou da A importância do turismo patrimonial para a cidade de Belém;  ROSE NORAT, arquiteta e professora, falou sobre a necessidade  de resolver a questão da reabilitação das áreas centrais e das políticas habitacionais para prédios históricose  a Presidente da Civviva, através do exame do Código de Postura e com exemplos, tentou demonstrar como eram inaplicadas as leis em vigor. https://civviva-cidadevelha-cidadeviva.blogspot.com/2012/06/o-nosso-exercicio-de-cidadania.html.

Com o novo governo, o carnaval começou a ocupar um lugar de destaque negativo na Cidade Velha, acostumada que era com as bandinhas do Eloy e do Kaveira.  Chegaram os trios elétricos e um tipo de prepotência que não estávamos acostumados a ver nem durante o  carnaval. Até as músicas nada tinham a ver com o periodo carnavalesco. A poluição sonora tomou conta das ruas e, pouco a pouco, a PM deixou de nos convidar para as reuniões que decidiam como seria o carnaval. Quem defendia os moradores em tais ocasiões???

Com o passar dos anos outros problemas tivemos que enfrentar, como a tentativa de fechamento da trav, Felix Rocque, e o uso daquela construção inacabada e abandonada pelos Bechara Mattar, na entrada da Cidade Velha. O gabarito estabelecido para a Cidade Velha entrava em discussão, aliás, em ... desatenção. 

No meio tempo A Cidade Velha e a Campina tinham sido tombadas e para nós era um motivo a mais para  lutar contra a poluição sonora que invadiu o bairro. O Arraial do  Pavulagem tinha deixado de trazer seus arrastões reconhecendo os problemas que criava nessa área tombada... o  Auto do Cirio, em vez, aumentava os decibéis em frente das principais igrejas e prédios tombados que encontrava em seu percurso...esquecendo o respeito as leis e ao nosso patrimônio. Soubemos que com eles “é proibido proibir”...!!! Que ensinamentos...

...e por ai fomos, pisando em muitos pés com seus calos.  Aí, a questão do gabarito do entorno da área tombada volta a tona, com autorizações irregulares na área do Portal da Amazonia. Em 2019 o  Atacadão vira motivo de discussões e denuncias...até conseguirmos, ja em 2020, com a ajuda do IPHAN, que colocassem os balizadores na Praça do Carmo para  evitar que clientes dos locais da Siqueira Mendes, com seus carros caros, estacionassem no seu anfiteatro. Tentativas de furto de tais balizadores, porém, ja começam a ser denunciadas,  apesar das câmaras do CIOP existentes na Siqueira Mendes.

Nossas lutas são notadas.  A LEI Nº 9368 DE 23 DE ABRIL DE 2018  nos reconheceu ser de UTILIDADE PÚBLICA PARA O MUNICIPIO DE BELÉM. Uma surpresa agradável. Valeu deputada Marinor Brito. Agradecemos.

Neste aniversário da Civviva estamos, porém,  todos os moradores da praça do Carmo,  irritados, indignados e admirados com o que estão fazendo na praça que custou quase um milhão e meio para ser requalificada. Desportistas incivis estragam o entorno do anfiteatro e, apesar de todos nós termos tentado ter uma vigilância permanente, continuamos a ver enxames de mal educados destruírem algo que é de todos nós. Será que também com eles “é proibido proibir”?

Sabiamos que não seria coisa fácil defender a Cidade Velhamas não sabíamos que a luta não seria somente com os administradores pelo respeito das leis e dos cidadãos. Descobrir e ter que lutar  até com gente letrada que parece provar prazer em destruir bens públicos e/ou desobedecer as leis,  não é nada consolador.


...e desse modo, demonstrando o nosso  amor por Belém, através de lutas,  se passaram os primeiros quinze anos de vida da CIVVIVA.

4 comentários:

Valdemiro disse...

Não desista. Vc é a guerreira que precisa ser regada para novas flores, frutos,.. BELÉM precisa de ti. Paz e saúde

ROSE disse...

Nossa, lendo assim passa um filme. E tem muito mais ... Sigamos, o que nos resta

Inez disse...

A tua luta com Civiva é cansativa.Mas muito necessária para o nosso Patrimônio Histórico

Inez disse...

Não desista nunca. Estamos com vocês