Era uma vez uma floresta equatorial, rodeada de água por todos os lados, inclusive a que vinha de cima, do céu. Os intelectuais da época e os fazedores de mapas de antanho, que moravam do outro lado deste mundo, ainda não a conheciam.
Na opinião daquela intelighentsia ligada a igreja católica e que vivia do lado oposto daqui, depois do oceano, estava o fim do mundo. Isso diziam olhando da Europa para estas bandas de cá.
Disputas ambiciosas já tinham levado a descoberta de umas terras na parte superior da linha equatorial a qual acabou pegando o nome de América. Uns italianos sob o comando da Espanha, tinham chegado a uma ilha, do lado de lá da Europa e a batizaram de S. Salvador.
Estava começando o século XVI, em vez, quando Portugal, concorrendo com a Espanha, descobre o Brasil, mas lhe da o nome de terra de Vera Cruz que depois vira, Santa Cruz e, quando o pau Brasil já estava acabando, o resto do mundo inteiro já a chamava Brasil.
Ninguem tinha ideia do tamanho de todas essas terras descobertas, tanto que, entre Espanha e Portugal ja tinham até feito um Tratado (em Tordezilhas) decidindo até onde iriam as possíveis terras Portuguesas, pois o resto seria todo espanhol.
Na segunda metade de 1500, com a morte do jovem Sebastião, rei de Portugal, a falta de herdeiros, levou-os a se unIr a Espanha, formando assim a União Ibérica: era o tempo da dinastia Filipina. O Tratado de Tordesilhas, nessas alturas perde, praticamente, seus efeitos o que beneficia o futuro aumento do território brasileiro, facilitado pela penetração e consequente expansão de sua área.
Em 1615, depois de terem notado a instalação de ingleses, franceses e holandeses no norte do já conhecido Brasil, inclusive ao longo do Rio Amazonas, parte do Maranhão um grupo da força luso espanhola sob o comando de Francisco Caleira Castelo Branco, para escolher um ponto estratégico para defender a Amazonia.
Aportaram num lugar chamado de Paraná-Guaçú pelos índios, ou seja, numa área rodeada pelo rio Guama e pelo igarapé do Piri (hoje Av, 16 de Novembro) que incluía o alagado que hoje chamam de Tamandaré.
Era o dia 12 de janeiro de 1616 quando, alguns dizem que eles chegaram, e ali constroem a “casa do forte”, a margem esquerda da foz do Piri, chamando-o do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém. A área entorno foi chamada de Feliz Lusitânia. Antes, porém, tinham escolhido um local onde hoje é Icoaracy, mas a profundidade do rio, por aquelas bandas, ia permitir a entrada de navios maiores, então não era aconselhavel.
O nosso caso foi diferente dos Estados Unidos, onde o cinema idealizou o território do Arizona, onde três fortes faziam a linha de frente no combate aos apaches: Forte Whipple, Forte Verde e Forte Apache. Na Amazonia tivemos, mesmo sem filmes, o Forte do Castelo, somente. Desalojar os índios Tupinambá daquela "ilha Pará" foi a primeira função de quem chegou aqui, usando como desculpa que eles, os indios, ajudavam os franceses.
Logo começaram a chegar as ordens religiosas e, uma, em 1626, funda, do lado de la do Piri, o convento de Santo Antonio. Começa a nascer um outro bairro, o da Campina e seus moradores começam a chamar a ilha Pará de Cidade Velha, enquanto nos registros ja era Santa Maria do Grão Pará. É nessa época que destinam e doam a primeira légua de terra para a nova cidade que depois passou a chamar-se somente de Belém e sua origem, o seu primeiro bairro, ficou sendo conhecido como Cidade Velha.
Hoje podemos dizer que a Cidade Velha é o nosso Forte Apache. LUGAR ONDE HOJE ALGUMAS PESSOAS LUTAM PARA MANTER EM VIDA O QUE SOBROU DO NOSSO PATRIMÔNIO HISTÓRICO.... Luta essa que continua, muitas vezes em vão, pois todos os que querem vir para cá, não o fazem para defender nosso patrimônio, mas...principalmente para ganhar dinheiro. Isso independentemente do nivel cultural dos interessados e, daí, aparecem teorias sem pé nem cabeça e a nossa memoria histórica começa a mudar de cor...e de rumo.
Ainda bem que a quantidade de turistas estrangeiros, em Belém, não aumenta nem durante o Cirio. Se isso acontecesse, qual historia iriamos lhe contar, além daquela do Cirio? Até a Praça da Sé, a mais antiga de Belém, tem um triste entorno, como exemplo: a Praça dos leões, ou Pedro II com seu monumento cheio de matinhos e pichações e bancos sem assentos; a do Relogio com seus belos postes...sem suas lampadas e rodeada de caminhões vendendo gelo; a de S.João, com seu mercadinho alimentar impedindo a passagem dos pedestre; a Felipe Patroni com seu chafariz que virou vaso...
Depois, como contar a nossa verdadeira hIstoria se o Prefeito acabou com a categoria das Bibliotecarias... quem vai cuidar das bibliotecas?. Quem vai indicar os livros de historia, e outros, a quem precisa de informações... se muitos professores, independentemente de titulos pomposos, nem conhecem a nossa historia...??? e muito menos a situação do patrimônio histórico.
Seria o caso de fazer algo, reunindo quem não esta preocupado somente com sua carreira ou em enriquecer. Precisamos defender efetivamente o nosso patrimônio histórico, que dá emprego a tantos sem obter nada em troca...
Monumento Praça D.Pedro II
QUE TAL ATIVAR UM FORTE DE DEFESA DA NOSSA MEMóRIA HSTORICA..???
2 comentários:
Como já escrevi em outro comentário de post semelhante. Esse post de denúncia é importante, pois também é registro. Infelizmente, não há político ou poder público que acredite que possa mudar essa situação particular. Toda demanda apresentada à Prefeitura, quase invariavelmente é aceita e se torna uma ação. Na palavra que se perde ao vento, porque na prática, às vezes começa e logo para, não termina. Quantas coisas já foram ditas, projetos, planos, e nada chega ao final. Exemplo: o BRT, que um dia terá de ser concluído, mas o tempo que leva é absolutamente anormal, excessivo. Uma cidade não aguenta isso. É muito prejuízo. Então, imagine o que sobra de força e interesse pelo patrimônio histórico. Só vai mudar quando o governo do Brasil mudar, quando o povo participar, acreditar, ter novamente esperança. Enquanto isso não acontece, todos se acostumam com o caos, com as dezenas de mortes por mês, com enchentes. Essa é a realidade.
Eu me entristeço muito com o estado lastimável que se encontra nossa cidade, especialmente o centro histórico. O PAC Cidades Históricas creio, está perdido nos meandros da burocracia, da falta de empenho para sua efetivação, da falta de prioridades. Nem lembro mais quantos anos espero por ver o belíssimo cemitério da Soledad revitalizado. A Capela Pombo é outro exemplo. A UFPA é a proprietária mas até agora o projeto de recuperação ainda não saiu do papel. Espero não morrer antes...
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