domingo, 18 de setembro de 2022

ECOS do desleixo e abandono da Cidade Velha.

 

Quais os critérios usados para defender, salvaguardar e proteger o patrimônio histórico da Cidade Velha ou mesmo de todo o Centro Histórico?

Há tempos que não vemos a apresentação de um projeto completo para toda essa área que tombaram a  nível federal e municipal... Vemos, porém, de vez em quando na midia,  novidades  serem osanadas frente as desgraças que vemos acontecer com o patrimônio considerado histórico.

Em 2019, Michel Pinho fez uma denuncia sobre o estado de abandono do Palacete Pinho ( https://dol.com.br/.../palacete-pinho-memoria-de-belem.. *). e hoje vemos seu portão  no chão. Esta Associação denunciou o que acontecia ali, cada vez que um veículo, ao sair do estacionamento situado em frente, deixava sinais e nenhuma providência foi tomada... nem ao menos algo desse tipo...



Desde que desapareceu o primeiro balizador da Praça do Carmo, iniciamos a reclamar e denunciar o que acontecia...e também não vimos acontecer nada, além de virem bater o ferro que ficava assinalando o lugar... vazio. Agora, sem nenhum balizador, e com o resultado dos abusos combinados pelos skatistas, vemos a praça que custou cerca de um milhão e meio voltar a ser usada como estacionamento de clientes  de locais noturnos que se enriquecem sem fazer algum investimento útil a salvaguarda do nosso patrimônio histórico.


Os balizadores da Praça do Relógio não chegaram nem a ser fotografados: desapareceram todos imediatamente.  Na praça das Mercês tem até foto da retirada de um deles para facilitar o estacionamento de um cliente sabe la de quem... e o que foi feito a respeito???

De nada adianta a Constituição e outras leis falarem  de “gestão democrática por meio da participação” de associações representativas por ocasião da “formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano”. Continuamos a ver as leis serem ignoradas, na sua maior parte.

A ajuda que esta Associação pode dar, e dá,  denunciando o que precisa de mais atenção, é totalmente ignorado como se,  os cidadãos da Cidade Velha, não tivessem  capacidade de optar entre o melhor e o errado, entre o justo e o absurdo, relativamente as necessidades e/ou defesa da área tombada onde moramos.

Descobrimos através dos jornais ou vemos na tv o que vão fazer na área tombada sem que nem ao menos uma audiência pública tenha sido feita com os cidadãos... Sem um Portal da Transparência relativo as ações na área tombada, não temos ideia do que concretamente será feito, nem de onde são oriundos os fundos, os financiamentos para o que pretendem fazer. Não temos como participar dessas escolhas, nem sempre  uteis para quem vive na área. Muitas vezes, de fato, os interesses são de terceiros, como se o patrimonio não estivesse pedindo ajuda.

Ações incoerentes como o conserto das calçadas no bairro da Campina  enquanto as da Cidade Velha, esperam ... por quem? pelas ações dos proprietário do terreno em frente? A passagem de carretas pela Dr. Assis, Siqueira Mendes e Dr. Malcher continuam a ser permitidas...e o mal que fazem aos prédios públicos e privados fica por conta de quem??


A poluição sonora provocada pelo Auto do Cirio em frente a prédios tombados como as igrejas do Landi, a Casa das 11 Janelas, o prédio do IHGP, o do MEP e da Prefeitura... ninguém vê? Os organizadores não sabem dos danos que podem provocar? Quem autoriza não tem coragem de aplicar as leis nessas ocasiões? Isso não acontece so uma vez por ano, pois diariamente, em frente da ALEPA, é possível encontrar ao menos um trio elétrico defendendo os interesse de trabalhadores... possibilitando e/ou provocando danos aos prédios tombados ali no entorno. E ainda temos os fogos na porta de igrejas tombadas, depois dos casamentos. Quem resolve esses abusos?

A poluição sonora dos trios elétricos que ocupam durante o carnaval a Av, Tamandaré, que é entorno de área tombada, não conta? E o que faz o Arraial do Pavulagem na área  tombada em defesa do patrimônio, com seus tambores??? Será que ambos respeitam os 50/55 decibeis previsto nas normas nacionais?  

A somatória dessas manifestações na área tombada é um acinte ao que estabelecem as leis numa sociedade que se diz democrática.

Na luta contra a poluição sonora a SEMMA para justificar determinadas posições que para nós parecem ser “anti-patrimônio” fala de “infralegalidade” das normas do CONAMA e da ABNT relativamente aos decibéis estabelecidos para os ambientes externos. Que ajuda fornece, desse jeito, à defesa dos prédios tombados e aqueles de privados cidadãos? Para quem vive na área tombada até esses 50 decibeis já são muito, imaginem suportar os 100 decibeis, ou mais,  das manifestações acima citadas.

Inúmeras são as incongruências que vemos acontecer sem que nenhum confronto seja feito com a cidadania... Na Cidade Velha tem uma Associação que a defende e  é  ignorada mesmo se próprio a Câmara de Vereadores a reconheceu de Utilidade Pública, com lei n. 9368 de 23 de abril de 2018... Será medo?  De quê, se nos baseamos nas leis...

Desculpem a sinceridade, mas não somos cegos nem surdos: vivemos concretamente todo tipo de ... poluição.


 *o artigo foi retirado do arquivo do jornal. Tentem este:

- https://dol.com.br/entretenimento/cultura/543087/palacete-pinho-memoria-de-belem-caindo-aos-pedacos?d=1&fbclid=IwAR0qY94mDsEgSMoUPEYJSR-6JBR43pzuTz2vAvTE5FXlDlCw9ju9yt44hNk

-  ou por aqui... https://www.google.com/amp/s/dol.com.br/entretenimento/cultura/543087/palacete-pinho-memoria-de-belem-caindo-aos-pedacos%3f_=amp

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

VALIDADE INDEFINIDA...


O Pacto do Pará – via PPP
Volto a escrever. Volto a semear.

Após a mudança da cor da bandeira política de nosso Estado julgo oportuno provocar novas reflexões sobre o atraso, o sofrimento, a desigualdade social que continua cobrindo a grande maioria do povo paraense. Os que saem, apesar das esperanças plantadas, não conseguiram soltar as amarras que nos prendem no fundo do poço. Por quê?

Obras como a Estação das Docas, lindo espaço gourmet, o Onze Janelas, aprazível bar-restaurante, o Mangal das Garças, um teatro colorido de borboletas e iluminado pelo farol-brinquedo (cujo palco é mais um restaurante), e o Hangar, Centro de Convenções, não foram e não serão ferramentas para cortar nossas amarras. No mais, tais obras poderão ser analgésicos para nossa dor, soníferos para que o povo continue dormindo.

É hora de acordar.
Quanto o Estado gastou para fazer as belas obras? Qual o retorno que os investimentos trouxeram para a população? Qual o percentual da população que está usufruindo de tais obras? Qual a relação de empregos gerados por cada mil reais investidos? Quem participou da decisão de fazer tais obras? Qual a despesa mensal para que o Governo mantenha tais obras?
Será que os milhões gastos em obras do tipo que exemplificamos não seriam mais bem aplicados se o fossem na construção de redes de esgotos, na melhor remuneração dos professores?

Lembro-me que há cinqüenta anos, quando meu pai levou-me para estudar em Portugal, na aldeia (pequeno lugarejo) onde minha mãe nasceu, não existia água encanada nem esgotos. Hoje talvez não erre ao dizer não existir vilarejo em Portugal que não tenha suas casas servidas por água tratada e esgotos. E Belém? Será que 10% das habitações coletam seus esgotos em uma rede segura? Posso dizer, sem medo de errar, que Belém hoje tem menos esgotos por habitação do que há cinqüenta anos. Sinto vergonha quando tenho que falar sobre esta nossa realidade.

Eu faço parte da minoria que pode usufruir das obras referenciadas, “ilhas”, cartões postais, cuja cores de fundo são menores e mães pedindo esmolas ou desempregados vendendo drogas ou contrabando. Felizmente, sim felizmente, ainda não é possível construir tais “ilhas” em bolhas estanques onde o mosquito da dengue e outros produtos da irracionalidade humana pudessem mitigar somente os pés descalços.

O mosquito da dengue, o assaltante, o seqüestrador, são produtos sim da má ação, dos maus gastos, do Governo. Um dia eles irão nos fazer acordar, quem sabe um pouco tarde para evitar traumas mais sérios em nossa sociedade.

Da mesma forma que rejeito a distribuição de bolsas (esmolas) pelo Governo, condeno o uso de dinheiros públicos para obras faraônicas e obras que a iniciativa privada devia empreender. Se a iniciativa privada não as faz é certamente porque o mercado, o povo, não está pronto para recebê-las ou porque os Governos não são competentes e transparentes para promovê-las. O Governo-Vaca é algo que deve ser extinto. Tetas foram feitas para dar de mamar. Dinheiro público devia ser priorizado para a educação, para a saúde pública, e nunca para restaurantes. Cabe a qualquer Governo decente, justo, ensinar seu povo a pescar, a empreender. Governo competente, moderno, protege seus filhos das pragas, das doenças.

Não concordo com aqueles que argumentam que se tais obras, que aqui trago como exemplo, não fossem feitas com dinheiro público, do povo, nunca seriam realizadas. Posso provar que tal é balela.

Onde você leu, viu, que construir restaurantes, bares e até mesmo um Centro de Convenções só pode ser feito com dinheiro público? Posso garantir que outras formas, vias, existem para ser empreender tais obras.

A via PPP- Parceria Pública Privada, é a ideal. Os exemplos estão aí. Por que até agora o Pará não conseguiu viabilizar tal via? Culpa dos empresários ou dos Governos? Deixo que você responda.

O Pará, Belém, precisa de um Pacto. O Governo precisa experimentar a via PPP.

VALDEMIRO GOMES
Publicado em 06.08.2007


OBRIGADA, AMIGO, POR ESSAS SEMENTES QUE NOS PROPÕENS DE VEZ EM QUANDO.
É preciso, SIM, priorizar o dinheiro público para as necessidades básicas da população.  Escola, saúde e saneamento, são, com certeza, a prioridade nessa nossa terra... COMO ESQUECER ISSO?

terça-feira, 30 de agosto de 2022

TURISMO EM BELÉM


Belém, reconhecida como porta de entrada da Amazônia, deveria se perguntar o quê atrai os turistas para nossa cidade.

Sabemos que grande parte dos brasileiros gosta de praia, mas isso não deveria ser generalizado aos turistas do mundo inteiro. Turismo religioso, também, não deveria ser aplicado a festividade de uma santa apenas, que dura poucos dias de um mês. Falar de turismo alimentar é outra vertente equivocada se não fizer parte de um complexo de outras motivações, mesmo se o nosso patrimônio gastronômico sendo muito peculiar, levou a reconhecer Belém pela UNESCO desde 2018 como uma Cidade Criativa da Gastronomia.

O que leva um lugar a chamar a atenção do turista? Os recursos e atrações que a caracterizam e a distinguem no cenário mundial, com certeza. Não uma única, mas um conjunto delas, de modo que o ano inteiro exista motivo para visitá-la. 

Quem sustenta mais turismo atualmente? O turismo que gera mais riqueza é aquele constituído por pessoas da terceira idade e de média e alta renda. Aqueles que podem viajar em qualquer mês do ano, não somente durante as férias escolares dos filhos ou do trabalho. Isso já diferencia o tipo de turismo a ser oferecido e o custo. O dos jovens, é normalmente, menos custoso, principalmente no exterior, onde em vez de viagens de prazer, dão mais atenção a programas de estudo, intercâmbio cultural e trabalho no exterior; e viagens para fazer voluntariado.

Numerosas, porém, são as vertentes do turismo ultimamente.

- O turismo de praia, é considerado por excelência, o TURISMO DE MASSA. A ele, entretanto, além de sol e praia precisa oferecer condições de outras atividades paralelas e  ao ar livre, que possam reter os turistas por mais dias. 

- O turismo cultural cuida de descobrir/mostrar o patrimônio cultural, material e imaterial de um determinado destino. Aqui não se trata somente de monumentos, mas religiosidade, gastronomia, práticas, costumes e muito mais.

- Turismo verde, conhecido também como turismo rural, é uma nova tendência e é correlata com a preservação do meio ambiente.

- Agriturismo: é também conhecido como turismo agrícola e pode ser incluído no âmbito do turismo rural. O empreendedor agricola oferece ao turista, na sua propriedade, hospedagem e refeições, utilizando produtos originários do próprio local, constituindo inclusive uma parte cultural.

- Turismo Religioso é a forma de viajar motivada pela fé, credos e, espiritualidade, devoção ou interesse em conhecer a herança da arte sacra, também.

- Turismo de retorno: ir descobrir as próprias origens. Os netos de japoneses ou italianos, por exemplo, procurando suas origens.

- Turismo solidário é aquele que, além de conhecer o lugar para onde se vai, atende o interesse de ajudar outras pessoas e o ambiente dali.

Belém pode oferecer tudo isso, mas quem para aqui vem, quer conhecer o "pulmão do mundo". Conhecer a Amazonia para o turista é ver nossas florestas, rios, igarapés... Patrimônio material histórico, como as igrejas de Landi, ainda que tenham grande relevância regional e até nacional, não parece ser o foco principal de turistas, principalmente europeus.  Aparentemente, o que mais atrai esse segmento de turistas são os elementos da cultura autóctone, os povos originários como as tribos indígenas que aqui se estabeleceram por milênios, e deixaram alguns raros vestígios materiais, mas estão impregnados em muitos dos hábitos e costumes das populações atuais, inclusive na linguagem.

Ao optar em vir para cá, o quê interessa a muitos, é a nossa cultura original; são os produtos da floresta; é a natureza diferente, com suas especificidades de zona equatorial. Fundamentais, portanto, visitas ao Museu Emílio Goeldi e ao Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves, muito mais do que sentar em calçadas para cheirar a poluição produzida por nossos anacrônicos meios de transporte..., e bebendo bebidas estrangeiras.

A maior parte dos turistas, aproveita para visitar a cidade, andando a pé... E nossas calçadas dificultam muito a caminhabilidade, principalmente na área tombada. Nos orgulhamos em mostrar as casas azulejadas e os casarões do ciclo econômico da borracha, mas ainda não há disponível em Belém uma representação de “casa de indio”, ou de uma aldeia típica de povos indígenas. 

Quem busca algo originalmente indígena, não encontra com facilidade. Temos áreas verdes abandonadas onde a nossa cultura indígena poderia ser representada, ou seja, mostrada aos turistas. O Parque Ecológico do Município de Belém (PEMB), Gunnar Vingren, fragmento de floresta nativa no município de Belém, em alguma parte já parcialmente desflorestada, poderia exibir exemplos da  nossa ancestralidade... Esse parque encontra-se abandonado pelo poder público, e sofre enorme pressão de invasões e ocupações irregulares. Alí,  ocas e malocas podiam encontrar endereço...em vez está, como se diz "ao...Deus dará".

Calçadões para vender cerveja, necessariamente, não atraem turistas estrangeiros. O sol, o calor, a chuva e ..., a poluição do ar, estão no rol de motivos que demonstram uma opção que deveria ser melhor estudada e avaliada a sua conveniência. Tais mesas ao “ar livre” não são exatamente um elemento atrativo para turistas decidirem visitar à Amazonia.

Esse tipo de estrutura pode constituir-se em uma alternativa de lazer para a população local que gosta tanto de passear na Praça Batista Campos, em cujas vias próximas transitam cerca de 40 linhas de onibus urbanos poluindo o ar, e os pulmões dos transeuntes...

O turista estrangeiro médio vem para cá, na expectativa de respirar o ar que a nossa floresta deveria oferecer ao mundo..., e quem sabe, aprender a beber açaí.


sexta-feira, 12 de agosto de 2022

BELEM 300 ANOS...

 

Recebi este "presente" do Dr. Clovis Carneiro. O autor é seu primo Guaracy de Brito Jr.e foi publicado há alguns anos em O Liberal. Para amenizar a jornada.

"BELÉM 300 ANOS

A festa de aniversário de Belém foi do arromba. Durou cem dias. Todos chegavam e cantavam para a moça parabéns para você a hora que queriam, quantas vezes quisessem. Ela não bebia por causa de religião, não fazia diferença, dançava, abraçava os convidados, dava gargalhada, dançava, com um vestido de concreto armado. Usava também uma pulseira de prata inspirada na rotatória do entroncamento. Fizeram um bolo imenso para a festa, estampado com o mapa da cidade tirado do Google. Dava para ver tudo da moça, as invasões, as estivas, o traçado alucinado das ruas. Crianças tentavam descobrir a própria casa, tira a mão da Cremação, alguém gritou. Molecada gostou mesmo foi da hora em que o engolidor de fogo veio acender a vela que era um canhão do Forte do Castelo, BUM!! O tirou errou a baía do Guajará e foi bater no Theatro da Paz.

Não sei se foi o forno, se foi a massa, o fato é que, minutos depois, o bolo de cem metros sentou. Mandaram trazer outro correndo, saíram de van clandestina, pegaram na casa da mãe do Fortunato, bolo decorado com uma parada de ônibus, tinha doido e tudo, sentado, era a vela. Belém olhou para aquilo, balançou a pulseira de estilo caótico e, na frente de todo mundo, envelheceu 300 anos. Palmas para ela! Deste momento em diante, as horas voaram como balões. Teve distribuição de DVD pirata de tecnobrega, foguetório com assalto relâmpago, discurso de político na língua do P, desfile da aniversariante que mostrou todo seu charme e beleza andando sobre um tapete de entulhos sortidos, presentes da população. Mesmo bem-vestida e com o convite nas mãos, a tristeza foi impedida de entrar na festa. No jornal, tem uma foto de Belém alegre como um paneiro ao vento.

Você pode dizer, não é uma pessoa séria este cronista, gracinhas numa hora dessas. "


kkkkkk, OBRIGADA...ainda tem muita parecência com a atualidade.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

FELIX ROCQUE...

 08/08/1959 morria Felix Rocque: mas quem foi essa pessoa que virou nome de rua

Em homenagem ao dia dos Pais, aqui vai esta lembrança.(*)

“Felix Rocque, que nasceu menino pobre em Belém a 15 de Agosto de 1908, com sacrifício concluiu o curso primário, ao mesmo tempo em que exercia a profissão de balconista.
(Uma correção: ele nasceu no navio que trouxe seus pais do Libano, enquanto esperavam o técnico da barra, que devia trazer o navio para o porto de Belém).
Não chegou a concluir o curso ginasial.
Felix foi um condoreiro, tal o arrojo de suas idéias. Nos anos trinta o jogo era legalizado e, assim sendo, Felix obteve a concessão para explora-lo.
No Grande Hotel – ali na praça da República – instalou o seu Palácio Cassino nos moldes do da Urca, Atlântico e Quitandinha. Enquanto ali se praticava a tavolagem, assistia-se a esmerados espetáculos musicais.
Mas, foi na parte profana da Festa de Nossa Senhora de Nazaré que Felix Rocque empolgou
Nos terrenos baldios (bons tempos) no largo de Nazaré (praça Justo Chermont), onde hoje estão localizados um banco e a vila Leopoldina, Felix construía os seus teatros descartáveis – terminada a quadra nazarena eles eram desmontados – onde a fina flor do rádio carioca e paulista se apresentava.
Durante 20 anos, Felix Rocque foi o imperador dos espetáculos musicais e teatrais da quinzena nazarena, e mesmo depois de ter perdido a concessão do jogo para João Baltazar, continuou insuperável na apresentação de seus espetáculos.
Inquestionavelmente, a parte profana da Festa de Nazaré foi enterrada com o seu criador no dia 8 de agosto de 1959, data da morte de Felix Rocque.
Foi através do projeto de lei do vereador Amado Magno e Silva que a Câmara de Vereadores de Belém, sob a presidência do edil Olavo Nunes, aprovou, poe unanimidade, a troca do nome da rua da Vigia para Felix Rocque.
Corria o ano de 1960
A rua Felix Rocque foi a quinta rua aberta em Belém e isso há muito tempo.
(Cf. JOSÉ VALENTE, in A História das Ruas de Belém – Cidade Velha, ed. CEJUP, 1003, págs. 21/24).
Pode ser uma imagem de 1 pessoa

(*) Foi meu pai... mas eu fui criada por minha mãe e minha avó materna. Não tenho nenhuma lembrança de meu pai em casa, isso porém não tira seu direito de Pai....e do que ele fez na sua vida a ponto de virar nome de rua... longe dos filhos da sua segunda mulher.

sábado, 30 de julho de 2022

DIVULGAÇÃO DA NOSSA CULTURA...

 ... aqui e no  exterior.

Tive a oportunidade de ver o vídeo abaixo e descobrir uma pessoa fora  do comum. https://youtu.be/6j67q96hEgM  

 Trata-se do Sr. Edinelson Castro, que, com sua Casa Memória em Ponta de Pedras, surgida em 1999, tenta resgatar a historia do seu município. Vive na ilha do Marajó, como viveu o Padre Giovanni Gallo seu precursor  na defesa da nossa historia e da nossa memória em Sant Cruz do Arari. 

Ambos tiveram a ajuda da comunidade... De fato receberam da população objetos de todo tipo para a coleção que ambos tiveram a ideia de fazer.  Peças de madeira, de ferro, de cerâmica, de vidro, mas também fotos, quadros e todo tipo de objeto que traga a memória algo do passado



Ele e seus apoiadores constituíram uma associação e recentemente estiveram na sede do Iphan apresentando a Casa da Memória de Ponte de Pedras e suas necessidades. Todas pessoas simples que abraçaram essa ideia e que com muita fadiga a mantém em pé.





Essa ideia, aqui no interior do Estado, é um exemplo a ser seguido e apoiado pelas instituições. É mais um modo de salvaguardar e defender nossa história, nosso passado.






Isso me trouxe em mente quem divulga, concretamente, nossa cultura musical no mundo inteiro. Não falo dos famosos que cantam em teatros e são pagos muito bem... falo de quem canta na rua, em bares, restaurantes e que no verão se apresentam em praças de cidades que não chegam a ter nem dez mil habitantes, mas que no verão duplicam com os turistas, que não teriam nada para fazer sem esses espetáculos.

As vezes formam grupos e, num onibus, rodam o interior de países europeus, levando a nossa música, nossos ritmos, instrumentos  e danças diferentes para longe do Brasil, muitas vezes sem alguma ajuda pública.

Eu mesma participei  no inicio deste século, de um festival que falava do Brasil em Bolonha na Italia. Onde arranjar dinheiro para fazer a publicidade, os banners, os convites e... pagar os músicos e cantores. Era um corre-corre. Consegui uma igreja de 1600 no centro de Bolonha e organizei uma mostra fotográfica sobre o Landi... mas quem pagava a  reprodução das fotos?

Acabei organizando também o primeiro Círio de Nazaré, na Italia. Isto foi possível porque a família Huhn, da revista Pará +, ofereceu uma imagem da N. Senhora de Nazaré facilitando assim, a procissão. Tres padres italianos que tinham vivido em Belém, rezaram a missa. A cantora Ivete Souza, paraense, hoje residente na Italia e grande difusora do que é nosso, cantou o Lirio Mimoso, ajudada pelas outras três paraenses que estavam la. A emoção foi grande, mas a ajuda monetária de algum órgão publico brasileiro não foi nenhuma.

Hoje, esse  festival continua e outros mais são organizados por brasileiros nas cidades de praia, e os nossos músicos que já vivem na Italia, dão vida a um série de manifestações  sobre nossa cultura, totalmente desconhecidas e ignoradas por aqui.

O esforço desses ilustres desconhecidos que “defendem”  permanentemente e em algum modo nossa cultura, nossa história, nossas comidas, aqui, ou la fora, deveria ter um reconhecimento.

 

terça-feira, 19 de julho de 2022

SALINAS: DUAS OPINIÕES A CONFRONTO

  Valdomiro Gomes,  escrevia isto, no  dia 5 de agosto do ano 2000: há 22 anos atrás.

Um cidadão, amante de Salinas.

As férias chegaram ao fim, com o stress aumentado para muitos. Veranistas de Salinas queixam-se, com razão, do caos da praia do Atalaia. O desfile das formas graciosas foi substituído pelo desfile das marcas de carros. As saudáveis partidas de frescoball, de vôlei, de futebol, tiveram que ser canceladas, substituídas pelos shows das poluentes máquinas. As alegres crianças foram proibidas de correr, brincar, construir seus castelos nas areias para que ele, SR. carro, pudesse trafegar (desfilar) ou estacionar (bronzear-se) entre os espremidos sombreiros e espreguiçadeiras.

Leio notícia que o Governo ultima estudos para duplicar a estrada do Atalaia e fazer uma avenida marginal à praia. Será verdade ?

Em 1995, pude recomendar aos administradores públicos o livro de David Osborne e Ted Gaebler Reinventar a Administração Pública, no qual é proposto que a propriedade e controle das instituições de serviços públicos passem das mãos de banqueiros e profissionais do governo para a comunidade e indivíduos.

Nos Estados Unidos existem hoje mais de um milhão de organizações sem fins lucrativos ativas no setor social, representando cerca de um décimo do PNB. As referidas organizações já são hoje as maiores empregadores nos Estados Unidos, orgulho da comunidade, marca da verdadeira cidadania e o restauro da responsabilidade cívica americana.

Na língua inglesa existe o vocábulo subject : súdito, aquele que está sujeito às leis do reino, obrigado a submeter-se aos deveres que lhe são impostos, mas existe também um vocábulo citizen 😮sujeito de deveres e titular de direitos . É hora do brasileiro deixar de ser sujeito (súdito) para ser cidadão (participativo). Não nos cabe somente reclamar. A hora é de participar.

Será que a população, a comunidade, o cidadão, não tem outras prioridades ? Será que a iniciativa privada não pode encontrar a solução para o problema de uma minoria que pode ir à praia de carro? Será que existe dinheiro público sobrando ?

Como não mais sou menor, não nasci para ser escravo e desejo continuar sendo cidadão, amante de Salinas, trago, não a crítica destrutiva, e sim, uma semente, uma sugestão, objetivando motivar a necessária reflexão, discussão, da comunidade . O futuro de nosso país não mais pode estar delegado aos burocratas ou aos mandos e desmandos do poder que ainda não apreendeu a sentir as reais carências de nossa população.

Acredito que a iniciativa privada poderia se interessar por construir e explorar estacionamentos, construídos por traz das dunas, interligados via um sistema de transporte coletivo, também operado pela iniciativa privada, do tipo que é visto no parques da Disney, feiras de exposição, e outros espaços onde o carro é obrigado a ficar longe. O veículo que idealizo seria um trator-trem (o tratorsal) de rodado espacial, permitindo seu tráfego pela areia da praia. O modelo para se tornar solução terá que trazer, entre outros predicados, o tão necessário emprego à população local e não destruir o equilíbrio do meio ambiente.

 Um primeiro modelo, visando a atual descentralização do tráfego da atual rodovia do Atalaia, poderia ser pensado via criação de um estacionamento na cidade e uma leve ponte interligando referido estacionamento à ponta esquerda da praia do Atalaia, a mais bonita e hoje quase inacessível .

 E hoje ?

Avelino Vanetta Do Vale, escreve isto em reposta a lembrança de Valdomiro.

Há 22 anos... De lá para cá, em Salinópolis, tudo piorou. A poluição alastrou-se. Começou pela água da fonte do Caranã, comprometida pela proximidade das fossas residenciais. E culmina agora com a poluição das águas da beira-mar pelos dejetos das barracas ao longo da praia do Atalaia, desprovidas de sistemas de esgoto sanitário e de abastecimento de água potável. Afora, obviamente, a sujeira na areia da praia.

Como ter tranquilidade entre carros a circular e permanente poluição sonora? Por mais otimista que se possa ser, é cada vez mais difícil acreditar em uma solução valorativa de Salinópolis. Prefeitos têm medo de perder os votos da população local. Governadores se sucedem e nada de instituirem pelo menos um fórum em que se possa discutir e encaminhar propostas em prol do bem comum.

O Turismo receptivo no Pará regride, sob vários aspectos, nas três áreas desde os anos 1980 definidas como prioritárias para fomento estatal, a costa atlântica, o arquipélago marajoara e o médio-Amazonas. No Tapajós, o mercúrio dá medo. Santarém já teve um Torneio Internacional de Pesca do Tucunaré, que ia bem, mas acabou antes de chegar a ser pouco mais que regional.

A culinária tradicional, com a extraordinária variedade de peixes e derivados perdeu força de atração, por causa da mercuriarização do azul ciano, que de tanta lama revirada pelas dragas nos afluentes das cabeceiras já assustou com mudança de cor. O Tapajós, sabe-se, é um dos poucis riis azuis do mundo. Com o desgaste na cidade polo, sofrem os municípios do entorno, o turismo nas pinturas rupestres de Monte Alegre, em Faro, com a magia da lenda das Amazonas, em Oriximiná, com as belezas naturais do Trombetas.

O Festival do Çairé (sic) nem se compara ao Festival de Parintins em presença de turistas sstrangeiros e nacionais. No Marajó, a imemorial Folia de São Sebastião, até onde sei a mais extensa e mais original do país, igualmente permanece com o potencial de atração turística subestimado pelo poder público.

Excelente que o governo do Estado tenha dado a devida atenção ao Museu do Marajó. Mas Dalcídio Jurandir, o escritor que nos 10 romances do chamado ciclo do Extremo-Norte, com o registro do fascinante Falar Amazônico do Norte, é referencial para nós, amazônidas do rio-mar, como Guimarães Rosa o é para os nordestinos, continua desconhecido da juventude na terra natal dele, Ponta de Pedras, e em Cachoeira do Arari.

Em Cachoeira, o chalé celebrizado nos romances iniciais que o projetaram, ao invés de ser transformado em centro cultural, talvez já nem exista. Museu, folia de santo, literatura não são vistos pelos governantes como um conjunto, e, como se sabe, uma andorinha só não faz verão. Ainda bem que temos o Círio de Nossa Senhora de Nazaré. E é sempre bom lembrar que, graças a Carlos Rocque, temos o Círio em duas versões, em terra, e nas águas, por ele criado quando foi presidente da Paratur.

De volta a Salinópolis: como era bom quando não havia a ponte para o Atalaia, onde só se chegava de barco. A beleza era tanta que em 1968 inspirou o grande pianista belenense Guilherme Coutinho a compor uma linda canção de título "Atalaia", uma das mais bonitas do cancioneiro parauara. Na areia do Maçarico, havia conchinhas, pequenas estrelas do mar e cavalinhos marinhos.


DÁ ATÉ SAUDADES, NÉ?

... E TANTA TRISTEZA, TAMBÉM.


DEPOIS DE UMA FESTA 

@gabirrds